Sessão “O Novo Contrato Social para a Educação e a Responsabilidade das IES” abriu o último dia do evento “O Admirável Futuro da Educação Superior”

O terceiro e último dia de “O Admirável Futuro da Educação Superior”, realizado nesta sexta-feira (28), foi aberto com uma sessão sobre o tema “O novo contrato social para a educação e responsabilidade das IES”, que contou com a participação de Cristina Maria Coimbra Vieira, Drª em Ciências da Psicologia da Educação da Universidade de Coimbra, e com moderação da pró-reitora de pesquisa da PUC-PR, Paula Trivelatto.

Cristina Vieira fez uma reflexão sobre o Relatório Global da Unesco “Reimaginar os nossos futuros juntos: um novo contrato para a educação, publicado em 2021”. “Esse documento foi um processo de consulta mundial e aberta que envolveu mais de um milhão de pessoas com o objetivo de catalisar um debate global sobre como a educação pode moldar futuros comuns pacíficos, justos e sustentáveis partindo de três questões essenciais: O que devemos continuar a fazer na educação? O que devemos deixar de fazer? E o que precisamos mudar e reinventar com criatividade?”, enumerou.

Em seguida, Cristina Vieira disse que “o mundo, a partir de 2020, entrou em um período desconhecido e hoje há uma guerra entre Ucrânica e Rússia, o que faz com que possa haver retrocesso na educação e, portanto, os desafios são permanentes” e os listou:

• A educação ao longo da vida é um direito de todas as pessoas, em todos os países;
• A educação é um bem comum e deve envolver a cooperação entre atores estatais e não estatais;
• É preciso desenvolver urgentemente ações individuais e coletivas que assentem em atos de coragem, liderança, resistência, criatividade e cuidado;
• Considerar diferentes formas de conhecimento, tipos de aprendizagem horizontal e partilhar saberes entre fronteiras;
• Respeitar o princípio da subsidiariedade, e apoiar e valorizar os esforços nacionais, regionais e locais.

Por fim, Cristina Vieira alertou sobre fatores que podem erroneamente toldar a análise sobre o papel do ensino superior na atualidade como “a crença generalizada na democratização efetiva do acesso à educação; a aprovação de de que igualdade e equidade em termos de condição de acesso assegura condições de sucesso; uma visão classista que o ensino superior contribui para a organização social desigual de base e a percepção que vivemos em um período de “modernidade líquida” (termo criado por Zygmunt Baumann) em que as relações sociais, econômicas e de produção são voláteis, efêmeras, frágeis, fugazes e maleáveis como o líquido e que parece não haver compromissos firmes e nem relações estáveis, o que afeta o modo como nos relacionamos socialmente e como os posicionamos face a compromissos duradouros em oposição à crença na modernidade sólida do passado, supostamente alicerçada na estabilidade e na permanência no compromisso”.

O painel O Futuro da Educação encerrou os debates do evento O Admirável Futuro da Educação Superior

Futuro da educação

O presidente da Cengage Learning, Fernando Valenzuela Migoya, eleito um dos líderes de América Latina em inovação digital, encerrou os painéis do evento O Admirável Futuro da Educação Superior apresentando ideias para pensar o futuro da educação. Segundo ele, a educação é um sistema complexo feito a partir de diferentes visões. “Precisamos deixar para trás essa ideia de educação como um jogo finito que termina com a graduação. Essa é uma visão obsoleta que esquece que a educação acontece ao logo da vida e para diferentes gerações”, afirmou.

Migoya lembrou que a América Latina possui os estudantes com maior perda de capacidade de compreensão em decorrência de problemas de leitura e apontou a tecnologia como principal ferramenta para solucionar esse problema. “Como educar pessoas que não têm capacidade para ler? Com tecnologia, que vai oferecer ferramentas e instrumentos para personalizar o aprendizado”, apontou ele.

Para Migoya, a tecnologia também possibilita que as IES parem de pensar e separar a educação em modalidades. “A tecnologia ainda facilita a colaboração entre universidades, uma colaboração elástica que permite a cooperação entre pessoas e IES que possuem pensamentos distintos”, avaliou. “Isso é importante para proporcionar uma conversa multigeracional entre equipes de trabalho com profissionais de diferentes gerações. Atualmente temos pessoas vivendo de sete gerações distintas, é preciso integrar essas pessoas para obtermos mais inclusão e diversidade”, decretou.

Ele finalizou propondo deixarmos para trás o conceito de universidade para adotarmos a ideia de multiversidade com múltiplos segmentos verificados e com uma inovação aberta. “Nós temos a oportunidade de sermos a geração que vai mudar a educação para o futuro, não um futuro de ficção científica, mas um futuro que já está acontecendo”, concluiu.

Prêmio Inovação no Ensino Superior

Após as palestras e discussões do terceiro e último dia do evento, foram divulgados os vencedores da segunda edição do Prêmio de Inovação no Ensino Superior Prof. Gabriel Mario Rodrigues. Confira os vencedores:

Categoria IES

Modalidade Gestão Pedagógica

O novo dentista para os novos tempos: A criação de uma disciplina “Inovação e Empreendedorismo – Laboratório de Soluções”, da Faculdade São Leopoldo Mandic.

Modalidade Ações junto à Comunidade

Projeto integrador de extensão como estratégia para resolução de problemas sociais e para o desenvolvimento de habilidades e competências profissionais, do Centro Universitário Salesiano (UniSales)

Modalidade Inovação na Aprendizagem

Integração entre os cursos de Engenharia, Design, Administração – Infraestrutura e currículos alinhados para a formação de profissionais com competência inovadora, do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN-IMT)

Categoria Educador

Modalidade Gestão Pedagógica

Competências e flexibilidade curricular: uma experiências em cursos de Ciências Agrárias, do Prof Humberto Vinício Altino Filho (Centro Universitário UNIFACIG)

Modalidade Ações junto à Comunidade

Filtro Ecológico – Uma Estratégia para Promoção de Saúde nas Comunidades, do Prof. Francisco Adalberto do Nascimento Paz (Centro Universitário Santo Agostinho UNIFSA)

Modalidade Inovação na Aprendizagem

Borboleta Azul Educador, do Prof Lucas Fernandes Leal (FAESA Centro Universitário)

Confira vídeos de todos os projetos finalistas aqui