Nesta terça, 6, a Missão Técnica Internacional deu início a segunda etapa de sua programação. A comitiva do Semesp, que já passou por Singapura, está agora em Bangalore, na Índia, e, de lá, seguirá para a capital Nova Deli.

Em Singapura, em visita à National University of Singapore (NUS), os dirigentes e educadores do Brasil e Singapura dividiram, durante os dois dias na instituição, as discussões em oito eixos principais:

  1. Visão Geral da Elaboração de Políticas Educacionais em Singapura: com referência especial às universidades;
  2. Fortalecimento da Educação Vocacional;
  3. A Educação e sua contribuição o para o Civismo;
  4. A Educação ao Longo da Vida;
  5. Liderança na Educação Superior: Como preparamos nossos estudantes para se prepararem para o futuro;
  6. Fortalecendo a Educação da TVE Internalizando a Educação: o que podemos aprender da Experiência de Singapura?;
  7. Um estudo de caso de Admissão, Resultados e Perspectivas de Emprego no Brasil;
  8. Inteligência Artificial, Robótica e suas implicações nas estimativas de trabalho.

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Singapura é um país muito peculiar, pois apesar de ser muito pequeno (700 km2),  de ter uma população de apenas cinco milhões de habitantes e de não possuir reservas naturais ou outro tipo de recurso valioso (petróleo, produção  agrícola, etc.), tornou-se referência pela qualidade da sua educação, tendo listadas nos rankings de ensino superior duas de suas universidades como as 12 melhores do mundo.

Segundo o Professor Gopnathan, da NUS, o resultado é produto de escolhas realizadas pelo país ao longo do tempo, de uma burocracia pública eficiente, uma cultura de muito respeito às leis e muito planejamento estratégico, execução e controle rigoroso das metas de políticas públicas de educação.

Para o professor Lee Kuan Yew, o grande desafio do momento para a educação e para a economia do país é pensar nas habilidades necessárias para o trabalho do futuro. Neste sentido, um dos enfoques que estão sendo adotados é o desenvolvimento de competências empreendedoras que permitam aos profissionais a inserção de diferentes formas de trabalho na nova economia.

Pensando no envolvimento voluntário, a NUS desenvolve na universidade um programa voltado a engajar os alunos a se tornarem bons membros da sociedade civil, educando-os para a justiça social e os valores democráticos.

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Utilizando técnicas de elaboração de mapas mentais, método socrático de discussão e desenvolvimento de estudos de caso com base em situações reais da comunidade local, o professor mobiliza os alunos ao pensamento crítico e ao aprimoramento de soft skills (tolerância, empatia, respeito, confiança etc.), destacou o professor Keneth Paul Tan.

Assim como nas demais universidades, a educação continuada é uma atividade periférica, voltada apenas a alguns nichos. A ideia é pensar que, daqui para frente, a educação continuada deve ser o core da universidade e, para isto, deve se preparar para ofertar programas não só para os matriculados em seus cursos de graduação e pós-graduação, mas também para toda a comunidade de ex-alunos.

De acordo com a professora Susanna Leong, a NUS passa a tratar a comunidade de alunos e ex-alunos como “alunos para toda a vida”. Para isto, está promovendo uma série de adequações em metodologias de ensino, capacitação docente e outras atividades mudando seu escopo de atuação.

Chama a atenção que a abordagem de formação, desenvolvimento e retenção dos talentos docentes da NUS é muito semelhante a de corporações empresariais. Observa-se uma preocupação clara de atrair os melhores profissionais (a universidade recruta grande parte de seus professores no exterior), de monitorar e avaliar permanentemente, de estabelecer relações entre resultados e remuneração e outras tantas estratégias utilizadas no ambiente empresarial na gestão estratégica de  pessoas.

A internacionalização também tem um papel estratégico no sistema universitário de Singapura e da NUS, contribuindo para retroalimentar a produção acadêmica da instituição. Segundo a professora Anne Pakir, a origem portuária, os poucos recursos naturais, a economia aberta, as competências transacionais dos locais desenvolvidas ao longo dos anos, a sociedade multicultural, multiétnica, multilíngue, multirreligiosa e, mais recentemente, o caráter cosmopolita da cidade contribuíram para o espírito internacionalista dos cidadãos de Singapura, do sistema de educação local e da universidade. Cerca de 30% dos alunos da NUS são de outros países.

Sobre a 4ª Inteligência artificial, a principal lição aprendida com a análise do professor Eduardo Aranal foi que, mesmo que o cenário não seja tão devastador para o emprego como alguns analistas têm estimado, o desafio de mudanças para as universidades e outras organizações da área de educação será muito grande.

No caso da NUS, a estrutura de oferta já está sendo repensada para atender não só os jovens que estão se preparando para entrar no mercado, mas os profissionais com 20 ou 30 anos de mercado, que precisarão voltar à universidade para se requalificar. Talvez este seja um desafio importante a ser encarado por todas as instituições de ensino superior que busquem estar no mercado no futuro próximo.