Lúcia Teixeira, presidente eleita do Semesp, abriu a edição 2021 das Jornadas Regionais

Começou nesta quinta (18) mais uma edição das Jornadas Regionais do Semesp. Campinas foi a primeira cidade a receber o evento, mais uma vez realizado de forma online em razão das medidas de segurança decorrentes da pandemia da Covid-19. A nova presidente eleita do Semesp, Lúcia Teixeira, abriu a 17edição das Jornadas Regionais destacando a importância da representação das IES privadas no setor do ensino superior. “Somos 75% das matrículas do ensino superior e fomos aqueles que mais rápido atenderam e responderam aos novos desafios que estamos vivendo atualmente”, afirmou ela reforçando que a nova diretoria do Semesp pretende continuar avançando e crescendo em sua atuação para que o setor privado siga oferencendo um ensino de qualidade.

Rodrigo Capelato e Alexandre Mori apresentaram dados estatísticos do setor e informações sobre crédito estudantil próprio durante a Jornada Regional de Campinas

Dados educacional e crédito estudantil próprio

Na primeira palestra da manhã, o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, apresentou uma série de dados estatísticos sobre as cidades da região de Campinas, reforçando a importância das informações para que as IES possam inovar e buscar novos caminhos de forma embasada, ainda mais no atual cenário difícil da pandemia. Capelato reforçou que, antes mesmo no início da pandemia, o setor privado já estava passando por dificuldades em razão da crise econômica que eclodiu no país em 2015.

“Ainda que incipiente, havia uma perspectiva de melhora em 2020”, disse Capelato. “Em 2019, tivemos um crescimento do setor privado de 2,4% das matrículas, mas é um aumento que não se traduz no setor como um todo, já que foi pautado pelo EaD”, detalhou. “Uma das provas disso é que nossa taxa de escolarização líquida não cresce. Quando ela cresce, é porque a população de jovens entre 18 e 24 anos, pouco atendida pelo EaD, não está crescendo”, explicou.

Segundo Capelato, a situação é preocupante porque o setor privado é a locomotiva do ensino superior e os dados de 2020 mostram uma realidade muito ruim. “A queda total de matrículas no segundo semestre foi de 20%. A estimativa para 2020 é de 10% na queda das matrículas e 15% na redução de ingressantes”, lamentou.

Ele aponta três fatores principais que podem transformar 2021 em um ano ainda mais preocupante. “Primeiro, temos a crise econômica, com a alta da inflação e da taxa de desemprego, o que pode impactar ainda mais nas rematrículas e aumentar a inadimplência”, citou. “A piora da pandemia é outro fator. As IES não podem retomar as aulas presenciais e a perspectiva de vacinação não tem se cumprido. Por fim, a postergação do ENEM, com a divulgação dos resultados apenas no final de março, está atrasando ainda mais o ingresso de novos estudantes”.

Diante desse cenário, Capelato apontou que a palavra-chave para a sobrevivência das IES é a transformação digital, principalmente na modalidade presencial. “A tendência é o modelo híbrido, então as IES precisam ter todas as formas de entrega do ensino superior. Elas devem ter cultura e mentalidade para se tornarem verdadeiros espaços de aprendizagem”, avaliou. “Em 2020, tivemos carta-branca para inovarmos e fazermos essa transformação digital da forma que quisemos. Foi possível cometer todo tipo de erro, e as IES precisam ver isso como uma oportunidade”.

Capelato lembrou ainda que o setor privado precisa lutar junto ao governo por programas de acesso. “Olhando os dados do ENEM, nosso perfil de aluno é muito carente. 90% deles não têm dinheiro. Infelizmente, o governo parece não estar preocupado com isso. Uma saída para as IES é oferecer crédito educativo próprio”, pontuou.

O gerente da área de Financiamentos do Semesp, Alexandre Mori, reforçou que dados mostram que a tendência é efetivamente as IES aumentaram a oferta de crédito educativo próprio, principalmente porque programas como o FIES têm minguado ao longos dos anos. “Essa é uma grande oportunidade para as IES”, decretou Mori, que ainda apresentou o conceito fundamental do crédito próprio, sugestões de condições de financiamento, os fatores críticos de sucesso e os itens fundamentais para a realização de um estudo de viabilidade para a implantação de um crédito próprio.

Dilnei Lorenzi, pró-Reitor da Universidade São Francisco, apresentou o Programa Interno de Formação Continuada dos Colaboradores da IES

Programa de Formação Continuada

Em 2021, cada cidade terá a apresentação de um case regional durante as Jornadas. Em Campinas, o pró-reitor da Universidade São Francisco (USF), Dilnei Lorenzi, apresentou o Programa de Formação Continuada da IES. Criado em 2018 a partir do planejamento estratégico e reposicionamento da imagem da IES, o programa tem como objetivo impactar toda a comunidade universitária, influenciando todos os atores envolvidos, do corpo docente ao técnico-administrativo. “O CHAVE tem como propósito refletir a própria identidade da IES e prepará-la para os desafios do futuro”, explicou Dilnei.

O nome do programa remete competências, habilidades, atitudes, virtudes e ética e foi desenvolvido a partir de cinco dimensões: processos administrativos, gestão educacional, boas práticas pedagógicas, desenvolvimento pessoal e profissional e tecnologia da informação e comunicação. “A partir daí, o programa desenvolve ações para permitir que nossa IES dê um salto qualitativo, tornando-se um ambiente de fomento e formação dentro de um outro patamar de qualificação e desenvolvendo na IES uma cultura de formação”, afirmou Dilnei.

José Roberto Covac, diretor Jurídico do Semesp, encerrou a Jornada de Campinas tirando dúvidas sobre questões de legislação

Legislação educacional

O evento de Campinas foi encerrado pelo diretor Jurídico do Semesp, José Roberto Covac, que discorreu sobre uma série de questões de legislação que tem impacto o ensino superior privado. Entre os assuntos discutidos estavam a retomada das aulas presenciais e a Lei de Proteção de Dados (LGPD).

“É importante as IES lembrarem que não existe na legislação a figura do ensino remoto, apenas vigente em virtude de decretos que declaram estado de calamidade pública”, reforçou. Covac destacou também a questão do compliance nas IES, afirmando que é algo que entrou na ordem do dia e, possivelmente, será um tópico regulatório no futuro. “É algo necessário para as IES e que funciona como uma prevenção e para verificar os processos internos das instituições”.

As próximas cidades a recebem as Jornadas Regionais são Ribeirão Preto, Marília, o estado de Minas Gerais, as regiões de Santos e São José do Rio Preto. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas aqui.