Entidades representativas da América Latina e Caribe durante VII Encontro Realcup

Na quinta-feira, 25, diversas entidades representativas do ensino superior de países da América Latina e Caribe participaram do VII Encontro Realcup, realizado pela primeira vez no Brasil, na sede do Semesp, em São Paulo. Vários temas relevantes ao ensino superior foram discutidos em apresentações dos membros da Rede de Associações Latino-americanas e Caribenhas das Universidades Privadas.

Um dos temas apresentados foi a diversidade das instituições de ensino superior e o que pode ser feito para se garantir a qualidade da educação diante desse cenário de pluralidade de portes e visões. Dentro do tema, o diretor Jurídico do Semesp, José Roberto Covac, apresentou um pequeno histórico relacionado à diversidade das IES no Brasil, partindo de 1988 até os dias de hoje. Covac pontuou o ano de 1996 como um marco para a diversificação das instituições de ensino do país. Ele destacou a legislação que permitia a criação de faculdades e centros universitários e algumas demandas do Fundo Mobiliário Internacional (FMI), como a melhoria dos indicadores da educação do país, para a concessão de empréstimos como fundamentais para essa diversificação atual.

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Durante a apresentação, Covac criticou ainda a falta de uma política de educação perene para a educação no Brasil e explicou como é feito a avaliação da qualidade do ensino superior no país. “Mesmo com falhas e questões políticas que emperram o setor, o Brasil conseguiu nos últimos anos criar ciclos e processos de avaliação e credenciamento das instituições de ensino que procuram levar em consideração as características diversas dos vários tipos de IES existentes no país”, disse.

Sobre o mesmo tema, a secretária Acadêmica da Realcup, Ariana De Vincenzi, destacou que o perfil dos profissionais do século XXI está mudando e as instituições de ensino superior precisam estar alinhadas a essas transformações advindas de um contexto mais amplo ligado à globalização e à Revolução 4.0. “As IES precisam considerar novos desafios como a necessidade do mercado por habilidades mais flexíveis, dinâmicas e interativas”, afirmou. “Novas questões como a educação não formal e informal devem ser pensadas, bem como a necessidade da equivalência e reconhecimento de tipos de titulação a partir da internacionalização de estudantes, professores e profissionais”, concluiu.

Para Ariana, entre os principais desafios para que as IES assegurem a qualidade da educação superior diante da questão da diversidade está a criação de acordos regionais sobre práticas que garantam essa qualidade, o desenvolvimento de um sistema de reconhecimento da educação não formal e informal e a implantação de um modelo educativo baseado em competências.

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Fomento para IES privadas

Ainda na quinta (25), Rodolfo De Vincenzi, presidente CRUP (Conselho de Reitores de Universidades Privadas), apresentou um projeto de lei que está sendo discutido na Argentina que cria condições fiscais para o desenvolvimento das IES privadas no país. Além dos procedimentos e formas de transparência e controle estabelecidos pelo projeto de lei, Vicenzi detalhou a política, que busca o fomento do setor produtivo privado interessado no incentivo da melhora da produtividade.  “O objetivo principal do projeto de lei é incentivar o financiamento e mecenato privado de pesquisa científica e tecnológica aplicadas às IES, por meio de benefícios fiscais para o aporte de recursos”, citou. Rene Polo Salinas, presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas (ANUP), também detalhou os incentivos fiscais para pesquisa recebidos pelas IES bolivianos.

Alfabetização tecnológica

Na sexta-feira, 26, um dos temas discutidos durante o VII Encontro Realcup foi a alfabetização tecnológica e quais os papéis das universidades para incentivar uma experiência qualificada dos usos da tecnologia nos processos de aprendizagem. Para o presidente da Associação dos Reitores do Caribe e das Américas (ARCA), José Holguín, as IES devem estar atentas ao novo cenário digital para alfabetizar não apenas seus estudantes, mas também os docentes.

“É importante alfabetizar alunos e professores para a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de competências e habilidades para que os profissionais possam realizar efetivamente tarefas em um ambiente digital”, disse em sua apresentação. Em seguida, ele citou uma série de universidades em Porto Rico, República Dominicana, México, Colômbia, Chile e Peru que já estão implantando processos que inserem a alfabetização tecnológica e desenvolvendo aplicativos e plataformas que conectam alunos e professores para a geração de informações e relatórios e a criação de novos ambientes formativos.

Rodrigo Capelato, diretor Executivo do Semesp, apresenta dados sobre a evasão no ensino superior durante o VII Encontro Realcup

O problema da evasão

Uma análise comparada da problemática da evasão nas IES foi o tema da apresentação do diretor Executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, que encerrou o segundo dia (26 de abril) do VII Encontro Realcup. Segundo Capelato, o problema de evasão é mundial e tem atingido tanto instituições de ensino superior das redes privadas e públicas.

A partir dos dados do Censo do Ensino Superior, divulgados pelo Ministério da Educação, o diretor Executivo do Semesp contextualizou o cenário atual do ensino superior no Brasil e elencou alguns problemas que são as principais causas dos altos índices de evasão no país: renda familiar, ensino fundamental e médio deficientes, alunos que ingressam em cursos porque estes são mais fáceis e não por questões vocacionais, entre outros.

Rodrigo Capelato também destacou algumas questões que justificam os maiores índices de evasão na modalidade do ensino a distância. “Segundo dados do Censo da Educação a Distância, colhidos pela Associação Brasileira de Educação a Distância (EAD), são vários os motivos apontados para a evasão na modalidade, não apenas uma questão financeira”, disse ele. “Mas fica claro que um dos maiores problemas é que o modelo é complicado e precisa ser revisto porque as IES estão apenas reproduzindo o modelo presencial no EAD. Os alunos são atraídos pela flexibilidade e baixo custo, mas não conseguem acompanhar os cursos”, explicou.

Entre alguns pontos elencados pelos participantes como possíveis soluções para minimizar os índices de evasão estão a implantação de softwares que preveem, por meio de informações, o comportamento dos alunos em relação à evasão; a criação de ações e programas de pertencimento realizados pelas IES para fidelizar os alunos; a contratação de equipes focadas menos na captação e mais na evasão; e a abertura dos currículos dos cursos permitindo que os alunos possam escolher diferentes trajetórias acadêmicas.