Serviços de gerenciamento e consultoria oferecidos no âmbito das incubadoras universitárias podem financiar outros projetos de ensino

Cristina Morgato

Entre os grandes temas que desafiam a sustentabilidade das incubadoras, segundo o relatório técnico do “Estudo, Análise e Proposições sobre as Incubadoras de Empresas no Brasil”, realizado pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), estão os recursos financeiros, de pessoal, questões organizacionais e ação das agências de fomento e dos órgãos de governança. Historicamente a aceleração da implantação de incubadoras tecnológicas em todo o mundo é resultado de políticas públicas de fomento, como as registradas em países como Coreia do Sul, França, Alemanha, Estados Unidos, Canadá e Brasil. Assim, o financiamento público, seja direto ou por meio de editais das agências de fomento, torna-se a principal fonte de receitas das incubadoras de empresas.

No entanto, a Anprotec orienta a criação de serviços adicionais, o que permite às incubadoras captar recursos além do fomento público. Oferecer assistência a empresas da região onde atua, mesmo que não incubadas, e a prestação de outros serviços para a comunidade empresarial e governos é uma forma de aproximar a incubadora da comunidade e viabilizar as ações de empreendedorismo locais. Segundo o relatório da associação, a sustentabilidade financeira das incubadoras também poderá ser atingida se, além da consolidação da prestação de serviços externos, elas passarem a obter retorno em relação aos seus resultados, por exemplo, na forma de participação nas empresas ou de criação de fundos locais e estaduais formados com parte dos impostos gerados a mais.

Apoio consolidado
Os serviços mais demandados pelas empresas nascentes e empreendedores, oferecidos de maneira geral pelas incubadoras são: ajuda na busca de financiamentos, auxílios, capital de risco; elaboração e revisão de planos de negócios; apoio à participação em feiras e mostras; networking com outros empresários; consultoria para desenvolvimento de novos produtos; capacitação empresarial; design e programação visual. Por outro lado, segundo a Anprotec, ainda há serviços muito demandados, mas pouco ofertados, como assessoria de comunicação e para comercialização, pesquisas de mercado, busca de funding e serviços jurídicos.

Já o estudo GEM – Global Entrepreneurship Monitor: Empreendedorismo no Brasil 2012 apurou o percentual dos negócios que buscam auxílio em órgãos especializados, não governamentais – Senac, Sebrae, Senai, entre outros. A grande maioria dos empreendedores entrevistados (82,2%) não procura esse tipo de ajuda. Os percentuais variam de região para região, sendo que no Sul e Sudeste o percentual é mais baixo, mas ainda assim fica entre 77% e 81%. Em relação aos órgãos de apoio pesquisados, o Sebrae se destaca, sendo citado por 13% dos entrevistados.