A pesquisadora Andreia Inamorato foi uma das participantes do Painel Diálogos sobre as Competências Digitais dos Professores

Além da apresentação da pesquisa, o evento da MetaRed Brasil desta sexta (23), trouxe o Painel Diálogos sobre as Competências Digitais dos Professores: uma perspectiva global. O especialista em educação João Cossi Fernandes, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), comentou sobre a perspectiva do BID para a educação. “Os dados mostram que a realidade não é tão ruim assim. A crise impulsionou avanços digitais. O BID vai atuar para apoiar as IES para melhorar a desigualdade de acesso e na oferta de cursos relevantes, que são aqueles que os jovens e o mercado de trabalho querem. Não podemos perder esse momento com base na necessidade para ampliar a transformação digital”, disse Fernandes.

Andreia Inamorato, pesquisadora da Joint Research Centre (JRC) da União Europeia, responsável por investigações sobre inovação, educação aberta e competências digitais dos professores, explicou a ferramenta de aplicação do DigCompEdu, denominada CheckIn, rapidamente testada e adaptada para uso no cenário brasileiro durante a pesquisa. “Em 2017, a União Europeia publicou um documento que se tornou referência na área, o European Framework for the Digital Competence of Educators, ou simplesmente DigCompEdu, que trata de um modelo de avaliar competências digitais dos educadores”, esclareceu ela.

O DigCompEdu está organizado em 6 grandes áreas de competências: engajamento profissional; uso de recursos digitais; avaliação; ensino e aprendizagem; capacitação dos estudantes e promoção das competências digitais dos estudantes. Por sua vez, estas áreas englobam no total 22 competências específicas, que devem ser desenvolvidas pelos docentes do século XXI.

No quadro do DigCompEdu, os docentes são categorizados em relação a seu nível de maturidade digital em seis diferentes níveis, reproduzindo a mesma escala em proficiência linguística já utilizada pela União Europeia (A1: Recém-chegado, A2: Explorador, B1: Integrador, B2: Especialista, C1: Líder, C2: Pioneiro), e que equivalem a diferentes estágios no uso das tecnologias digitais em suas práticas pedagógicas. Esse modelo de progressão ilustrado segue os estágios de consciência, exploração, integração, especialização, liderança e inovação, como degraus em um caminho crescente de abordagens, conhecimentos e práticas integrativas de tecnologias digitais de forma madura, consciente e crítica.

A pesquisadora Andreia Inamorato também destacou um dado do estudo da JRC que apontou que professores universitários, apesar de serem especialistas em suas áreas do conhecimento, carecem de competências didáticas para o ensino digital.

Ana Costa Freitas, reitora da Universidade de Évora, localizada em Portugal, também participou do painel

Ana Costa Freitas, reitora da Universidade de Évora, localizada em Portugal, comentou sobre os impactos e os grandes desafios das tecnologias. “Um dos grandes desafios é o impacto que as tecnologias terão no desenvolvimento do mundo. Mais importante do que saber que tecnologia vamos usar é também divulgar conhecimento. Precisamos mensurar o impacto dessas mudanças na sociedade e como vamos nos relacionar e diminuir a discriminação e as desigualdades para o mundo não ficar ainda mais complicado”, avaliou.

Mapa de Uso de Recursos TIC

Ao final do evento, o prof. Marco Antonio Garcia de Carvalho apresentou o novo projeto da MetaRed Brasil com o apoio do Semesp. O Mapa de Uso de Recursos TIC aplicados ao Ensino Superior e à Aprendizagem na Educação Superior Brasileira tem por objetivo conhecer o estado atual do uso de tecnologias educacionais no ensino superior brasileiro em cursos de graduação relacionados às Tecnologias de Informação e Comunicação, que será conduzido pelo GT de Tecnologias Educacionais.

“Esta iniciativa poderá aportar informações sobre tecnologias emergentes, além de registrar o uso daquelas consideradas maduras, servindo de suporte para a tomada de decisões nas instituições de ensino superior brasileiras e para auxiliar a elaboração de políticas públicas”, comentou Marco Antonio de Carvalho.