Rebecca Natow destacou na última discussão do FNESP que uma fortaleza das IES é a predisposição delas para continuar evoluindo e se adaptando (Foto: Semesp/Guilherme Veloso)

O 23° FNESP chegou ao fim nesta sexta (29) com uma discussão sobre a pergunta central que perpassou todo o evento: “por que as IES não vão desaparecer?”. Na última sessão do evento, a autora e professora de Liderança e Política Educacional na Universidade Hofstra, Rebecca Natow, e o coordenador Setorial de Desenvolvimento Humano para o Brasil do Banco Mundial, Pablo Acosta, apresentaram um cenário atual do setor e apontaram tendências que revelam a importância e relevância do ensino superior.

Confira cobertura completa do 23° FNESP

Rebecca Natow começou apresentando uma série de perspectivas sombrias que especialistas previam para o setor do ensino superior com a pandemia da Covid-19. Segundo ela, as previsões apontavam falências em massa e perdas substanciais para o setor. “Os números giravam em torno de 100 até mil IES fechando nos Estados Unidos em um futuro próximo”, citou ela. “Mas um ano depois, a realidade é que apenas 16 IES fecharam ou se fundiram nos Estados Unidos, todas elas pequenas e que já passavam por problemas financeiros antes da mesmo da pandemia”.

De acordo com Natow, a perspectiva atual é de estabilidade para o ensino superior, isso porque as instituições de ensino superior têm se mostrado resilientes ao longo da história. “Antes de tudo, é preciso dizer que a pandemia e suas consequências seguem presentes e o setor ainda está cercado de muitas incertezas”, avaliou. “Mas as faculdades e universidades se mostraram disponíveis para se adaptar ao mercado e aos ambientes em constantes mudanças. Existe uma predisposição do setor para a evolução e a transformação de forma substancial”.

Rebecca Natow finalizou reforçando que as instituições de ensino têm mostrado de forma repetida que não têm medo de evoluir para sobreviver. Segundo ela, alguns fatores são importantes para isso, da grande demanda do mercado por profissionais com diploma até a relevância que as IES têm para as próprias comunidades. “Para sobreviver e se manter relevante, o ensino superior precisa focar na aprendizagem do aluno, na produção de pesquisa e na contribuição contínua com as comunidades ao seu redor”, aconselhou.

Pablo Acosta disse que a tecnologia deve ser utilizada mais nos modelos acadêmicos e pedagógicos, não apenas nos processos administrativos das IES (Foto: Semesp/Guilherme Veloso)

O coordenador Setorial de Desenvolvimento Humano para o Brasil do Banco Mundial, Pablo Acosta, explanou sobre o cenário do ensino superior na América Latina antes da pandemia, já apontando desafios que foram potencializados pela Covid-19 na região. Ele explicou que, na América Latina, as IES privadas concentram quase metade das matrículas e que elas, juntamente com os estudantes mais vulneráveis, foram os mais afetados pela crise sanitária.

De acordo com Acosta, a partir da visão econômica do Banco Mundial, os principais desafios do ensino superior na América Latina giram em torno de tópicos como a construção de sistemas estrategicamente mais diversificados, com mais equidade, eficiência e resiliência, com maior investimento ainda na tecnologia.

“A tecnologia é uma grande oportunidade para a educação superior, mas, na América Latina, ela gera também desigualdades”, lamentou ele citando problemas com conectividade, falta de acesso a equipamentos e baixa capacitação dos docentes, por exemplo. “A tecnologia também é predominantemente usada em processos administrativos, não em métodos pedagógicos. Ela precisa ser mais utilizada como um agente transformador do ensino superior e no avanço do desenvolvimento das habilidades digitais dos estudantes”, decretou.

Entre os maiores desafios do ensino superior na América Latina, Pablo Acosta reforçou que a equidade precisa ser uma prioridade. “Todos devem ter acesso a uma educação útil e relevante assegurando oportunidades iguais”, finalizou.