Anna Carolina Muller Queiroz, Fellow na Stanford University, apresentou pesquisa que comprava a chamada fadiga do zoom. (Foto: Semesp/Guilherme Veloso)

No segundo dia do 23º FNESP, o painel Fora da caixa: modelos acadêmicos pensados para o sucesso das IES, teve a apresentação de Anna Carolina Muller Queiroz, Fellow na Stanford University, sobre pesquisa que comprava a chamada fadiga do zoom, como ficou conhecido o cansaço gerado pelo excesso de comunicação em plataformas de videoconferência durante a Covid-19.

Segundo Anna Carolina, a principal mudança em função da pandemia foi a incorporação do uso das tecnologias nas relações sociais, de trabalho e de estudo. “Claro que antes da pandemia o mundo já vinha usando cada vez mais os recursos tecnológicos no dia a dia, mas não com esse crescimento exponencial de mais de 8 vezes em 2021 quando comparado ao ano anterior”, disse. Anna Carolina sinalizou que a pandemia não só fortaleceu esse movimento nas empresas, instituições de ensino e convívio social, mas também que esse hábito veio para ficar mesmo com o fim da crise sanitária.

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Essa explosão do uso de aplicativos e plataformas, até mesmo nas consultas médicas que não exigem contato físico, provocou uma onda de cansaço nas pessoas. “Passamos a fazer tudo remotamente, sem deslocamento, uso de transportes, etc., e mesmo assim estamos cansados?” Esse questionamento motivou os pesquisadores da Stanford University a investigar e avaliar os motivos.

Um componente importante do estudo foi o da comunicação não verbal. Nosso cérebro usa várias áreas para completar o processo cognitivo durante a videoconferência. Algumas funcionalidades das plataformas, como a galeria de visualização dos participantes, a nossa linguagem corporal, a preocupação com a nossa postura na tela e a mobilidade reduzida provocam uma sensação como se estivéssemos em uma plateia ou de muita aproximação das pessoas, a exemplo do que acontece em romances ou em uma briga face a face, explicou a Fellow na Stanford University. “Todos esses processos exigem uma carga cognitiva muito grande e geram um cansaço físico. Há também uma correlação da fadiga com a duração, frequência e intervalo das videoconferências”, esclareceu.

Segundo a pesquisa, o efeito espelho, nos vemos o tempo todo no vídeo, teve impacto mais negativo principalmente nas mulheres, com mais julgamentos e críticas. De acordo com os dados, uma em cada sete mulheres reportou sentir extrema fadiga contra apenas um a cada 20 homens. “A ansiedade decorrente de se ver no vídeo mostrou medir a diferença dos gêneros na fadiga do zoom”, explicou Anna Carolina.

Quando comparado o cansaço de trabalhadores e estudantes, o impacto nos alunos foi ainda maior. Os estudantes estão 16,7% mais cansados.

Para Anna Carolina, é possível minimizar os efeitos negativos com pequenos ajustes e a avaliação da real necessidade de se comunicar somente por meio das videoconferências. “As empresas devem refletir antes de sugerir uma videoconferência se aquela comunicação não pode ser substituída por um e-mail ou ligação”, concluiu.

Dicas:

Reuniões e aulas mais curtas;

Intervalo de ao menos cinco a 10 minutos entre as reuniões e aulas;

Configuração da posição da câmera que permita mais movimento;

Desabilitar a visualização do vídeo;

Usar a opção de speaker view no lugar de grid view e reduzir o tamanho da tela da plataforma.

Carla Letícia Alvarenga Leite, pró-Reitora Acadêmica da FAESA, durante palestra no segundo dia do FNESP. (Foto: Semesp/Guilherme Veloso)

Após a apresentação da pesquisa, Carla Letícia Alvarenga Leite, pró-reitora Acadêmica da Faesa, falou sobre o projeto da IES e o trabalho de personalização e acolhimento de toda a comunidade acadêmica antes e durante a pandemia.

“A Faesa trabalha com a personalização. Ouvimos as necessidades e expectativas dos alunos, além disso acompanhamos o estudante ao longo dos anos, pois mudamos o tempo todo. O protagonismo do aluno, colocar o aluno no centro, com foco no sucesso, trabalho colaborativo e conexão com o mercado de trabalho são as diretrizes da Faesa”, comentou Carla Letícia.

De acordo com a pró-reitora, cada IES tem suas especificidades, mas na Faesa esses processos ajudaram a enfrentar os desafios da pandemia. “Nesse período, também oferecemos todo suporte e ferramenta para o corpo docente com todas as adaptações necessárias e garantimos que a experiência dos alunos fosse a mesma com as aulas remotas.”

A pró-reitora comentou que a fadiga do professor está diretamente ligada ao fato de ele estar sozinho na frente de uma tela em preto. “Por isso desenvolvemos uma campanha na instituição para incentivar a abertura da câmera dos alunos.” Segundo a pró-reitora, “essas mudanças tecnológicas e recursos incorporados nas IES são irreversíveis, sem deixar de lado a empatia, a criatividade e os cuidados com toda a comunidade acadêmica”, reforçou.

Apesar da insegurança de todos em relação ao futuro e ao fim da pandemia, a pró-reitora citou a permanência de 95% dos estudantes entre os semestres, mas lamentou que 5% não tenham conseguido prosseguir mesmo com os suportes acadêmico, financeiro e emocional da IES.

Na sequência, Viviane Dantas Farias, aluna de Medicina Veterinária da Unicesumar, falou das transformações na educação.

“Observamos um novo mundo, totalmente diferente. Hoje há acesso a simuladores de anatomia 3D, não precisamos de cobaias. Essa viagem no tempo de como era a educação e como está hoje com a tecnologia tem grande impacto no processo de aprendizagem”, disse a aluna.

O 23° FNESP prossegue nesta sexta, 29, presencial e remotamente. Confira a programação completa.