Depois de discutir questões ligadas ao financiamento estudantil, a formação técnica e profissional e a avaliação do ensino superior, a série de webinares Políticas Públicas: Dinâmica e Organização do Ensino Superior chegou ao último episódio debatendo a inovação acadêmica e a formatação de trajetórias formativas flexíveis e articuladas. Participaram do evento Marilia Ancona Lopez, conselheira da Câmara de Educação Superior CES/CNE; Antonio de Araujo Freitas Junior, pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas – FGV; e Guie Hartney, diretora de Relações Internacionais e Parcerias Globais da Universidade do Sul de Queensland (USQ).

Guie Hartney, diretora da USQ, primeira universidade australiana no ranque de empregabilidade de seus formandos, abriu o webinar contando um pouco do case da IES, pioneira no ensino remoto no país, com cerca de 70% de seus estudantes matriculados na modalidade online. “Nossa universidade acredita nas parcerias internacionais flexíveis como o caminho para o futuro e precisamos nos ajustar à nova realidade da Covid-19 para continuarmos construindo pontes relevantes do ponto de vista global”, disse ela reforçando que as instituições de ensino tiveram que ser muito criativas e inovadoras na entrega da educação por causa da pandemia.

Segundo ela, mesmo com todas as transformações que o ensino superior está passando, o objetivo da universidade continua sendo preparar os estudantes para o emprego do futuro, desenvolvendo uma trajetória de aprendizagem com ênfase no pensamento crítico. “Na USQ, buscamos um arranjo híbrido em termos de ensino e aprendizagem no formato online com diplomas modulares e parcerias com a indústria, sempre buscando uma aprendizagem integrada ao trabalho para atender as expectativas dos alunos em relação à empregabilidade e as prioridades de desenvolvimento do mercado de trabalho”, explicou.

Em seguida, a conselheira da Câmara de Educação Superior CES/CNE, Marilia Ancona Lopez, abordou alguns tópicos relacionados à questão da flexibilidade curricular do ponto de vista de legislação e regulamentação, apontando algumas barreiras como a diferença entre modalidades, as diretrizes curriculares e a avaliação das IES. “A pandemia, por exemplo, nos obrigou a rever essa diferenciação entre os conceitos de modalidade presencial e a distância, uma distinção que não faz mais sentido a partir da incorporação de recursos tecnológicos”, pontuou.

“Em relação às diretrizes curriculares nacionais, o trabalho do CNE tem sido flexibilizar as matrizes curriculares e disciplinas para que o foco do aprendizado seja nas habilidades e competências, deixando as próprias instituições a cargo de definir o currículo dos cursos”, explicou Marilia. Segundo ela, um outro desafio dessa flexibilização curricular é a questão das avaliações que desconsideram a variedade sócio-econômica do país. “O Ministério da Educação aplica uma avaliação única para todo o país, o que acaba por limitar a flexibilidade das IES, que podem ser penalizadas caso não atendam as exigências do MEC”, afirmou.

Antonio de Araujo Freitas Junior, pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), terminou o webinar levantando uma série de questões sobre inovação acadêmica a partir de pontos como desenvolvimento dos docentes e de projetos pedagógicos e o atendimento das demandas profissionais do futuro com o desenvolvimento de competências e habilidades.

Realizado pelo Semesp, em parceria com a Embaixada da Austrália e Conselho Nacional de Educação (CNE), a série de webinares está disponível na íntegra aqui.