Quarto painel do Diálogos Contemporâneos abordou a questão climática, um tema global e que tem ganhado relevância nos últimos anos

Depois de painéis sobre o papel das lideranças, as crises econômicas e diversidade, o projeto Diálogos Contemporâneos discutiu nesta terça (19) outro tema importante que demanda uma nova visão política e uma atitude mais ativa por parte da sociedade: as mudanças climáticas. O projeto é realizado pelo Semesp em parceria com o Centro Universitário Newton Paiva e o Centro Universitário Facens, além de contar com o apoio de mais uma dezena de IES.

Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, abriu o painel destacando que o tema é uma pauta global relevante e que o assunto está cercado de polêmicas envolvendo o Brasil. “Discutir as mudanças climáticas com os estudantes é uma maneira de transformar nossa realidade e promover mudanças”, disse ele.

“O propósito do Diálogos Contemporâneos é ampliar uma visão sistêmica, o pensamento crítico e uma atitude cidadã e colaborativa de nossos alunos, desenvolvendo isso dentro de nossas universidades e da sociedade”, explicou Thais Beldi, do Centro Universitário Facens. “Nosso objetivo aqui é discutir essa temática emergencial que precisa ganhar corpo e envolver toda a sociedade”.

O quarto painel do Diálogos Contemporâneos, último realizado em 2021, contou com mediação de Luciano Frontelle, ativista e co-fundador do coletivo Clímax Brasil, e contou com as presenças do cineasta Evgeny Afineevsky, diretor do documento “Francesco”, sobre o Papa Francisco, que inspirou o nascimento do Diálogos Contemporâneos; de Flávia Speyer, analista Regional de Projetos de Baixo Carbono no ICLEI América do Sul; e de Cássia Moraes, fundadora e CEO do Youth Climate Leaders.

O quarto painel do Diálogos Contemporâneos já está disponível na íntegra 

Hora de agir

O cineasta Evgeny Afineevsky começou as discussões perguntando como os líderes mundiais estão decidindo agir para mitigar as mudanças climáticas. Segundo ele, muita gente tem discutido a questão climática, mas pouco tem sido feito. “Precisamos agir e ver ações concretas, porque a sociedade e os governos precisam prestar atenção na questão de maneira urgente”, defendeu.

Recém-chegado da Conferência do Clima (COP26), da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada no começo de novembro em Glasgow, na Escócia, Luciano Frontelle contextualizou um pouco sobre as decisões tomadas no evento e reforçou que enquanto não houver compromisso por parte das lideranças, o texto acordado na COP26 não passará de promessa.

“O texto acordado na COP26 não é o ideal ou o necessário, mas o possível em virtude das pressões, lobbies e interesses nacionais dos países mais ricos”, explicou. “Do ponto de vista diplomático, a conferência entregou algo que estava devendo, mas, infelizmente, muitas discussões importantes ficaram de fora, como a questão do financiamento para os países que já estão sofrendo impactos climáticos, geralmente países em desenvolvimento que não são os responsáveis pelas grandes emissões de carbono na natureza”.

Flávia Speyer falou sobre o ciclo de uma política pública, que vai desde o reconhecimento do problema ao comprometimento, mobilização e monitoramento do problema. Segundo ela, a agenda climática tem o potencial de juntar esforços das mais diversas áreas, não apenas aquelas relativas ao meio-ambiente. “Além disso, essa é uma questão que não está restrita ao poder público, mas deve envolver toda a sociedade e iniciativa privada”.

Integrante da velha guarda da juventude climática, como mesmo se autointitulou, Cássia Moraes começou sua fala lamentando o atual momento que o Brasil está passando. “Estamos em um momento completamente diferente de quando comecei a trabalhar com a questão ambiental”, disse. Ela destacou que é importante que a sociedade não fique alheia ao que está acontecendo atualmente no país e reforçou que para que a questão climática seja resolvida é preciso antes agir em relação a outros problemas sociais.

“Não há como resolver a questão climática sem pensar no desemprego estruturante e na sustentabilidade financeira de pessoas que estão em vulnerabilidade”, defendeu ela. “Os jovens de países emergentes não podem ser ativistas ou se dedicar a atividades voluntárias porque antes disso existe um problema de renda”, lamentou. “A retomada verde envolve gerar oportunidades para esses jovens”. Ela finalizou sua fala destacando também a importância da educação climática, capacitando profissionais e despertando o interesse para o assunto.

O próximo painel do Diálogos Contemporâneos abordará a questão dos refugiados e acontece em março do próximo ano. Saiba mais sobre o projeto com as datas dos painéis aqui.