Fonte: Valor Econômico

O número de novas matrículas, no processo seletivo da metade do ano, nas instituições privadas de ensino superior caiu em média 30% quando comparado ao mesmo período de 2014 devido à redução do Fies e ao cenário macroeconômico no país, segundo o Semesp, sindicato das instituições de ensino superior.

“Além disso, o custo de captação foi maior porque foi preciso investir mais em marketing para atrair os alunos”, contou Gustavo Hoffmann, pró-reitor acadêmico da Unifac/Faceb, que tem apenas 4% de sua base de alunos com Fies e registrou uma redução de 20% no volume de calouros.

A queda neste segundo semestre pode representar uma tendência do setor em 2016, uma vez que o cenário macroeconômico ainda deve ser de recessão.

Segundo especialistas do setor ouvidos pelo Valor, neste período devem se sobressair grupos de ensino que tenham menos de 30% de sua base de alunos atrelada ao financiamento estudantil do governo, que ofereçam cursos de menor custo como os de ensino a distância (ou tecnólogos), que se diferenciem da concorrência pela qualidade no ensino e, principalmente, tenham um caixa robusto para suprir os possíveis atrasos nos repasses do Fies.

As empresas de ensino superior Anima, Estácio, Kroton e Ser Educacional atendem boa parte desses pré-requisitos, além de serem fortes geradoras de caixa e pouco alavancadas. Com isso, estão conseguindo subsidiar de alguma forma seus alunos. A Kroton, por exemplo, faz um parcelamento sem juros de sua mensalidade. Anima e Estácio arcam com 100% da taxa de juros do crédito privado fornecido pela Ideal Invest. A Ser Educacional cobra os mesmos juros do Fies, de 6,5%.

Em relação à exposição ao Fies, a Kroton tem 24% de sua base total de alunos sustentada pelo financiamento do governo – essa dependência é bastante diluída porque a companhia tem mais da metade de suas matrículas em cursos de ensino a distância.

“Apesar de uma visão mais seletiva diante do atual cenário, mantemos nossa recomendação de compra dos papéis da Kroton devido à combinação de diversificação, trajetória e escala são as razões por trás de nossa preferência”, disse Roberto Otero, analista do BofA (Bank of America Merril Lynch).

Na Estácio, a companhia mais conservadora no boom do Fies dos últimos anos, 29% dos alunos estudam com o crédito público.

Kroton e Estácio têm, portanto, menos de 30% de seus alunos estuando com Fies – posição indicada como saudável pelo consultor em educação, Carlos Monteiro. A Ser Educacional tem 43% de suas matrículas atreladas ao Fies, mas pesa a seu favor o fato de que a maioria de suas faculdades está no Norte e Nordeste, regiões prioritárias para o Fies. Na Anima, essa fatia é de 40% e o ponto positivo é que seus cursos têm as melhores notas.

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