Paul LeBlanc, autor do livro “Students First: Equity, Access, and Opportunity in Higher Education” defendeu uma abordagem mais holística do ensino superior, com os estudantes no centro das preocupações das IES

Autor do livro que inspirou o tema do 24º FNESP, “Students First: Equity, Access, and Opportunity in Higher Education”, Paul LeBlanc, presidente da Southern New Hampshire University, contou aos presentes do evento um pouco da experiência da IES e como ela mudou o foco de uma trajetória fixa centrada no projeto acadêmico e nos docentes para um caminho flexível centrado na individualidade dos estudantes.

“Eu acredito na força transformadora do ensino superior, mas as IES investem muito do seu tempo preocupadas com os programas acadêmicos”, apontou. “Mas para os alunos que atendemos, estudantes geralmente desperdiçados por uma sociedade que não os acolhe, a diferença entre fracasso e sucesso não está nos programas acadêmicos, mas na rede de apoio oferecida pelas instituições. É por isso que nossa IES se baseia em uma abordagem mais holística dos alunos para entender quem são eles e o que está acontecendo na vida deles”, explicou.

Segundo Paul LeBlanc, na Southern New Hampshire University, o aluno vem em primeiro lugar e, por isso, eles se sentem mais importantes, não apenas como números dentro de uma engrenagem maior que privilegia modelos culturais e acadêmicos engessados. “Na nossa IES, avaliamos o desempenho dos alunos não apenas na sala de aula, mas também na vida, queremos saber se essas pessoas estão passando por problemas no trabalho, na vida pessoal. Muitas IES perdem mais alunos por causa de mudanças pessoais do que por conta de problemas financeiros”, disse.

Trajetória flexível

Ele defendeu que as IES devem ser construídas em torno dos alunos, não de modelos acadêmicos e docentes. “Não queremos que nossos estudantes se encaixem em um modelo pré-existente, mas que eles controlem o próprio ritmo de aprendizagem, que eles sejam o próprio calendário e aprendam em seu tempo. “As instituições de ensino superior estão engessadas e apostam em uma trajetória muito sequencial, sem nenhuma flexibilidade. Sorte dos alunos que se encaixam nesse modelo. Isso precisa mudar, o aluno deve estar no centro da IES, a trajetória de aprendizagem não tem a ver com os alunos estarem em sala de aula, mas sim em como as instituições se esforçam para atender as reais necessidades deles”.

Para que isso aconteça de forma bem-sucedida, as IES devem mapear as limitações e os objetivos de seus alunos e fazer uma curadoria de aprendizado, apostando em uma trilha individual que considere também habilidades e competências desenvolvidas fora do campus e das salas de aula. “É preciso que as IES se tornem parceiras dos alunos, focando em suas individualidades e oferecendo um ambiente seguro para os estudantes. Essas mudanças são fundamentais para deixar que os estudantes criem caminhos de aprendizagem flexíveis que saiam do esquema de horas e créditos. Essa abordagem mais holística pode reconstruir a confiança da sociedade na educação superior”, decretou.

Após a fala de Paul LeBlanc, o presidente da Câmera de Educação Superior apresentou uma pequena fala explicando como o órgão pode colaborar para o engajamento dos estudantes, defendendo a importância de aspectos como formação de professores, questões socioeconômicas e as diretrizes curriculares, explicando que a Câmara trabalha em rede atuando de forma integrada com as demandas dos alunos e IES.