Fonte: O Estado de S.Paulo

As instituições particulares vão propor ao governo que a nota de corte do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para quem quer obter o Financiamento Estudantil (Fies) seja diferente a cada curso. As empresas devem encaminhar a proposta ao Ministério da Educação (MEC) nos próximos dias. Õ setor também prepara um financiamento alternativo.

Desde março, o MEC passou a exigir média mínima de 450 pontos na prova e nota acima de zero na redação para o Fies. Segundo o diretor do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), Rodrigo Ca-pelato, cursos diferentes precisam ter notas de corte menores para que todos tenham oportunidades. “Um de tecnólogo pode ter uma nota menor que 450, ao contrário de Medicina, por exemplo”, disse, durante o 8.° Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular.

Além dessa alteração, o setor deve encaminhar propostas para o portal que vai centralizar as oportunidades de financiamento. Segundo Capelato, o sistema tem de aliar indicadores de qualidade dos cursos, percentual de graduação, pesquisas de satisfação e o valor das mensalidades. A ideia é ter no futuro indicadores de empregabilida-de dos formados.

Opção. Paralelamente à proposta de aperfeiçoamento do Fies, o economista Samuel Pessoa, da Fundação Getulio Vargas (FGV), prepara um novo modelo de financiamento – privado, mas com subsídio público. O projeto foi encomendado pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação (Abraes).

Segundo Pessoa, a linha geral desse novo modelo é que o subsídio do governo seja no pagamento de parte da matrícula ou em parte da dívida. Pelo cálculo do economista, o governo subsidia hoje cerca de 45% do total financiado. “Nossa ideia é trabalhar com a taxa de juros do mercado”, diz. O Fies tem uma taxa de 3,4% ao ano.

Além disso, o novo tipo de financiamento pode ter um sistema de pagamento variável de acordo com o sucesso financeiro do beneficiado após a formatura. O maior crédito universitário privado existente, o Pra Valer, teve aumento de 400% na procura em abril. “Para ter sucesso, o financiamento privado precisa coexistir com o público”, disse Carlos Furlan, diretor executivo da Ideal Invest, que gere o Pra Valer, em apresentação no congresso.