Debora Garofalo, finalista do Global Teacher Prize, contou um pouco da sua trajetória como professora da rede estadual de São Paulo

O maior fórum nacional do ensino superior da América Latina, o 21º FNESP finalizou seus debates nesta sexta-feira, 27, no WTC São Paulo, discutindo sobre o poder transformador da educação para a formação de cidadãos éticos e com ampla capacidade de análise crítica. Participaram de um debate conduzido pelo jornalista Milton Jung, a professora Débora Garofalo, finalista do Global Teacher Prize, da diretora Executiva da Laspau, Angelica Natera, e o representante do Instituto Ayrton Senna, Ricardo Paes de Barros.

Débora Garofalo começou a conversa contando um pouco de sua experiência de 14 anos lecionando em escolas da rede pública de São Paulo e da felicidade de ser finalista do Global Teacher Prize. “A indicação ao prêmio teve um gosto especial porque pude levar nossa educação ao nível mais alto do mundo, mostrando que mesmo com todas nossas dificuldades enfrentadas podemos ter excelência e qualidade em nosso ensino”, disse.

Professora e pedagoga, Garofalo questionou aos presentes como transformar a educação, destacando que a atitude foi o primeiro passo para mudar a realidade dos alunos por meio de uma aprendizagem criativa e envolvente. “A escola precisa mudar e ser atrativa para os alunos. Os estudantes precisam construir soluções a partir de seus problemas reais”, avaliou. “Esse exemplo mostra o quanto a educação é poderosa e que as pessoas são o centro do processo de aprendizagem. Vamos estar sempre lidando com seres humanos”, decretou.

Para Garofalo, vivemos em um mundo totalmente tecnológico e cada vez mais presente em nossas vidas. “Vi então o potencial que a tecnologia tem na transformação da vida dos estudantes. Por meio de metodologias ativas, passei a ensinar programação, pensamento computacional e robóticas para alunos de cerca de 25 turmas”, lembrou ela citando que todo o trabalho foi feito com a utilização de materiais recicláveis. “E eu me sinto honrada pelos alunos terem acredito na minha proposta”.

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“O futuro está aqui na nossa frente e precisamos educar cidadãos globais com qualidades e competências como ética e empatia”, afirmou Angela Naterra, da Laspau

A diretora Executiva da Laspau, Angelica Natera, falou sobre o conceito de Universidade 4.0, uma nova escola que precisa surgir nesse mundo digital, cheio de informações e com estudantes que nasceram mexendo em tecnologia. “O futuro está aqui na nossa frente e precisamos educar cidadãos globais com qualidades e competências como ética e empatia”, afirmou. “Outros fundamentos importantes para essa nova universidade é o pensamento sistêmico e a alfabetização digital, além do desenvolvimento de ecossistemas de inovação, currículos interdisciplinares e inovação 360 graus em todos os aspectos desse ambiente que usa a tecnologia como facilitador”.

Natera terminou sua fala afirmando que inovação leva tempo, mas que as universidades precisam oferecer as condições necessárias para que a educação se transforme. “É preciso uma estratégia que leve em consideração tanto os aspectos individuais quanto o das próprias universidades”, defendeu. “Oferecer recursos e entender o poder das informações também são fundamentais para a transformação da educação. Outra característica dessa Universidade 4.0 é o incentivo à curiosidade não apenas dos estudantes, mas também dos professores e líderes educacionais”.

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Ricardo Paes de Barros, do Instituto Ayrton Senna, defendeu que a educação tenha um significado e esteja conectada com a empregabilidade dos estudantes

“Qual o significado da educação que estamos entregando a nossos alunos?”, perguntou o representante do Instituto Ayrton Senna, Ricardo Paes de Barros, em sua fala. “Estamos oferecendo uma educação que dê condições para que as pessoas alcancem e realizem tudo o que elas querem ao longo da vida?”, questionou afirmando que esse ponto é tão importante quanto o próprio acesso à educação.

Para Paes de Barros, a educação é a mãe de todos os direitos universais. “Uma sociedade justa permite que as pessoas desenvolvam seus talentos, e é impossível que uma sociedade se beneficie dos outros direitos universais sem antes oferecer uma educação de qualidade que permita esse desenvolvimento pleno”, avaliou ele reforçando a conexão entre educação e empregabilidade.

Ele lamentou ainda o fato do Brasil não estar sabendo fazer essa conectividade entre ensino e atividade econômica e a falta de diálogo entre universidades e indústria e mercado de trabalho.”Além de oferecer um maior acesso à educação, outro desafio do Brasil é desenvolver uma educação que tenha significado produtivo e desenvolva nos estudantes capacidades sociais e emocionais”.