Ao longo da 11ª Missão Técnica Internacional do Semesp, visitamos os países de Singapura e Índia e vamos publicar na seção Lições Aprendidas (#liçõesaprendidas) um resumo com as principais discussões apresentadas nas universidades visitadas.

Nos dias 8 e 9 de maio, os participantes da Missão Técnica do Semesp tiveram a oportunidade de acompanhar uma série de atividades na cidade de Nova Délhi, na Índia, para contatos com lideranças da educação superior indiana e visitas a universidades locais.

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Meeting no Banco Mundial

No primeiro de dia de visita à capital da indiana, o grupo do Semesp participou de um encontro promovido pelo Banco Mundial e pela Embaixada do Brasil na Índia com autoridades do ensino superior nacional, reitores e lideranças de universidades de vários locais do país, além de membros da embaixada brasileira e dirigentes do Banco Mundial na Índia. O objetivo do encontro foi identificar oportunidades de colaboração entre instituições de ensino dos dois países.

O evento contou com apresentações do Country Manager do Banco Mundial da Índia, do Secretário de Educação Superior do País,  do Embaixador do Brasil na Índia, do especialista do Banco Mundial em Educação Superior Francisco Marmoledo e de dirigentes de universidades e órgãos da educação superior indiana.

Hisham S. S. Kahin, Country Manager do Banco Mundial da Índia, apresentou um panorama do sistema indiano de educação superior, os pilares, planos e estratégias do país nesta área e como o Banco Mundial tem atuado apoiando para que sejam atingidas as metas locais de educação superior.

R Sbrahamanyam, Secretário de Educação Superior da Índia, abordou de forma detalhada as estratégias adotadas pelo país para lidar com questões como o acesso ao ensino superior local, a qualidade do ensino ofertado, pesquisa e inovação, empregabilidade e internacionalização.

Ainda visando oferecer aos brasileiros um melhor entendimento do complexo ambiente da educação superior na Índia, ocorreram outras apresentações com lideranças locais.

P Singh, Chairman da University Grants Comission, instituição responsável por promover e coordenar os padrões de qualidade de ensino e pesquisa das IES nacionais, apresentou um panorama sobre a regulação do sistema indiano de educação superior e seus desafios para o aprimoramento de sua qualidade.

Furqnan Qamar, Secretary General of Indian Univesities, apresentou visão geral sobre a rede de ensino superior indiano, que envolve quase 1.000 universidades e 50.000 faculdades e suas diferentes formas de mantença (40% pública e 60% privada), bem como suas peculiaridades.

V Varghese, Vice Chancellor of Teh National Institute od Education Planning Administration, falou sobre outras caracter´siticas do sistema local, como o respeito que os professores gozam na sociedade indiana, o foco das IES em ensino em detrimento da pesquisa e a relação com a indústria. Destacou também os desafios enfrentados como o dilema massificação X qualidade, o financiamento da expansão do setor privado, a inserção no ambiente global e os rankings internacionais.

Diptaman Das, Chairman and Managing Director da Edcil, uma empresa pública que promove a internacionalização  do ensino superior indiano, apresentou as oportunidades que o país oferece para atrair alunos estrangeiros e um interessante projeto chamado “Study in India” que busca quadruplicar o número de estudantes estrangeiros no local, passando dos 50 mil para 200 mil daqui a  5 anos.

Dentre as oportunidades, o executivo destacou a língua inglesa adotada nas universidades do país, o preço baixo das anuidades quando comparada a instituições de mesmo padrão em outros locais,  o tamanho e a diversidade da rede de IES, foco em áreas STEM, relação com startups de tecnologia da informação, programas de nicho como budismo, yoga e dança clássica,  dentre outros.

Em relação ao programa de atração de estrangeiros, chamou atenção o país estar desenvolvendo uma política pública estruturada e voltada a exportar serviços de educação e, além disso, entre os recursos envolvidos na campanha estão oferta de bolsas, a construção de um portal para alunos estrangeiros, call center etc.

Visando apresentar o ensino superior brasileiro às autoridades e aos dirigentes das instituições indianas presentes no evento, o embaixador brasileiro André Aranha C. do Lago destacou diversas semelhanças e desafios que os dois países têm em diferentes áreas e, em especial, na Educação. Destacou também existir um infinito número de projetos que os dois países poderiam trabalhar juntos.

Com o mesmo objetivo, Rodrigo Capelato, diretor Executivo do Semesp, fez uma apresentação sobre o panorama da educação superior brasileira, seus desafios e oportunidades.

Na sequência, grupos de trabalho compostos por brasileiros e indianos foram formados para discutir temas de interesse de ambas as partes para o desenvolvimento de atividades em conjunto como: mobilidade de alunos, pesquisa, ensino e inovação e empreendedorismo.

Visita ao Indian Institute of Technology (ITT)

No período da tarde do dia 9 de maio, a Missão do Semesp visitou o ITT, em Nova Délhi, um dos institutos públicos autônomos mais conceituados  e tradicionais do país, contando com mais de 50 mil egressos.

Fundado em 1961, o ITT é focado em Engenharias, Tecnologia da Informação e Negócios e possui, hoje, cerca de 600 professores que produzem, aproximadamente, 2600 papers por ano, além de ser um dos mais concorridos do país.

Inscrevem-se para o processo seletivo de graduação do Instituto cerca 1.2 milhões de candidatos, sendo que 200 mil vão para a segunda fase de seleção e ao final apenas três mil são selecionados anualmente.

O Professor Sanjeev Sanghi, Dean of International Programmes, apresentou à Missão do Semesp o Instituto, sua infraestrutura e seus programas, dando destaque ao papel do empreendedorismo na formação dos alunos do Instituto.

Em relação à internacionalização, o professor destacou o interesse do ITT em projetos de colaboração internacional. Apresentou algumas das parcerias, como a de diplomação conjunta com a Queesland University na Austrália e NCTU, em Taiwan.

O Instituto demostrou grande interesse de estabelecer parceria com IES brasileiras e apresentou a estrutura que dispõe para receber estrangeiros, a política de bolsas de estudo e a estratégia para atração de docentes internacionais.

Chamou muito atenção um dos temas apresentado no Instituto: um programa do governo indiano que disponibiliza todos os conteúdos dos cursos de engenharia em EAD para as IES.

Visita a O. P Jindal Global University

No dia 10 de maio, a Missão técnica visitou a O. P. Jindal Global University (JGU), uma instituição privada, sem fins lucrativos, localizada em Haryana, próximo a Nova Délhi, fundada com o aporte de um empresário do setor de minérios e aço.

Diferente das demais IES visitadas, a JGU não é focada em Engenharia e Tecnologia, mas nas áreas de Humanidades, com faculdades de Direito, Negócios, Gestão Pública, Artes e Humanidades, Jornalismo e Comunicação, Arquitetura e Artes, Relações Internacionais e Finanças e Bancos.

A instituição é uma universidade de elite indiana, com estrutura muito semelhante ao de escolas americanas e europeias que perseguem padrões de ensino e de pesquisa internacionais.

A internacionalização da universidade pode ser constatada não só pelos convênios e parcerias que mantém com universidades do mundo todo (inclusive com IES brasileiras), como também em relação ao corpo docente: dos 400 professores, 73 são estrangeiros, oriundos de 32 países diferentes.

O Vice Chanceler da JGU, Prof. Raj Kummar, apresentou a instituição para os participantes da Missão e explanou sobre a estratégia de diferenciação da universidade, que atua nas áreas de graduação e pós-graduação (Master e PHD) para atrair estudantes não só de toda a Índia, como também de outras regiões da Ásia.

A visita chamou muito atenção dos participantes da Missão tanto pela iniciativa do filantropo indiano, que fez aporte para a fundação da instituição, quanto pela estratégia de implantação de programas de padrão internacional no país, identificando um nicho que deve ser bastante relevante em um país de 1.3 bilhões de habitantes.