Mais do que mirar os rankings, é preciso analisar a própria produção, seja científica, acadêmica ou profissional

Luciene Leszczynski

 

172_50Não importa a metodologia, os principais rankings que avaliam o ensino superior no mundo incluem a produção acadêmica e científica entre os requisitos básicos de qualidade das instituições. O Top Universities, produzido pela Quacquarelli Symonds, entre os critérios utilizados, pesa a quantidade de artigos científicos publicados pelos professores, além da reputação acadêmica dos pesquisadores. O Academic Ranking of World Universities (ARWU), criado pelo Instituto de Educação Superior de Xangai, também inclui a produção científica entre os itens que podem ser mensurados para criar a listagem. Até o brasileiro Ranking Universitário Folha (RUF), divulgado pela primeira vez no ano passado, pelo jornal Folha de S.Paulo, com o intuito de fazer uma avaliação mais próxima da realidade das instituições do país, atribui 55 pontos só para pesquisa acadêmica e outros 5 pontos a inovação, que considera a quantidade de patentes requeridas.

Em parte, utilizar a produção científica como critério de classificação pode ser considerado injusto. Especialmente no caso das faculdades de formação específica para o mercado, como as de graduação tecnológica, tão em voga e necessárias no momento para suprir a enorme demanda por trabalhadores qualificados gerada pela veia desenvolvimentista instalada no país.

É injusto porque as habilidades desenvolvidas durante a graduação de um bom investigador científico não serão necessariamente as mesmas que deverão ser adquiridas por um bom profissional de gestão de recursos humanos, por exemplo. E, portanto, nem por isso esse será melhor ou pior qualificado do que aquele.

A importância de valorizar a construção do pensamento científico está além de mera classificação. É uma qualidade que, quando fomentada com primazia, evoca o respeito e a não conformidade, um senso de responsabilidade e a elevação do raciocínio, características destacadas em todo bom profissional. Mais do que mirar os rankings, é preciso analisar a própria produção, seja científica, acadêmica ou profissional.