Fonte: G1 Brasil

As instituições de ensino superior que oferecem cursos de educação a distância (EAD) têm mais costume de usar técnicas de ensino online também para seus alunos presenciais. Segundo estudo divulgado na tarde desta segunda-feira (27) pelo Sindicato de Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), todas as faculdades e universidades que têm alunos de EAD aproveitam, nos cursos presenciais, a carga horária permitida pelo Ministério da Educação (MEC) para atividades a distância.

O estudo ouviu 20 instituições –dez que já oferecem cursos a distância, duas atualmente em processo de abertura da modalidade EAD, seis que pretendem aderir à modalidade a médio e longo prazo, e duas que afirmam preferir apenas a modalidade presencial.

O Semesp representa mantenedoras de faculdades, universidades e centros universitárias de vários estados brasileiros, e afirma ter feito a pesquisa também entre instituições não representadas pelo sindicato. Uma mesma mantenedora pode ser responsável por diversos polos de EAD e campi presenciais. Por causa de termos de confidencialidade, a lista de instituições participantes da pesquisa não foi divulgada.

O MEC permite que os cursos presenciais distribuam até 20% da carga horária das disciplinas de forma não presencial.

No grupo das instituições que têm polos de EAD, todas já implementam técnicas desenvolvidas para essa modalidade também nos cursos tradicionais, em que os alunos passam a maior parte do tempo na mesma sala que o professor.

Já entre as instituições que não participam da modalidade EAD, esse tipo de técnica está presente na maioria dos casos, mas não em todos, segundo o Semesp.

‘Sala de aula invertida’

A metodologia conhecida como “sala de aula invertida” é usada por 75% das instituições participantes da pesquisa. A técnica consiste em redistribuir o tempo das aulas: quando professor e estudantes estão “juntos” (mesmo que em um ambiente não presencial), em vez de o professor usar o tempo explicando o conteúdo da aula, ela é usada para que o grupo promova debates, discussões ou tire dúvida sobre o conteúdo que já foi estudado anteriormente, de forma individual pelos alunos.
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Segundo Marcos Simonetti, diretor de análises da Toledo & Associados, instituto de pesquisa que fez o trabalho, encomendado pelo Semesp, isso permite que o aprendizado do conteúdo possa ser individualizado. “Por exemplo, eu e você podemos estudar uma matéria. Você aprende no caminho mais fácil para você, e eu aprendo em um caminho diferente, mas que seja mais fácil para mim”, explicou ele.

“Isso vai ao contrário do que somos acostumados a estudar, tem funcionado muito bem em muitos países, e no Brasil a gente tá avançando ainda.”

Outras metodologias usadas pela maioria das instituições participantes da pesquisa estão a avaliação formativa, que acompanha e avalia o desempenho dos alunos com base em todas as atividades, não só as provas, e a aprendizagem colaborativa, que estimula a construção de conhecimento em trabalhos de grupo.

Nota mais alta

A pesquisa também estimulou respostas espontâneas dos gestores dos cursos EAD e, segundo Simonetti, uma das respostas destacadas no estudo foi o fato de os estudantes da modalidade a distância terem aproveitamento maior nas provas e também no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), aplicado pelo MEC.

De acordo com o pesquisador, a pesquisa não oferece dados suficientes para traçar estatísticas, mas entre as respostas dos gestores estão casos e exemplos sobre como os professores, por precisarem melhorar sua capacitação para novas metodologias de ensino, terem conseguido notas mais altas dos alunos.

Isso, segundo ele, também se traduz em comparações entre o mesmo curso oferecido pela instituição tanto de forma presencial como a distância. “Eles perceberam que os alunos EAD estão aprendendo mais rápido, que o professor está conseguindo melhores resultados com esses alunos, que o curso presencial, por exemplo, tinha nota 4 no Enade, e o EAD foi avaliado com nota 5”, disse ele.