A concorrência desleal entre as instituições particulares de ensino superior foi um dos assuntos debatidos durante o primeiro painel de hoje (28) do 9º Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro – FNESP, que está sendo realizado desde ontem no Novotel Jaraguá, em São Paulo. A auto-regulamentação foi uma das formas defendidas para se evitar esse tipo de prática.

“A auto-regulação do setor, isto é, um acordo de alto nível entre as próprias escolas, antecipando-se a uma medida do governo, pode evitar a concorrência desleal”, afirmou Francisco Gracioso, ex-presidente e conselheiro da ESPM. Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, concordou com essa estratégia, mas ressaltou que “isso (auto-regulação) não pode ser feito do ponto de vista corporativo, pois instituições de educação devem atuar de forma mais responsável”.

Tório Barbosa, sócio-diretor da Educa Comunicação, enfatizou que “a falta de regulamentação não impede que a instituição atue de forma ética”. Ele ainda ponderou que a concorrência acirrada no ensino superior tem apenas cinco anos e por isso o setor “ainda está aprendendo a regulamentar”.

Barbosa chamou a atenção para dois pontos preocupantes que envolvem a questão da competitividade: a cópia de propagandas e abusos como a entrega de panfletos de uma instituição dentro do estabelecimento concorrente e a compra de listas de formandos. Diante disso, Fernando Passos, vice-presidente da Comissão de Estudos da Concorrência e Regulação Econômica da OAB/SP, alertou que “há legislação que protege o mercado desse tipo de prática e que deve ser aplicada caso a instituição não atue de maneira ética”. Para Passos, é a banalização que acaba gerando a concorrência ilegal.

As IES e a responsabilidade social

Ricardo Young afirmou durante sua apresentação que as instituições de ensino superior precisam “mergulhar de cabeça” nos processos de responsabilidade social para cumprir seu papel de formação dos jovens que irão atuar na sociedade do futuro. “Vejo uma prontidão muito pequena das IES na preocupação com o desenvolvimento sustentável”, analisou.

O conferencista disse que as IES ainda se perdem em discussões que ele considera menos importantes, como preços de mensalidades e contratação de professores. “Não haverá um novo modelo de sociedade e de desenvolvimento sem um envolvimento da universidade, que deve criar um espaço de inovação. Não há mais espaço para fazer de conta que estamos cumprindo o papel adequadamente. Temos liberdade para empreender, mas passamos pelo crivo da sociedade. O conceito de responsabilidade social e empresarial ainda passa ao largo das IES”, considerou.

A imagem pública das IES

Francisco Gracioso chamou a atenção para os princípios de gestão que permitam às IES avançar e construir uma imagem pública sólida. Para ele, servir, que é a missão do setor, é um “ato transcendental”, pois representa transformar jovens imaturos em adultos responsáveis e capazes de atuar na sociedade. “Mais que qualquer outro tipo de empresa, uma IES depende da imagem pública que projeta. Ela deve inspirar confiança e entregar o que foi prometido”, afirmou.

Gracioso recomendou aos gestores presentes que promovam inovação com objetivos estratégicos bem definidos para o crescimento de suas IES. “Inovação significa identificar e aproveitar oportunidades e se preparar para as ameaças”. O educador falou, ainda, da importância de encontrar um posicionamento no mercado para definir a estratégia de competição de uma IES. “Isso é básico para o planejamento a longo prazo”, finalizou.

Serviço

9° Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro
Data: 27 e 28 de setembro de 2007
Local: Novotel Jaraguá São Paulo Conventions
Endereço: Rua Martins Fontes, 71 – Centro – São Paulo
Mais informações: www.semesp.org.brFrancisco Gracioso diz no 9º FNESP que instituições particulares de ensino devem se antecipar a uma medida do governo