Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, apresentou a segunda edição da pesquisa Adoção das Aulas Remotas, que traz a visão dos alunos e dos docentes sobre a experiência do modelo remoto

O futuro do ensino superior é híbrido? Com o eventual fim da pandemia da Covid-19, faz sentido a educação superior voltar ao que era antes? E se não, quais os caminhos possíveis a seguir? Com essas perguntas centrais, o Semesp deu início, nesta quinta-feira (19), a quinta edição do Seminário O Futuro do Ensino Superior, que trouxe apresentações de pesquisas e discussões em torno dessa que é uma das principais pautas da educação superior no momento.

Para a presidente do Semesp, Lúcia Teixeira, que abriu o evento, o ensino superior está lidando atualmente com uma situação sem precedentes históricos e traz grandes paradoxos, com o aumento da necessidade do uso de tecnologias em uma cultura de hipercolaboração. “Nesse momento em que a inovação se faz mais do que nunca necessária, precisamos do engajamento dos gestores educacionais. Os líderes do setor precisam ter uma mentalidade de experimentação e estarem abertos para a mudança cultural, além de terem consciência de que nem todas as iniciativas inovadores terão êxito”, salientou ela.

Em seguida, o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, apresentou a segunda edição da pesquisa Adoção das Aulas Remotas, que traz um panorama da visão dos alunos e dos docentes em um momento em que o modelo remoto já foi mais adaptado à realidade das IES. “A pesquisa aponta uma melhoria de percepção dos alunos e dos docentes em relação ao levantamento anterior, quando o modelo remoto ainda estava sendo implementado de forma emergencial e sem planejamento”, destacou Capelato.

Além de detalhar os resultados e conclusões da pesquisa, Capelato ainda a contextualizou a partir do tema do evento, o ensino híbrido. “O grande desafio das IES é tentar entender o que o setor vai enfrentar após o fim da pandemia. Se de um lado temos que incorporar as experiências aprendidas durante esse período, por outro, é preciso entender que existe uma fadiga do modelo remoto. O setor precisa refletir  sobre o que fica e o que não deve ficar do modelo remoto, além de compreender que não existe um único caminho a seguir, já que o setor é composto por IES diversas que enfrentam realidades muito peculiares”, defendeu.

Confira a pesquisa Adoção das Aulas Remotas – A Visão dos Alunos
Confira a pesquisa Adoção das Aulas Remotas – A Visão dos Docentes

Senior Expert da McKinsey & Company, Marcus Frank, apresentou uma pesquisa que mostra as melhores práticas para atingir a excelência na experiência do aluno em cursos online

Experiência online dos alunos

Seguindo a linha de trazer diferentes realidades e visões sobre o ensino híbrido, o Senior Expert da McKinsey & Company, Marcus Frank, apresentou uma pesquisa que mostra as melhores práticas para atingir a excelência na experiência do aluno em cursos online. Segundo ele, o aprendizado online já era uma realidade antes mesmo da pandemia, mas a situação emergencial gerada pela crise sanitária potencializou a modalidade fazendo, inclusive, que países mudassem sua regulação sobre o tema.

“A pandemia acelerou uma tendência que já existia”, declarou Marcus Frank. “Isso fica ainda mais claro agora. De acordo com nossa pesquisa, mais de 70% dos estudantes querem mudanças em relação à experiência presencial de aprendizado. A pandemia ajudou a quebrar resistências em relação ao modelo online, ficando claro que é possível  ter ensino online de qualidade. Óbvio que a modalidade nunca será igual à presencial, existem vantagens e limitações que precisam ser dimensionadas, mas os os estudantes querem ter cada vez mais opções de entrega, com mescla de aulas síncronas, assíncronas”, explicou.

De acordo com Marcus Frank, três principais básicos definem a boa experiência online dos alunos e neles que as IES precisam se concentrar: jornada integrada, pedagogia engajadora e rede de atendimento. “Os estudantes precisam ter uma clareza do conhecimento que será aprendido e das trilhas possíveis a seres seguidas, a experiência digital precisa ser simples e intuitiva, com várias possibilidades de acesso e eles precisam se sentir acolhidos pelas IES, existe uma necessidade de um sentimento de pertencimento”, resumiu.

Especialistas discutiram conceitos e perspectivas do ensino híbrido a partir de um panorama compilado pelo Consórcio Sthem Brasil

Panorama do ensino híbrido

O primeiro dia do seminário O Futuro do Ensino Superior terminou com uma discussão sobre os conceitos e perspectivas do ensino híbrido a partir de um panorama compilado pelo Consórcio STHEM Brasil. “Nosso objetivo com o panorama foi trazer uma série de discussões sobre o que significa ensino híbrido, como o conceito se apresenta e quais as ações que estão sendo feitas pelas IES que vão de encontro à ideia de ensino híbrido e da transformação do aprendizado significativo que ele se propõe”, explicou Ana Valéria Sampaio de Almeida Reis, diretora de Inovação Acadêmica da FASA Rio Grande do Sul – Faculdade Santo Ângelo, que apresentou a pesquisa.

“A pesquisa mostra que existe uma necessidade de aprofundamento do conceito e do planejamento de como o ensino híbrido deve ser organizado nas IES”, afirmou Ana Valéria. “Apenas oferecer ensino online e recursos tecnológicos não quer dizer adotar o ensino híbrido, que é uma personalização do ensino a partir da aprendizagem baseada em competências. É preciso que os alunos sejam protagonistas, há a necessidade de promover melhorias na prática dos docentes e na experiência dos alunos”, avaliou.

Após a apresentação da pesquisa, a head de Cursos Híbridos da Unicesumar, Thuine Daros, o diretor Acadêmico de Educação a Distância da Cruzeiro do Sul Educacional, Carlos Fernando de Araujo Jr, a Coordenadora do Núcleo de Apoio e Inovação Pedagógica e da Área de Tecnologia, da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre, Letícia Silvia Garcia, e o diretor de Inovação e Redes de Cooperação do Semesp e presidente do Consórcio Sthem Brasil, Fábio Reis, debateram sobre os resultados do panorama.

O Seminário O Futuro do Ensino Superior continua nesta sexta-feira (20) com mais discussões sobre ensino híbrido. Confira a programação completa aqui.