Fonte: Correio Popular

Desde que foi viabilizado com o avanço da tecnologia e da internet, o Ensino a Distância (EAD) entrou em uma curva de crescimento permanente. Em 2012, pouco mais de 1 milhão de alunos se matricularam em cursos EAD em todo o Brasil, segundo o último levantamento feito pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp).

Na Região Administrativa de Campinas, composta por 90 municípios, o aumento é expressivo. Segundo o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, o crescimento foi de 31% no mesmo ano. “O interessante é que o EAD atinge outro público. O perfil dos matriculados é de 60% entre 25 e 44 anos enquanto no sistema presencial a mesma porcentagem é de alunos de até 24 anos”, comenta.

Todo esse contingente, conforme Capelato, é formado por profissionais que já estão no mercado de trabalho mas não cursaram o nível superior, têm apenas Ensino Médio completo. “Eles procuram os cursos a distância para ascender profissionalmente ou se aperfeiçoar em uma determinada área”, explica.

O diretor acredita que o EAD tem ainda um potencial enorme para crescer na região de Campinas. “As cidades da Região Administrativa de Campinas possuem 1 milhão de pessoas com carteira assinada mas só com Ensino Médio completo, segundo dados do Ministério do Trabalho. Hoje, temos aproximadamente 35 mil alunos matriculados em cursos de EAD nessa mesma região. Se considerarmos apenas 10% desse total, já teríamos 100 mil alunos potenciais para a Educação a Distância, praticamente três vezes o que temos atualmente”, calcula ele.

Os cursos que lideram a procura são os de pedagogia, principalmente em razão da obrigatoriedade imposta pelo governo federal na rede pública. A seguir estão os tecnólogos, com destaque para logística, gestão de RH e empreendedorismo. “A demanda é de pessoas que estão trabalhando e buscam mais capacitação para subir na carreira e melhorar o salário”, diz.

Apesar das perspectivas sombrias prenunciadas por analistas para a economia brasileira no curto prazo,
Capelato acredita que os próximos três anos ainda serão de crescimento no setor a partir da aprovação do novo marco regulatório, cuja discussão está em andamento no Conselho Nacional de Educação (CNE). “A agenda do marco regulatório tem sido adiada, mas acredito que até o final do ano será aprovado”, aposta ele. Com relação ao pessimismo dos analistas com relação à economia, Capelato acredita que o setor não sofrerá retração. “O EAD é um setor acíclico. Caso haja retração na economia, as pessoas vão procurar se capacitar por medo de perder o emprego ou de não encontrar outro por falta de qualificação”, opina.

O diretor lembra que o Ministério da Educação (MEC) deu uma freada na autorização de novos cursos, em 2009, por considerar que havia frouxidão na análise de propostas e somente em 2013 retomou as autorizações. “Depois do marco regulatório esperamos um aumento na demanda a partir da chegada de novas opções, por isso, não acreditamos que qualquer desarranjo no quadro da economia brasileira possa levar a uma queda sensível na procura”, pontua.

Resistência

Outro aspecto que tem evoluído positivamente na opinião de Capelato é o da resistência do mercado. “Melhorou muito, mas ainda tem um pouco de resistência. Com o baixo índice de desemprego e a escassez de mão de obra, as empresas foram empregando esse pessoal e a resistência foi caindo”, afirma.

Em sua análise, o diretor destaca dois fatores que contribuem para a diminuição do preconceito. O primeiro deles é o índice de apenas 17,8% de profissionais com Ensino Superior completo empregados no mercado de trabalho brasileiro, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RA1S), frente a 44% com Ensino Médio completo e 11,8% com Ensino Fundamental completo. “É um índice inferior a muitos dos países da América Latina”, compara.

Outro fator que deve quebrar a resistência vem pela constatação das notas do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “Como os cursos de EAD são recentes, as primeiras notas das primeiras turmas formadas estão saindo agora e são tão boas ou melhores do que as apuradas na modalidade presencial, o que deve ajudar a reduzir a resistência ao EAD”, relata.

Evasão

Apesar do crescimento robusto, a evasão segue sendo o ponto mais crítico do Ensino a Distância. No Brasil os índices de abandono dos cursos chegam a 41%, ligeiramente abaixo dos índices na região de Campinas, que batem nos 45%. “É alarmante. O pessoal se interessa, mas muitos desistem”, afirma.

De acordo com ele, até 2010, os índices de evasão eram equivalentes aos do ensino presencial que em 2012 foi de 38,3%, mas nos últimos anos a diferença tem aumentado. Entre os motivos da desistência estão: não conseguir levar adiante por encontrar mais dificuldades do que esperavam, dificuldade de adaptação ao novo modelo de ensino, falta de comprometimento e organização.

Porém, os altos índices de evasão não tiram o otimismo de Capelato. De acordo com ele, o EAD é muito recente, a infraestrutura atual é muito melhor do que já foi no passado com o avanço das tecnologias hoje disponíveis.