Washington Lemos, da Faculdade Dom Bosco, contou um pouco da experiência da IES com o modelo dual. Foto: Guilherme Veloso/Semesp

O terceiro dia (29) do 22º FNESP começou com uma série de palestras no formato TED discutindo novas formas de educação. O objetivo das falas foi instigar gestores de instituições de ensino a romperem com o convencional e abraçarem as inúmeras possibilidades de ofertas que podem ser adotadas.

Washington Lemos, da Faculdade Dom Bosco, contou um pouco da experiência da IES com o modelo dual, que visa desenvolver uma simbiose entre IES e empresas. “Não se trata apenas de uma parceria entre IES e empresas. As empresas e IES pagam para os estudantes, que entregam em troca talento e engajamento. Dessa forma, as empresas ganham uma formação customizada, com profissionais que foram formados de acordo com as necessidades reais das companhias”, explicou.

Redes de cooperação são imprescindíveis para a sustentabilidade do setor

Segundo Lemos, a base desse modelo é a confiança mútua entre IES e empresa. “Ambas precisam acreditar que têm condições de estarem trabalhando juntas nesse processo. Não pode haver erro, por exemplo, na escolha dos professores e tutores”, destacou.

“O futuro do ensino superior é online”, decretou Jenae Druckman Cohn, da Universidade do Estado da Califórnia, em Sacramento. Foto: Guilherme Veloso/Semesp

Jenae Druckman Cohn, da Universidade do Estado da Califórnia, em Sacramento (EUA) decretou que o futuro do ensino superior é online. “A experiência online é um componente inseparável da educação do futuro, e as faculdades precisam saber desenhar seus cursos para que eles possam ser frequentados de forma online”, afirmou. “No futuro, o estudante vai escolher onde, quando e como estudar, com o aprendizado seguindo o ritmo de cada aluno”.

Sustentabilidade do setor está em risco, apontam palestrantes

Para Cohn, as possibilidades são muitas e já existem, navegando entre a oferta totalmente presencial e a totalmente online, com ensino híbrido e high-flex como alternativas. “Nesse futuro, será importante que as aulas online não ergam barreiras. É necessário que as IES criem múltiplas opções para que os alunos tenham engajamento contínuo, colhendo feedback constante dos estudantes para que estes tenham a melhor experiência educacional”, aconselhou.

CEO da Faculdade Méliès, João Luis Boldrini, falou um pouco sobre o case da IES, que foge do modelo de faculdade tradicional. Foto: Guilherme Veloso/Semesp

CEO da Faculdade Méliès, João Luis Boldrini, falou um pouco sobre o case da IES, que foge do modelo de faculdade tradicional, com cursos otimizados que trazem um enfoque conceitual e artístico forte. “Somos uma faculdade de artes digitais conhecida da área de animação 3D. Temos uma proximidade muito grande entre nossas áreas acadêmica e administrativa e estamos cumprindo nossa missão de formar profissionais bem preparados para o mercado”, disse. “Nossos alunos têm um alto grau de empregabilidade e as empresas nos procuram em busca de nossos talentos”.

Foco na formação do indivíduo é consenso entre palestrantes

Segundo Boldrini, o foco da faculdade é treinar os alunos para que estes cheguem ao estágio ideal de sua arte. “Com a pandemia, os estudantes perceberam que não é mais necessário ficar muito tempo presencialmente na faculdade. Isso está mudando nosso estilo de ensino, com aulas gravadas ao vivo que ficam disponíveis para os alunos acessarem remotamente”.

Robert Machado, CEO da Betablocks, explanou sobre o uso da tecnologia blockchain na educação. Foto: Guilherme Veloso/Semesp

Robert Machado, CEO da Betablocks, explanou sobre o uso da tecnologia blockchain na educação, apontando que ela funciona para a verificação de certificações, que pode criar uma documentação acadêmica que estará disponível em uma carteira digital individual. De acordo com ele, a tecnologia pode ajudar os profissionais a lidarem com a necessidade de reciclagem da força de trabalho com a aproximação de um mercado cada vez mais automatizado.

Michael Crow defende universidade mais democrática

“As instituições de ensino superior passarão por algo parecido com o que aconteceu no retail/e-commerce. A geração Z não quer mais ficar quatro anos estudando em uma faculdade, elas querem soluções de aprendizado sob demanda, ainda mais porque o conhecimento tem ficado obsoleto muito rápido”, contou ele. “Isso vai impactar as universidades, que terão menos matrículas. Nesse contexto, é importante que as IES foquem em tecnologia e empreendedorismo, pitching e auto-motivação, em ensinar inglês e chinês”, defendeu.

Renata Bernardon, diretora de Educação Continuada da PUC-RS, e Wilson Marchionatti, diretor Uol EdTech, encerraram as palestras no formato TED. Foto: Guilherme Veloso/Semesp

Por fim, Renata Bernardon, diretora de Educação Continuada da PUC-RS, e Wilson Marchionatti, diretor da Uol EdTech, contaram um pouco da proposta de cursos de pós-graduação em âmbito nacional com profissionais de várias localidades da IES. “Nossa missão é profissionalizar a educação continuada, ofertando novos modelos em um ambiente tecnológico de inovação”, afirmaram.

Professores vão liderar revolução da aprendizagem

Atualmente, com 50 mil alunos distribuídos em 25 cursos, a proposta é trazer professores inspiradores e conectá-los com os professores das universidades. “Queremos instigar o espírito do aprendizado entre nossos alunos, deixando claro que a inovação não é algo abstrato”, finalizaram.

O diretor de Inovação e Redes do Semesp, Fábio Reis, lançou o livro “Mudança de Mindset – Uma nova forma de pensar a educação”. Foto: Guilherme Veloso/Semesp

Lançamento de livro

No início da manhã desta quinta (29), o diretor de Inovação e Redes do Semesp, Fábio Reis, lançou o décimo livro organizado a partir das discussões do FNESP. O livro “Mudança de Mindset – Uma nova forma de pensar a educação” traz um notável desfile de autores e temas do maior interesse para educadores e gestores de faculdades e universidades. O objetivo com os textos é virar a chave do pensamento tradicional para um novo modo, disseminado pela Revolução Industrial 4.0 e suas tecnologias.

“É uma alegria e privilégio lançar o livro nesse evento tão importante para o ensino superior”, disse Reis. “Os textos instigam mudanças e são de autores que estão atuando no ensino superior ao redor do mundo e são extremamente envolvidos com as discussões atuais do setor”, afirmou. “Esperamos inspirar líderes, gestores e educadores com essas discussões”.