Lúcia Teixeira, presidente do Semesp e da MetaRed Brasil, e coordenador Global da MetaRed, Tomás Jiménez García, durante V Encontro MetaRed Global, que aconteceu no Rio de Janeiro nos dias 20 e 21 de setembro

*Por Acyr Méra Júnior

Lúcia Teixeira, presidente do Semesp e da rede MetaRed Brasil, participou, nos dias 20 e 21 de setembro, da quinta edição do Encontro MetaRed Global e MetaRed Brasil, que foi realizado na sede da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Após um hiato de quase três anos, causado pela pandemia, o evento que reúne reitores e representantes de universidades ibero-americanas promoveu uma rica troca de experiências, com debates primordiais em torno da Educação Superior.

“Justamente por termos demorado tanto para nos reunir, essa edição se faz tão fundamental”, disse Lúcia Teixeira durante o evento. “Aqui, alinhamos as macroestratégias lançadas para 2022, 16 ao total. Além disso, alinhamos atividades com o objetivo de atualizar as universidades brasileiras sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação”, continuou. “Tudo isso, oferecendo soluções para questões urgentes como cibersegurança, a evasão causada pela pandemia, a melhoria nas ações das universidades em setores como desenvolvimento sustentável, com apoio a ações globais de inclusão e de gênero, a acessibilidade de portadores de necessidades especiais, além da fomentação de um grupo de mulheres participantes na área de TI, foram alguns dos pontos altos dos debates”, resumiu.

Além de Lúcia Teixeira, o encontro contou também com a participação do diretor de Inovação e Redes do Semesp, Fábio Reis. O evento foi conduzido pelo coordenador Global da MetaRed, Tomás Jiménez García, que destacou a importância do Brasil na contribuição da definição das linhas estratégicas da rede.

Lúcia Teixeira fala na abertura do V Encontro MetaRed Global e MetaRed Brasil

Na entrevista a seguir, Lúcia Teixeira faz um balanço do V Encontro MetaRed Global e MetaRed Brasil. “É valioso constatar que nós, aqui no Brasil, no Semesp e nas nossas universidades como um todo, temos pontos de avanços significativos em relação a outros países”, afirma.

Faz tempo que não tem um encontro com presidentes da MetaRed. Do último encontro para esse, o que mudou no cenário da educação brasileira?

Há dois anos e meio, por causa da pandemia, que não temos um encontro global como esse. Justamente por isso a importância deste encontro que, além de reunir países diversos com objetivos comuns, serve para avaliar e definir uma série de caminhos para a melhoria das universidades ibero-americanas. Tudo, naturalmente, focando na transformação digital e no uso das tecnologias da informação e da comunicação. Esse encontro também serviu para fomentar uma colaboração mais estreita entre as instituições. Isso, claro, mantendo a autonomia de cada uma delas, mas com uma rede bastante colaborativa e atuante. A escolha do Brasil para sediar o evento, desta vez, se deu pela forte atuação da MetaRed Brasil.

A constante troca de ministros da educação no atual governo foi assunto nas mesas-redondas. Os últimos acontecimentos prejudicaram a imagem da educação do nosso país?

Falamos, sim, da troca de ministros da educação, não só no Brasil, mas também em outros países da América Latina. Infelizmente, é um fenômeno mundial. E isso só reforça a relevância de estarmos aqui, juntos, pensando na educação e debatendo temas como políticas públicas do setor, algo que temos enfatizado junto ao Semesp. E digo não apenas políticas de governo, mas políticas de Estado que tenham continuidade. Neste momento em que nos preparamos para eleger governantes, temos que ressaltar que a educação seja vista como prioridade, independente dos representantes eleitos. Temos que tirar o atraso que nós já tínhamos e que foi potencializado pela pandemia, principalmente na educação básica.

Falando nisso, fale um pouco do seu trabalho à frente da Semesp, entidade que além de prestar serviços de orientação especializada aos seus associados, oferece soluções para o desenvolvimento da educação acadêmica do país…

O trabalho junto a Semesp envolve a contribuição com várias instituições privadas, focando sempre no diálogo e nas parcerias com instituições públicas. Como presidente do Semesp e também da MetaRed Brasil, promovemos várias pesquisas sobre governança na área de tecnologia, investimentos em TI, competência digital dos professores, entre outras. Nesse quadro de pós-pandemia, essas ações são realmente importantes. Promovemos também alguns seminários virtuais ao longo do ano para desenvolver boas práticas no uso de tecnologias digitais e a capacitação de professores, além de debates nacionais e esclarecedores sobre transformação digital. O Semesp também se volta a prestar consultoria acadêmica e jurídica. Outro ponto que nos importamos muito, e que foi abordado durante o encontro, é a questão da cibersegurança e seus desdobramentos, tema que afeta o mundo inteiro e compromete a educação em si em muitos casos. Todas nossas ações, reitero, são para fortalecer a colaboração pedagógica, a colaboração didática, da formação humana mesmo, frente a todos esses novos desafios.

Quais os principais pontos abordados nesta edição do encontro?

Abordamos muitos pontos comuns, como cursos internacionais e um selo de conscientização de modo a melhorar as ações das universidades em cada país. A contribuição para que os objetivos do desenvolvimento sustentável, com apoio a ações globais de inclusão e de gênero, também foi bastante discutida nas mesas-redondas. Fomentar um grupo de mulheres participantes na área de TI também foi uma questão bastante debatida, já que ainda somos minoria nessa área. Afinal, queremos incentivar a participação da força feminina nas universidades como um todo. Além disso, apontamos caminhos na questão da proteção de dados, disponibilizando gratuitamente para as universidades iniciativas de transformação digital. A acessibilidade de portadores de necessidades especiais também mereceu destaque. Ainda alinhamos nossos próximos encontros internacionais, e diversos outros temas que envolvem uma educação de qualidade

Que balanço faz desta edição do evento? O que falta para atingirmos a tão sonhada transformação digital entre as instituições brasileiras de ensino superior? 

Foi, e sempre é, uma troca rica de experiências, informações e visões. É valioso constatar que nós, aqui no Brasil, no Semesp e nas nossas universidades como um todo, temos pontos de avanços significativos em relação a outros países. Digo isso, claro, focando no objetivo de oferecer formação de qualidade, formação competitiva, independente do meio que for — presencial, online, enfim, a supracitada educação híbrida. Oferecer essa vantagem dos novos tempos, com serviços inovadores, que tenham segurança digital, compartilhando conhecimento e informação adequada, é nosso objetivo. Estamos no caminho certo, incentivando a mudança de mentalidades para a formação de qualidade.