Dados Brasil

12ª edição / 2022

Dados Brasil – 12ª edição / 2022

Introdução

Introdução

Fonte: Instituto Semesp | Base: INEP
*Matrículas no Ensino Superior em 2020
**Há também 2.354 matrículas de alunos no exterior em cursos EAD de IES brasileiras em 2020

2020, o ano em que o mundo mudou. Com a disseminação do vírus coronavírus e o aumento de casos em vários países, em março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o estado de contaminação da Covid-19 à pandemia, aconselhando às autoridades dos países a adotarem uma série de medidas para frear a propagação da doença. Países de todo o mundo fecharam suas fronteiras e declararam estado de emergência, decretando medidas emergenciais de isolamento social, inclusive obrigando suas populações a permanecerem dentro de casa.

Com cidades vazias e negócios de todos os tipos fechados, a Educação Superior também sofreu o impacto da pandemia. Escolas e universidades tiveram que fechar as portas e adotar aulas remotas emergenciais do dia para a noite. No Brasil, segundo dados do Censo da Educação Superior 2020, divulgado pelo Inep, 92,0% das instituições de ensino superior suspenderam suas aulas presenciais. Destas, 77,0% sequer retornaram com aulas presenciais ao longo de todo o ano de 2020. Na rede privada, a média de dias que as IES permaneceram de portas fechadas sem aulas foi 19 dias. A média sem aulas presenciais foi de 215 dias. Esses números foram ainda maiores entre as IES da rede pública, com a maior média de 148 dias sem nenhum tipo de aula sendo ofertada e 379 dias sem aulas presenciais.

O total de matrículas cresceu 0,9% de 2019 para 2020, uma queda de 50% em comparação ao período anterior, quando as matrículas tinham aumentado 1,8%

O período, que se estendeu por 2021 e ainda demanda cuidados em 2022, foi de incertezas e de muita preocupação. Daí a importância do Censo da Educação Superior 2020, o primeiro a apresentar dados oficiais referentes ao impacto da pandemia de Covid-19 nas matrículas brasileiras. Com base nas estatísticas do primeiro ano da pandemia, o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2022 é um importante documento para entender a crise que afetou o ensino superior (assim como toda a educação) e nortear a discussão de tendências para o futuro da educação superior no Brasil.

À primeira vista, os números são relativamente positivos e apontam que o ensino superior mostrou resiliência ao atravessar o primeiro ano de crise sanitária, apresentando um pequeno crescimento de 0,9% no total das matrículas. Esse aumento foi alavancado pela modalidade EAD, que registrou um salto de 26,8% no número de alunos em comparação com 2019. Já as matrículas presenciais caíram 9,4% no mesmo período, um padrão de queda que já vinha acontecendo nos últimos anos acelerado também pela pandemia que forçou as instituições de ensino superior a suspenderem aulas presenciais e migrarem para um modelo remoto de forma abrupta e sem planejamento.

O crescimento no número de matrículas na modalidade EAD aumentou 7,7 pontos percentuais de 2019 para 2020, saltando de 19,1% para 26,8%

Com uma queda de 3,8% em 2019, as matrículas presenciais diminuíram ainda mais 5,6 pontos percentuais, chegando a uma queda de 9,4% em 2020

E o que esses números apontam? Em relação ao EAD, a modalidade já vinha registrando uma tendência de crescimento nos últimos anos, então o percentual de aumento não chega a ser uma surpresa. A pandemia também contribuiu para esse salto de matrículas. Sem aulas presenciais e sem entenderem muito bem a diferença entre um modelo remoto com aulas síncronas (acontecendo em tempo real) e o EAD com aulas assíncronas (previamente gravadas), os estudantes escolheram pelo bolso, optando pelos cursos EAD, historicamente com mensalidades mais baratas.

Os números do Censo da Educação Superior 2020 também apontam uma triste realidade: a queda no número de jovens ingressando no ensino superior, o que afeta diretamente a taxa de escolarização líquida [que mede a proporção de pessoas de 18 a 24 anos que frequentam o ensino superior em relação à população dessa faixa etária]. Em 2020, a taxa registrou uma queda de 0,3 pontos percentuais e chegou aos 17,8%.

Com o EAD ainda atraindo um público mais velho, entre 29 e 44 anos, que já está inserido no mercado de trabalho, os mais jovens seguem excluídos da educação superior. Sem atrairmos os jovens para o ensino superior, estamos não apenas nos afastando da meta do Plano Nacional de Educação, que estabelece uma taxa de escolarização líquida para o ensino superior de 33% em 2024, mas também comprometendo o próprio desenvolvimento do país a médio e longo prazo.

11 estados tiveram crescimento de matrículas de 2019 para 2020, com o Rio de Janeiro apresentando o maior aumento, 8,6%, seguido por Espírito Santo e Santa Catarina empatados com 5,9% de acréscimo de estudantes. Amapá, Ceará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo são os outros estados com crescimentos nas matrículas no período