Segundo painel do projeto Diálogos Contemporâneos falou sobre crise econômica e aumento da miséria e fome no país

Depois de um primeiro painel sobre o papel das lideranças, o projeto Diálogos Contemporâneos discutiu nesta terça (21) outro tema importante que demanda uma nova visão política e uma atitude mais ativa por parte da sociedade: as crises econômicas, o aumento da miséria e da fome. O projeto é realizado pelo Semesp em parceria com o Centro Universitário Newton Paiva e o Centro Universitário Facens, além de contar com o apoio de mais uma dezena de IES.

Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, abriu o painel lamentando que o Brasil tenha voltado a entrar no mapa da fome com o aprofundamento da pobreza gerado pela mais recente crise econômica. Segundo ele, o mundo universitário é o mais capaz de transformar essa triste realidade. “A crise econômica atual tem afetado e aprofundado os problemas de desigualdade social. Discutir essa realidade no ambiente universitário é fundamental”, decretou.

“O propósito do Diálogos Contemporâneos é ampliar uma visão sistêmica, o pensamento crítico e uma atitude cidadã e colaborativa de nossos alunos, desenvolvendo isso dentro de nossas universidades”, explicou Thais Beldi, do Centro Universitário Facens. “Nosso papel como universidade é ser uma grande ferramenta de transformação social, influenciando por meio do conhecimento, da pesquisa e da inovação”.

O segundo painel do Diálogos Contemporâneos já está disponível na íntegra

O segundo painel do Diálogos Contemporâneos contou com mediação de Dario Neto, diretor Geral do Instituto Capitalismo Consciente do Brasil, e falas da fundadora da ONG Amigos do Bem, Alcione Albanesi, e do economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV – Rio, Samuel de Abreu Pêssoa.

Dario Neto deu início ao painel destacando o conceito de capitalismo consciente, um movimento associativista que defende a ideia de empresas mais humanizadas, com um propósito que vai além do lucro e uma cultura mais consciente com oferta de produtos e serviços que entregam valor para a sociedade. Segundo ele, o capitalismo se mostrou um sistema econômico muito eficiente na produção de riqueza, mas fez isso de forma a acentuar as desigualdades.

“Nós pregamos a corresponsabilidade das nossas lideranças frente à diminuição das desigualdades e ao enfrentamento dos desafios socioambientais que a sociedade vive atualmente”, afirmou Dario.  “Nosso ‘movimento’ fala em ‘negócios que curam’. Os governos e as políticas públicas não vão dar conta de resolver sozinhos todos os desafios socioambientais, então precisamos de lideranças empresariais e da sociedade civil mobilizados de maneira interdependente para que a sociedade avance nessas agendas tão caras”, pontuou.

Fundadora da ONG Amigos do Bem, Alcione Albanesi defendeu que a sociedade civil deve assumir um papel transformador

Após a fala de Dario Neto, a empresária e fundadora da ONG Amigos do Bem, Alcione Albanesi, contou um pouco sobre sua experiência à frente de umas das mais importantes instituições sem fins lucrativos do país, com atuação no Nordeste brasileiro desde 1993 objetivando minimizar a desigualdade e exclusão social. De acordo com ela, a ONG nasceu quando ela visitou o sertão nordestino na década de 90 com alguns amigos e a experiência marcou sua vida.

“É preciso olhar para a fome e a pobreza de nosso país porque esse é um problema que afeta todos nós, não vivemos de forma isolada”, disse ela. “A ONG Amigos do Bem nasceu para que as pessoas que não tiveram nossa sorte possam ter pelo menos a nossa ajuda. Hoje, levamos oportunidades e dignidade para essas pessoas que não são vistas pela sociedade. No sertão, a miséria é invisível. Nossa trajetória não tem sido fácil, mas seguimos lutamos pela causa”, reforçou Albanesi.

Segundo Alcione, a educação é base para toda a transformação, por isso, a ONG Amigos do Bem adota um modelo de desenvolvimento social sustentável que atua em diferentes pilares, oferecendo infra-estrutura de trabalho, saúde e educação. “A questão da fome precisa de atenção, mobilização e atitude. Precisamos ser agentes de transformação do nosso país e sermos a diferença, gerando trabalho e levando oportunidades para essas pessoas excluídas. A transformação da desigualdade está nas mãos da sociedade civil, não podemos ficar esperando atitudes apenas dos governos”, decretou ela.

O economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV – Rio, Samuel de Abreu Pêssoa, falou do ponto de vista mais técnico sobre as causas da atual crise econômica, acentuada pela pandemia e pela incerteza política que o país vivencia atualmente. Ele defendeu uma melhor qualidade na educação como um dos fatores que pode avançar o país em termos econômicos.

Realizados mensalmente, os próximos painéis do Diálogos Contemporâneos abordarão gênero e diversidade; mudanças climáticas; e crise dos refugiados. Saiba mais sobre o projeto com as datas dos painéis aqui.