O diretor Administrativo-financeiro da Fundação Hermínio Ometto FHO, Francisco Elíseo Fernandes Sanches, abriu o webinar Evasão durante a pandemia: O que as IES estão fazendo para mitigar a questão?

O Brasil apresenta altos índices de evasão no ensino superior. Por causa da pandemia, que gerou desempregos e agravou a crise econômica, as IES passaram a redobrar sua atenção para um dos problemas que mais as afligem. Para apresentar exemplos de instituições de ensino superior que têm desenvolvido boas estratégicas contra a evasão, o Semesp realizou, nesta quinta (13), o webinar Evasão durante a pandemia: O que as IES estão fazendo para mitigar a questão?, que contou com cases de três instituições: Fundação Hermínio Ometto FHO, Unicesumar e Universidade Veiga de Almeida.

O diretor Administrativo-financeiro da Fundação Hermínio Ometto FHO, Francisco Elíseo Fernandes Sanches, abriu o webinar afirmando que a IES vem mantendo um trabalho mais intenso de monitoramento da evasão desde 2009, quando a gestão percebeu que o impacto do abandono dos alunos estava comprometendo os resultados e virando um problema crítico. “Nosso nível de evasão atingiu um alto patamar e combatê-la passou a ser mais relevante do que a própria inadimplência. A evasão virou uma questão institucional”, lembrou.

A partir daí, em 2010, a FHO criou o Grupo de Combate à Evasão, com objetivo de identificar as causas da evasão, elaborar planos de ação, apurar os índices de evasão e mobilizar a comunidade universitária. “Identificamos os três principais motivos da evasão”, listou Francisco Elíseo. “São questões acadêmicas como falhas de formação e falta de hábitos de estudo; financeiras, como baixa renda familiar, desemprego, etc.; e o próprio desconhecimento do curso escolhido e do mercado de trabalho profissional”.

Segundo Francisco Elíseo, entre as ações do Grupo de Combate à Evasão estão a implantação de tutores de sala, que acompanham a frequência e desempenho dos alunos e identificam situações de desmotivação; a inclusão de disciplinas de nivelamento entre os estudantes nos primeiros semestres dos cursos; e adoção de metodologias ativas nas práticas de ensino-aprendizagem. 

“No que diz respeito a ações ligadas à questões financeiras, a FHO oferece bolsas de estudos, um programa de crédito estudantil próprio e flexibilização dos acordos financeiros”, enumerou Francisco Elíseo. Em relação a problemas relacionados à insatisfação com o curso, a IES implementou a criação de núcleos comuns de disciplinas entre cursos afins, além da criação do Programa Segunda Chance para alunos que mudarem de curso até o final do primeiro ano.

O pró-reitor de Ensino de EaD da Unicesumar, Janes Fidélis Tomelin, e o diretor de Permanência da IES, Leonardo Barbosa Spaine, falaram da experiência da instituição

Evasão no EAD

O pró-reitor de Ensino de EaD da Unicesumar, Janes Fidélis Tomelin, e o diretor de Permanência da IES, Leonardo Barbosa Spaine, contaram um pouco da experiência da instituição, que possui mais de 350 mil estudantes de EaD espalhados por vários polos. Vale lembrar que as taxas de evasão dos cursos de ensino a distância são ainda maiores do que as dos presenciais.

“Não existe apenas um caminho para vencer a evasão”, começou Janes Fidélis. Ele explicou que uma das primeiras ações da Unicesumar para combater o problema foi criar uma Diretoria de Permanência. “Além disso, mudamos nosso vestibular e a forma como olhamos o nivelamento. Trabalhos ainda com uma matemática invertida, nos perguntando por que o estudante continuava conosco ao invés de nos perguntarmos por que ele desistia do curso”, explicou.

Além da criação da Diretoria de Permanência, outra estratégia da Unicesumar foi melhorar a política de retenção, a partir do entendimento de que as causas financeiras não eram o principal motivo de evasão. “Entendemos que nossa melhor arma era a argumentação e passamos a dar o mesmo peso para a captação e permanência”, afirmou Janes Fidélis. “Estabelecemos estratégias preventivas, preditivas e reativas e compreendemos que temos maior chance de reter o estudante ainda na fase preventiva” avaliou. A maturidade dos dados, a comunicação e o relacionamento também exercem importante papel na política de permanência da IES.

Beatriz Balena, reitora da Universidade Veiga de Almeida/RJ, que encerrou o webinar

A palavra é persistência

“Não gosto da palavra Retenção”, disparou Beatriz Balenareitora da Universidade Veiga de Almeida/RJ, que encerrou o webinar. Ela apresentou a experiência da UVA, alertando que os dados apresentados eram dos cursos presenciais. “Na nossa IES, usamos o termo Persistência e  trabalhamos esse conceito como o processo no qual o estudante toma controle da sua situação acadêmica, adquirindo novas habilidades para superar as dificuldades em dar continuidade aos estudos, até a obtenção de seu diploma”, afirmou citando que questões como engajamento, pertencimento e sucesso estão ligadas.

Segundo Beatriz Balena, o principais desafios das IES em relação à evasão são a experiência em sala de aula, aspectos financeiros e tecnológicos, com a transição para as aulas remotas, e o relacionamento. “Criamos estratégias para cada uma dessas questões, além de dar uma atenção especial para nossos estudantes PCD, que costumam desistir silenciosamente dos cursos. Eles estão no nosso radar porque é nosso papel como IES ajudá-los, ajudando a nós mesmos e a sociedade”, pontuou.