Dados Brasil

10ª edição / 2020

Dados Brasil – 10ª edição / 2020

Introdução

Introdução

Fonte: Instituto Semesp

*Matrículas no Ensino Superior em 2018
**Há também 1.234 matrículas de alunos no exterior em cursos EAD de IES brasileiras em 2018

O Mapa do Ensino Superior chega à 10ª edição analisando, mais uma vez, os dados do Censo da Educação Superior, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), tendo como base o período mais recente disponível, 2018. As informações nos ajudam a ter uma visão geral e um panorama completo do atual quadro do ensino superior do país, mapeando diferentes aspectos sobre as mais de 8,45 milhões de matrículas registradas em 2018.

É possível perceber, por exemplo, que, apesar da Região Sudeste concentrar a maior quantidade de matrículas do país (44,4%), existe um equilíbrio no percentual dessas matrículas em relação à população: 4,3% da população da região está matriculada no ensino superior; a média nacional é de 4,0%.

Já os nove estados no Nordeste, apesar de registrarem o segundo maior número de matrículas do país, com 1,79 milhão de alunos no ensino superior, estão abaixo da média nacional de quantidade de matrículas a cada 100 mil habitantes (4,02 mil): 3,15 mil, a menor do país.

Outra análise possível que vai na contramão do senso comum é em relação à distribuição de vagas na modalidade EAD, desmistificando a ideia de que o ensino a distância tem maior alcance em regiões mais isoladas e de difícil acesso onde não há cursos presenciais.

Nos últimos dez anos (de 2009 a 2018), período acompanhado pelo Mapa do Ensino Superior no Brasil, as matrículas saltaram 41,2%, enquanto o número de IES cresceu 9,6%

O Sudeste e o Sul, regiões com maior concentração demográfica, lideram as matrículas da modalidade (40,6% e 22,7%, respectivamente), enquanto o Norte só preenche 10,8% das vagas EAD do país. A partir dessa configuração, é possível entender que a modalidade tem cumprido a função de atingir um público que não teve acesso aos cursos presenciais, mesmo em regiões povoadas.

Em relação ao aumento das matrículas e do número de Instituições de Ensino Superior, podemos perceber que existe um crescimento mais discreto de IES a partir de 2005, enquanto as matrículas têm aumentado em um ritmo maior. Nos últimos dez anos (de 2009 a 2018), período acompanhado pelo Mapa do Ensino Superior no Brasil, as matrículas saltaram 41,2%, enquanto o número de IES cresceu 9,6%. Esses dados mostram que existe uma concentração do setor e uma adequação da oferta em relação à retração da demanda.

Outra característica do setor que os números apontam é a rede privada como impulsionadora do ensino superior no Brasil, representando cerca de 75% das matrículas totais do país. É preciso deixar claro que esse crescimento foi atrelado à criação de políticas públicas de incentivo por parte do governo federal, como o Fies e o Prouni, por exemplo, demonstrando a importância do Estado, em parceria com o setor privado, para o estímulo da solução de problemas históricos de acesso ao ensino superior.

Distribuição do Percentual de Matrículas por Região Brasileira – 2018

Fonte: Instituto Semesp

Entre os problemas que os dados apontam está uma cultura ainda muito focada no bacharelado, o que reflete uma série de desequilíbrios verificados no ensino superior, desde a baixa taxa de escolarização líquida (que mede o total de jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior em relação ao total da população da mesma faixa etária) de apenas 17,9% à concentração das matrículas em poucos cursos como Direito, Administração e Pedagogia.

No comparativo de 2018 com 2017, o aumento das matrículas totais foi de apenas 1,9%

Com a Revolução 4.0 batendo à nossa porta, essa configuração viciada que praticamente ignora os cursos tecnológicos e concentra matrículas em áreas de Direito e Gestão, pouco explorando a crescente e mais demandada área de TI, reflete uma política equivocada que parece apontar para um caminho longe do futuro, com excesso de profissionais em áreas já saturadas e escassez em setores em pleno desenvolvimento.

Enquanto os cursos de bacharelado não atendem às demandas específicas das novas configurações do mercado de trabalho, os cursos tecnológicos poderiam resolver mais rápido essa crescente busca por profissionais mais especializados, formando pessoas aptas a ocupar essas vagas ociosas. Uma outra resposta para essa questão cada vez mais presente é o crescimento dos cursos de pós-graduação.

Matrículas presenciais e EAD

Em relação às matrículas presenciais e EAD, o setor do ensino superior segue a tendência apontada nos últimos anos, com queda do número de estudantes nos cursos presenciais e aumento de estudantes na modalidade EAD. No comparativo de 2018 com 2017, o aumento das matrículas totais foi de apenas 1,9%.

Uma análise mais aprofundada desse cenário mostra que, na verdade, o crescimento acentuado da modalidade EAD tem acontecido em virtude de uma troca de alunos em cursos presenciais no turno noturno pelo ensino a distância. Esse aumento é, por exemplo, proporcional à queda das matrículas presenciais e pode ser analisado por vários vieses.

O preço da modalidade é um deles. Chamariz para novos alunos, a modalidade tem apresentado um crescimento motivado pelos preços mais baixos, não por questões vocacionais, o que é uma das justificativas para a alta taxa de evasão do EAD.

Esses números e questões derrubam análises equivocadas que apontam a modalidade EAD como salvação do ensino superior. O sistema como um todo não tem crescido, o que pode ser verificado com a estagnação da taxa de escolarização líquida, já que a modalidade não tem atingido a população jovem entre 18 e 24 anos. Na verdade, a taxa só não tem caído porque a população dessa faixa etária tem diminuído.

Ao longo das próximas páginas, você leitor poderá ler outros dados importantes com comentários distribuídos em vários gráficos e tabelas sobre o número de matrículas por grau acadêmico, áreas e cursos, modalidades de ensino, faixa etária; números de ingressantes e concluintes; taxas de evasão; dados sobre mensalidades, empregabilidade, financiamentos, entre outras informações.