O ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, divulgaram em coletiva de imprensa, nesta sexta (23), os resultados do Censo da Educação Superior 2019. De acordo com os dados, 2019 registrou um pequeno crescimento total 1,8% de matrículas de alunos no ensino superior em relação a 2018 (de 8,45 milhões para 8,6 milhões), com destaque para o EaD, com aumento de 19,1% (na rede privada, o aumento foi de 21,7%).

Apesar do ponto positivo de crescimento do EaD, a taxa de escolarização líquida do país segue estagnada em 21,4%. De acordo com o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, isso acontece por duas razões. “Primeiro, o EaD representa apenas 28,5% das matrículas totais do país. A modalidade ainda atinge um público mais velho, acima dos 30 anos, que não teve acesso ao ensino superior logo após concluir o ensino médio, não resolvendo a questão do acesso do jovem à educação superior”, avalia.

De acordo com os dados, a modalidade presencial registrou 3,8% de queda das matriculas (5,8% na rede privada). Segundo Capelato, a queda nos cursos presenciais evidencia que o país precisa ampliar as políticas de inclusão e de financiamento estudantil e também o número de vagas na rede pública. “O percentual de alunos que concluem a graduação com Fies é de 61%, com Prouni, 59%, sem Fies ou Prouni apenas 36%”, cita. “Esses números reforçam a importância de não apenas aumentar o acesso dos jovens, mas também de garantir a sua permanência na instituição. Quando o jovem tem algum tipo de financiamento, a taxa de conclusão do curso no setor privado fica acima da rede pública (48%)”, pondera.

Credenciamento de IES

Segundo Capelato, o Censo da Educação Superior 2019 revela outro ponto que precisa ser revisto. “Apesar do crescimento forte do EaD, apenas 308 IES em todo o país podem ofertar cursos na modalidade de educação a distância. São quase 2 mil IES que não possuem credenciamento para a oferta de EaD. Já passou da hora de revermos essa separação entre credenciamento presencial e EaD. É preciso acabar com essa concentração da modalidade Ead, ampliando a diversidade desse tipo de oferta”, decreta.

O Censo revelou também um aumento da titulação dos docentes na rede privada. Em 2009, 14,4% das IES possuíam professores doutores no quadro de docentes. Em 2019, esse número cresceu para 28,9%. Em compensação, a quantidade de professores horistas caiu de 53% para 29,9% no mesmo período. “Esses números demonstram uma busca constante das IES privadas por uma melhoria na qualidade de seu corpo docente”, aponta Capelato.

Dados gerais no comparativo de 2019 com 2018

  • Matrículas totais:  aumento de 0,1% nas IES públicas e de 2,4% nas IES privadas (a rede privada representa 75,8% do total de matrículas do ensino superior brasileiro);
  • Matrículas em Cursos Presenciais: queda de 5,8% na rede privada e aumento de 0,9% na pública;
  • Matrículas em Cursos EAD:  aumento de 21,7% na rede privada e queda de 8,9% na pública;
  • A rede privada representa 93,6% das matrículas EaD;
  • A rede privada representa 68,8% das matrículas presenciais;
  • Na rede privada, 35,1% das matrículas são em cursos EaD. Na rede pública, apenas 7,6% são EaD;
  • A rede privada representa 88,4% do setor em número total de IES, um crescimento de 3% em relação a 2018;
  • Ingressantes em cursos presenciais: (considerando graduação e sequenciais): queda de 2,6% na rede privada e aumento de 1,6% na pública;
  • Ingressantes em Cursos EAD: aumento de 19,0% na rede privada e queda de 48,2% na pública;
  • Na rede privada, o número de ingressantes (calouros) em cursos EaD passou o presencial, representando 50,7% do total;
  • De forma geral, o que está puxando o aumento do acesso ao ensino superior é o setor privado. Enquanto o número de calouros aumentou 7,3% nas IES privadas, caiu 3,7% nas públicas.

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