Como fazer valer a avaliação docente com a participação de alunos e coordenadores para melhorar a própria avaliação institucional

por Sergio Enrique Faria

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O processo avaliativo do ensino superior brasileiro, determinado especialmente pela lei do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), se utiliza de uma série de instrumentos como autoavaliação institucional, avaliação institucional externa, Enade, avaliação das condições de oferta dos cursos de graduação e instrumentos de informação, como censo e cadastros. Tais dimensões servem para avaliar os cursos e as instituições de ensino superior, assim como os seus respectivos processos de autorização, reconhecimento e renovação.

Além da exigência do MEC, a busca contínua pela melhoria na qualidade dos serviços oferecidos pelas instituições torna a avaliação institucional e a autoavaliação prioridades para o desenvolvimento do ensino superior. Uma parte importante disso está também na avaliação dos professores, que, infelizmente, nem sempre é realizada de maneira correta pela instituição de ensino, ocasionando distorções, descontentamento e desmotivação tanto dos professores avaliados, quanto dos alunos que os avaliaram.

Entre os objetivos da avaliação de professores é preciso considerar a satisfação dos alunos com o corpo docente; identificar professores com maior e menor índice de satisfação; levantar os pontos fortes e pontos a serem melhorados em cada professor; comunicar ao professor os resultados e, assim, trabalhar para motivar e melhorar o corpo docente. A avaliação, porém, não deve ter caráter punitivo e nem deve ser encarada pelo professor como uma forma de ameaça. O ideal é que o professor veja na avaliação uma oportunidade de ter um feedback de suas aulas, conhecer suas principais virtudes como professor e os pontos que pode melhorar ainda mais. Para uma avaliação bem-sucedida, é importante ainda observar que o instrumento ou forma de avaliação pode interferir de maneira significativa no resultado dela, sendo assim imprescindível refletir sobre qual é a melhor para cada instituição.

A avaliação realizada pelos alunos é cercada de polêmicas. Há quem diga que o aluno não tem conhecimento, maturidade ou competência para julgar o trabalho do professor. De fato, em uma sala de aula, normalmente encontramos perfis variados de alunos que vão dos mais responsáveis aos completamente imaturos. Contudo, ainda sim é importante ouvir a opinião do grupo. Uma alternativa é realizar reunião com o representante de classe, que poderá relatar o entrosamento do professor com a turma e possíveis problemas. Outra forma mais frequentemente utilizada é a aplicação de questionários, que podem ser disponibilizados durante um período preestabelecido no próprio sistema da faculdade e respondidos pelos alunos em qualquer computador dentro ou fora do campus. A vantagem do uso dos questionários eletrônicos é muito grande em relação às entrevistas com os alunos representantes. Talvez sua implantação dê um pouco de trabalho no início, mas os benefícios são notáveis e permanentes.

A avaliação de professores realizada pela coordenação pode ainda incluir a participação das secretárias que estão sempre em contato com os professores. Dessa forma é possível completar a avaliação realizada pelos alunos.

Uma boa avaliação docente deve contemplar vários aspectos. Para cada um deles o aluno pode atribuir notas de 0 a 10. Após serem tabuladas, essas notas podem gerar índices percentuais a serem usados para controle, feedback e ações de melhorias.

E tão importante quanto a avaliação é o feedback que o coordenador vai oferecer ao professor. Rotular o docente como problemático ou incapaz para ensinar é um erro, assim como apresentar pareceres limitados, dizendo simplesmente “você está mal avaliado” ou “suas aulas não estão boas”. Nesses casos a avaliação servirá apenas para desmotivar o professor e piorar ainda mais a situação.

O feedback correto é aquele que transmite força para o professor melhorar. Uma boa técnica é a chamada “feedback sanduíche”, a qual pode ser seguida em três passos: 1) primeiramente o coordenador diz para o professor somente o que ele fez bem feito, 2) em seguida o coordenador deve salientar o que ele poderia fazer de maneira diferente para obter um resultado ainda melhor, 3) por último o coordenador deve fazer um comentário geral positivo ou colocando em destaque o melhor ponto do trabalho. Destacar o positivo e citar o que poderia fazer para melhorar são pontos fundamentais do feedback. Assim, ao focalizar as coisas positivas, o coordenador vai perceber a melhora do professor nas próximas avaliações.

Caro coordenador, que tal agora avaliar a sua avaliação de professores?