O 19°FNESP , realizado pelo Semesp, nessa quinta-feira (28), promoveu o painel “Sistemas de Educação e Políticas Públicas: uma análise comparada” com as participações do deputado Caio Narcio, presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados; de  Jukka Mönkkönen, reitor da Universidade da Finlândia Oriental (University of Eastern Finland) e membro do Conselho da Universidade da Finlândia (Finland University), Sérgio Fiuza, vice-reitor do Centro Universitário do Pará (CESUPA) e membro do Grupo de Trabalho de Política Pública do Semesp e Andrés Bernasconi, prof. da Faculdade de Educação e do Centro de Estudos e Práticas em Educação Política da PUC do Chile.

O deputado federal Caio Narcio disse que “o país só vai superar as dificuldades da educação com uma união de forças entre ensino público e privado e por meio da inovação, que gera riquezas”.  Segundo ele, “é em fases de crise econômica que os setores precisam investir mais em educação e inovação.” O deputado pediu ajuda ao setor privado para que a Comissão de Educação possa trabalhar para a construção de políticas públicas que ajudem a inovação e a melhoria da qualidade no ensino superior, além de enfatizar que “é impossível ter ensino gratuito a todos os brasileiros”.

O vice-reitor do Centro Universitário do Pará (CESUPA), Sérgio Fiuza, comentou que o que ocorre no ensino superior no Brasil é um desequilíbrio dos sistemas binários, principalmente no ambiente político, econômico e educacional. “No Brasil de hoje temos dificuldade no avanço exacerbado de um sistema acima de outro. Precisamos pensar em que tipos de projetos estamos liderando hoje ou pretendemos liderar amanhã, ancorados em um modelo de Governança comprometida em planejar e traçar metas para o futuro do nosso sistema educativo.”

Fiuza sugeriu ainda que a educação superior no país deva caminhar na direção da autorregulação e acreditação independente que contribuirá para alforriar o sistema e desamarrá-lo da presença estatal. “O estado pode reger a orquestra, mas não pode e não deve dizer o que cada um tem de fazer, pois corremos o risco de perder a diversidade se o sistema de ensino for igual para todos.”

Jukka Monkkonen, reitor da Universidade da Finlândia, a maior universidade virtual dos países nórdicos – com 78 mil alunos e 40% da capacidade universitária do país – contou que o modelo de sucesso da educação finlandesa é o investimento alto em Pesquisa & Desenvolvimento e transformar as instituições de ensino superior em centros multidimensionais de conhecimento.

“Pesquisa & Desenvolvimento na educação têm um impacto profundo em todos os setores de nossa sociedade e conseguem promover o bem estar social necessário. Porque cidadãos bem educados, com bom nível de instrução, são mais protegidos contra o pensamento unilateral e o preconceito que existe hoje no mundo”, defendeu.

Monkkonen reiterou que hoje há uma demanda muito grande para que se gere mais impacto no crescimento econômico e na geração de empregos na Europa e em todos os países do mundo. “Políticos e cidadãos finlandeses esperam um retorno desse investimento na ciência e na educação, investimentos esses de longo prazo para conseguir atingir o bem estar social tão desejado”.

A palestra finalizou com Andrés Bernasconi, da Universidade Católica do Chile, que explicou como funciona a educação gratuita no país, implantada em 2013, onde 85% das matrículas está centrada no setor privado e 70% da população é considerada vulnerável e necessita de ajuda financeira para cursar o ensino superior. Bernasconi salientou que “assim com o Brasil, o Chile não tem condições de oferecer ensino gratuito para todos e por essa razão entre 2016 e 2017 estipulou algumas políticas públicas.

“O ensino superior passa a ser gratuito para alunos com renda mais baixa, ou seja, menos de US$ 250 per capita por mês e as IES tanto públicas quanto privadas devem ter uma boa acreditação e não visar lucro”. Segundo Bernasconi, em 2017 o Chile teve um custo de US$ 300 milhões  e se a gratificação fosse para todos os alunos custaria para o país US$ 3,074 milhões (1,5% do PIB), sendo que hoje o Chile já gasta 2,5% do PIB no ensino superior, uma das maiores taxas da OCDE.