• O que a área de inovação precisa ter?

 Liderança e pessoas compromissadas: uma instituição precisa de pessoas que liderem o processo de mudança, de pessoas compromissadas que incorporem através das decisões e atitudes, as mudanças que instigam a inovação. É preciso que a instituição priorize a formação de pessoas que possam serão os multiplicadores do processo de inovação.

Políticas institucionais de incentivo e reconhecimento do processo de inovação acadêmica: é preciso que os gestores criem políticas internas de incentivo à inovação, ao empreendedorismo e a elaboração de propostas que representem melhorias acadêmicas, como por exemplo, na concepção do currículo, da avaliação e da infraestrutura.

Capacidade de fazer a gestão das mudanças culturais: coragem de realizar mudanças e de romper com eventuais corporativismo ou atitudes que representam entraves à inovação, tendo em vista que mudanças culturais podem representar conflitos institucionais.

Agenda de aprendizado institucional: é preciso investimento em capacitação das pessoas envolvidas com processo de inovação.

Investimento em processos de inovação: os gestores precisam alocar recursos e repensar prioridades orçamentárias.  A inovação necessariamente não representa investimentos volumosos, mas é recomendável investir em pessoas e em tecnologia, por exemplo.

Infraestrutura: a inovação acadêmica representa mudanças nos espaços de aprendizagem, pois o conceito de sala de aula, de biblioteca, de laboratórios e de outros espaços são modificados e ampliados. Aliás, os gestores terão que repensar os recursos tecnológicos, que passam a ser um instrumento importante no processo de ensino e aprendizado. A medida que o processo avança, a instituição terá que investir em novas tecnologias educacionais.

Comunicação – é recomendável que a instituição tenha uma estratégia de comunicação para a comunidade acadêmica e para a sociedade, em momentos de mudanças dos projetos institucionais.  Se os setores marketing e comunicação participam do processo como uma área estratégica, as mudanças culturais provavelmente serão compreendidas de forma mais rápida.

  • Como implantar a inovação acadêmica?

A inovação acadêmica tem que ser entendida de forma sistêmica, ou seja, não é recomendável que a instituição faça mudanças eventuais e pontuais. É preciso um olhar amplo sobre a área acadêmica, como por exemplo, uma instituição não pode investir em metodologias ativas sem repensar o perfil do professor, aliás, não se pode falar em perfil do professor e em metodologias sem a instituição ter clareza da concepção de ensino e de aprendizagem. O conceito de aprendizagem é mais amplo do que o de metodologias.

Por isso, é preciso de um plano e de um planejamento. Muitas instituições erram quando pensam prioritariamente nas metodologias e não no perfil dos professores. A pergunta que um gestor precisa saber responder: qual é o seu plano de inovação acadêmica e onde se quer chegar?

A postura sistêmica é necessária, mas a instituição pode estabelecer um passo a passo. Não se faz mudanças culturais com imposições ou drásticas. Por isso, o Semesp acredita na perspectiva de processo de inovação acadêmica.

A inovação acadêmica é um grande iceberg, que possibilita vários olhares e que possui diversas dimensões. Não é possível compreendê-lo com apenas um olhar. Enxergar apenas uma de suas dimensões representa uma visão distorcida e limitada do iceberg.

  • Quais são as dimensões da inovação acadêmica?

– Professor e o seu perfil: o Semesp acredita que é preciso criar centros, núcleos ou setores que sejam especialistas em perfil docente, capacitação e formação de professores. O repensar o perfil dos professores é estratégico para o sucesso do processo de inovação acadêmica. É preciso provocá-lo a repensar sua atitude em sala de aula, da mesma forma, é preciso rever a formação dos professores nos cursos de licenciatura.

– Currículo e a sua dimensão interdisciplinar: é muito provável que os currículos expressem, cada vez mais, o perfil do egresso, as demandas da sociedade e que tenham um desenho flexível e interdisciplinar, onde o estudante faça a escolha de sua trilha de formação, e que gestores, coordenadores de curso e professores passo a passo rompam com as disciplinas, integrem áreas do conhecimento e instiguem um aprendizado projetos, por exemplo.

Formação por competências: a instituição ao ter clareza do perfil dos egressos é capaz de desenhar as competências desejadas de seus estudantes. A formação por competências deverá representar uma consciência coletiva do perfil dos estudantes, ela deixa de ser conteudista e passa a ser orientada por um perfil desejado, sem fragmentada por disciplinas para ser mais interdisciplinar, além disso, a atuação integrada dos docentes torna-se complementar.

Concepção de Avaliação: a avaliação passa a ser continua e alinhada com as competências expressas no projeto do curso e com o perfil do egresso, ao ser processual, deixa de ser realizada em apenas em dois momentos do semestre, por provas escritas que muitas vezes são mal formuladas e demasiadamente abertas, o que dificulta a avaliação da aprendizagem sintonizada com as competências e com o perfil do egresso.

Concepção de ensino e aprendizagem: há anos que diversos estudos, especialmente de especialistas em educação, apontam que um ensino centrado no professor, em falas prolongadas, que são semelhantes as palestras, não é a melhor forma de engajar os estudantes em um aprendizado significativo, pois o aluno tende a anotar e repetir, o que ouviu, leu e escreveu. Recomenda-se uma concepção de aprendizado ativo, em que o estudante é o protagonista do aprendizado e o professor torna-se um mediador, uma pessoa que estimula e engaja, que apresenta conceitos, que orienta os estudantes em suas descobertas.

Metodologias Ativas: as metodologias ativas representam uma boa estratégia para que as instituições possam engajar os estudantes, melhorar o aprendizado e os resultados das avaliações, ao longo do ano. As metodologias possibilitam uma nova forma de estruturar a aula e a própria sala de aula. Através das metodologias os professores podem aplicar os conceitos da aprendizagem ativa. Há uma diversidade de metodologias. O Semesp sugere que as instituições fomentem o uso de diferentes metodologias ativas e que permitam que os professores possam optar pela metodologia que melhor se adapta ao curso e a disciplina.

Tecnologia Aplicada a Educação: há diversas formas de uso de tecnologia, através das metodologias ativas, da gamificação das aulas, do uso de aplicativos educacionais, de algoritmos que permitem o monitoramento do aprendizado dos estudantes, de suas atividades acadêmicas e o estudo personalizado, da tecnologia artificial, da internet das coisas, do big data, da tecnologia de empresas como Google, Apple, Amazon, entre outras. A tecnologia aplicada a educação irá impactar a escola como conhecemos hoje.

– Ensino Híbrido: o processo de fusão entre o modelo presencial e o a distância de ensino tende a ser mais acelerado. As fronteiras entre os dois modelos estão desaparecendo e as nossas instituições continuam insistindo em separar concepções e modelos. As instituições que conseguirem integrar as duas concepções, com um modelo tecnológico contemporâneo e acessível, com uma concepção de ensino que engaje e estimule a participação dos estudantes tendem a serem mais competitivas.

Concepção de sala de aula, de laboratórios e de outros espaços de aprendizagem: a sala de aula como conhecemos hoje existe a séculos, entretanto, há um processo de mudança da concepção de sala de aula. Os modelos contemporâneos permitem mais interação entre os estudantes, o que rompe com o modelo estático, onde as cadeiras estão organizadas em filas e, uso mais intenso de tecnologia, desde o acesso a internet até uso de outros recursos tecnológicos, além de representarem uma arquitetura e uma concepção de mobiliário sintonizado com o perfil dos estudantes. Da mesma forma, verifica-se um processo de reorganização dos laboratórios e dos espaços de aprendizagem para que se fortaleça a concepção de “ensino mão na massa”.

– Empreendedorismo: o aprendizado institucional indica que não se pode tratar o tema do empreendedorismo em uma disciplina, de forma isolada, como é comum no ensino superior. Há uma tendência das instituições instigarem a cultura empreendedora na dinâmica acadêmica, administrativa e financeira. A perspectiva é que as instituições criem mecanismos para que os estudantes “tirem as ideias da cabeça e coloquem em prática”, é fomentar atitudes proativas, é instigar os estudantes a pensarem em serviços e produtos. Alunos com atitude empreendedora podem criar startups e ampliar a chance de se tornarem talentos que recebam ofertas de emprego.   As instituições que estão inseridas no processo de inovação começam a tratar o empreendedorismo como uma atividade institucional de fomento a inovação.

– Movimento Maker: o protagonismo do estudante tem fomentado a criação de um movimento em que a proposta é aprender fazendo, onde é possível o estudante buscar formação e transformar ideias e conhecimento em um produto palpável. Ele se transforma em um fazedor de coisas. A proposta é colocar a “mão na massa”, é estimular a criatividade com apoio da tecnologia e de outros dispositivos, objetos e ferramentas, que permitam os estudantes a construírem o que desejam fazer.

– Criação de Fab Labs: são laboratórios de fabricação digital, com o uso de equipamentos de impacto, impresso 3D e tecnologia,  em que é possível criar e realizar diversos produtos. A proposta é que o estudante, com perfil maker possa fazer quase tudo que desejar. O crescimento do movimento maker instigou a criação dos Fab Labs, que cada vez mais estão integrados a concepção acadêmica e ao currículo das instituições. Os alunos aprendem na prática em um Fab Lab.

Starups: há um movimento em que as instituições estão fomentando starups, com o objetivo de criar condições para que os estudantes possam criar novos produtos e serviços e que mantenham-se integrados as demandas dos empregadores. Instituições que fomentam o empreendedorismo geralmente instigam a cultura maker entre os estudantes e isso pode levar a criação de starups ou incubadoras. As starups podem apresentar para as instituições uma série de soluções para as áreas acadêmicas e administrativas. Além disso, elas se transformaram em alternativas para soluções das demandas da sociedade.

  • Compartilhe conosco sua experiência com Inovação Acadêmica

Todas as dimensões apresentadas no item anterior representam iniciativas de inovação acadêmica. Em seu conjunto constituem um “ecossistema de inovação”. As instituições podem iniciar um processo de inovação por qualquer uma das dimensões e pouco a pouco iriem incorporando as demais dimensões. O importante é que a instituição tenha pessoas compromissadas com a cultura da inovação e um plano.

O Semesp está interessado em conhecer as outras dimensões de inovação das instituições de ensino superior. Convidamos os gestores e os professores a nos encaminharem as boas experiências institucionais. Nosso objetivo é dar visibilidade a iniciativa, instigar a cooperação entre as instituições e colaborar com as mudanças que tragam impactos nas instituições e no ensino superior.

O Semesp convida os gestores a terem a coragem de realizarem as mudanças que são necessárias. Em um mundo global e competitivo, há algumas perguntas que precisam ser respondidas pelos gestores e coordenadores, por exemplo: a instituição está disposta a ser contemporânea e sintonizada com os desafios do século 21? Qual é a proposta acadêmica da instituição que de fato agrega valor ao aprendizado dos estudantes?

Nós do Semesp aguardamos a sua boa experiência de inovação acadêmica. Envie o e-mail para: [email protected]