A 16ª edição das Jornadas Regionais do Semesp chegou ao fim nesta sexta-feira, 4 de setembro, com a primeira edição fora do estado de São Paulo. Depois de passar virtualmente por Campinas, Ribeirão Preto, Marília, São José do Rio Preto, Santos e regiões, o evento online teve apresentação de dados e palestras para as IES do estado de Minas Gerais, o segundo do país em número de matrículas e de ofertas no ensino superior.

Pela primeira vez, em virtude da pandemia da Covid-19, o evento foi totalmente online para manter a segurança dos participantes. “Estamos experimentando esse formato virtual para, mesmo a distância, estarmos cientes do cenário local das IES”, afirmou o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, na abertura da jornada mineira, citando o sucesso do modelo dos eventos realizados nas cidades paulistas nos meses de abril, maio e junho. “É um formato que permite que as pessoas da região interagirem e trocarem ideias, mesmo sem estarem presencialmente no mesmo espaço”, elogiou.

Em seguida, Capelato apresentou uma série de dados mercadológicos de Minas Gerais, trazendo um panorama geral de matrículas, ingressos, concluintes, taxa de evasão e outras informações fundamentais para as IES ficarem cientes sobre as tendências do setor para fazerem seu planejamento e gestão. “Essas informação são cada vez mais importantes, ainda mais nesse momento de pandemia, com o crescimento das taxas de inadimplência e de evasão, impactando, principalmente, nos números de ingressantes”, avaliou.

Para Rodrigo Capelato, umas das questões preocupantes da pandemia é a provável queda da taxa de escolarização líquida, que já é baixa no país. “O Brasil pode levar anos para se recuperar dessa queda. Isso é muito preocupante porque o setor da educação é estratégico. Nossa pauta precisa ser econômica para que possamos salvar a educação superior privada, que carrega cerca de 75% dos estudantes do ensino superior no país”, defendeu.

Ainda em relação à pandemia, o diretor-executivo do Semesp afirmou que o setor terá que quebrar paradigmas. “As aulas remotas que estão sendo realizadas atualmente não fazem parte de um modelo acadêmico, mas são sim uma metodologia emergencial. É preciso entender, no entanto, que a partir dessa metodologia emergencial muita coisa pode ser aproveitada na criação de um novo modelo que combine aulas remotas com atividades presenciais”, disse Capelato, que adiantou ainda que essa mudanças podem ameaçar muito mais a modalidade de ensino a distância entregue atualmente do que a presencial. Capelato citou ainda as pesquisas que o Instituto Semesp realizou com alunos e docentes sobre a adoção das aulas remotas.

Transformação digital

Após a apresentação dos dados mercadológicos, o diretor de Digital Learning da FIAP, Leandro Rubim, apresentou a palestra Não Faça Ead. Faça Transformação Digital, em que apontou que a transformação digital já é uma realidade e tem mudado o comportamento das pessoas e empresas, afetando também, claro, o ensino superior.

“A pandemia chegou como um choque de realidade para todos os negócios, inclusive o ensino superior”, citou Rubim. “A educação não estava se transformando digitalmente e as IEs estavam ficando obsoletas. A pandemia tem mudado isso, mas a transformação digital não está relacionada apenas à tecnologia e a subir conteúdos em plataformas”, decretou.

A transformação digital segue quatro pilares: novos processos de negócios, mudança cultura das pessoas, indicadores de valores  e a tecnologia em si. “Eles são fundamentais para que as IES criem ecossistemas de plataformas totalmente digitais e se insiram nesse universo de transformação digital que envolve redes sociais, compartilhamento de dados em nuvens, big data, internet das coisas, inteligência artificial”, explicou. “A transformação digital precisa acontecer agora, não existe melhor oportunidade”, finalizou.

Legislação educacional

Algumas questões relacionais à legislação educacional também foram abordadas durante a Jornadas Regionais de Campinas. O diretor Jurídico do Semesp, José Roberto Covac, se debruçou sobre vários temas ligados à legislação do setor do ensino superior que estão em discussão atualmente, especialmente as medidas provisórias e mudanças causadas pela pandemia da Covid-19, além da legislação e protocolos relacionados à retomada das aulas e atividades presenciais já agora no segundo semestre.

O diretor Jurídico do Semesp destacou como a Covid-19 tem influenciado no regulatório, relações trabalhista e do consumidor das IES particulares, citando, por exemplo, a medida provisória que permitiu a substituição das aulas presenciais por aulas remotas e mudanças referentes ao calendário letivo.

“Uma coisa que as IES precisam pensar desde já é se, após a pandemia, elas irão fazer uso da legislação que permite a adoção de 40% de aulas EAD em seus modelos acadêmicos presenciais”, apontou. “Essas mudanças precisam ser pensadas desde já para que as IES a implantem já em 2021, considerando, inclusive, o parecer do CNE homologado pelo Ministério da Educação, que abre o precedente para o uso de plataformas remotas em aulas práticas e atividades laboratoriais”.

Captação de Alunos

Encerrando a Jornada Regional de Minas Gerais, o consultor associado da Atmã Educar e diretor Adjunto de Marketing do UNIOPET, Rafael Villas Bôas, apresentou a palestra Precificando Marcas na Captação de Alunos. O Fim do Imponderável no MKT Educacional.

De acordo com Rafael, antigamente, o marketing era associado apenas à comunicação, mas atribuir resultados já não é suficiente. Novos métodos alicerçados em tecnologias hoje bastante acessíveis permitem a adoção de pragmatismo na gestão de campanhas e processos seletivos, e as IES precisam compreender a importância da marca como facilitadora dos processos de atração, conversão e retenção de alunos.

“Isso tem se mostrando ainda mais importante no cenário atual de queda do financiamento público, do número de matrículas e o aumento da inadimplência com a pandemia”, afirmou. “O planejamento atualmente precisa ser feito tendo um mente um cenário mais árido com previsão de queda de até 70% no número de ingressantes no segundo semestre, por exemplo. Tudo fica ainda mais difícil porque as IES precisam de dados para fazer qualquer tipo de projeção”.

Segundo Rafael, o aprendizado dos últimos anos tem ajudado as IES a pensarem na administração de um processo seletivo de maneira mais profissional. “Nesse sentido, a pandemia tem se configurado como um tremendo aprendizado, mostrando que uma marca forte pode proteger a IES de um cenário de crise. Nossos alunos estão em casa e é na casa deles que as IES conseguirão se comunicar com eles”, finalizou.