Estudo mostra dificuldades e aprendizados de alunos e docentes com a suspensão das aulas presenciais e indica sobrecarga de trabalho, problemas de ansiedade e estresse e falta de convívio social

Após o segundo ano letivo de restrições quanto à presença física nas unidades educacionais, provocadas pela pandemia de Covid-19, a 2ª Pesquisa Adoção de Aulas Remotas – Visão dos Alunos e Docentes, desenvolvida pelo Instituto Semesp, foi apresentada hoje (19), pelo diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato.

Com os objetivos de conhecer as principais dificuldades e aprendizados que a experiência do ensino on-line deixou na vida educacional dos estudantes e professores de cursos de graduação, o estudo contou com a participação de 2.920 alunos e 466 docentes de Instituições de Ensino Superior (IES) privadas e públicas de todo o país.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos alunos de cursos presenciais avaliou positivamente a experiência com as aulas remotas como ótima ou boa: 45,9% dos alunos das IES públicas e 50,5% das privadas.

Para a maioria dos alunos, os professores se adaptaram às tecnologias após mais de um ano de aulas remotas, sendo ainda mais significativa entre os alunos de IES privadas (76,1%). O comprometimento dos professores durante as aulas remotas também foi muito bem avaliado pelos alunos de cursos presenciais: 90,4% na rede privada e 88,4% na pública.

Com relação à qualidade das aulas, 57,4% dos alunos matriculados em instituições privadas e 51,7% de IES públicas concordaram que houve uma melhora no segundo ano de aulas remotas. Sobre o nível de aprendizagem durante as aulas remotas, 58,6% e 60,6% dos alunos de IES privadas e públicas, respectivamente, apontaram como ótimo ou bom.

No entanto, apesar da experiência positiva, é alarmante o percentual de alunos que afirmou ter tido problemas de saúde mental na pandemia: 91,1% nas IES privadas e 94,2% nas públicas. Os alunos também mencionaram o que sentiram falta com as aulas remotas. O convívio social com os colegas foi o mais citado como ponto negativo.

Outro dado que chama a atenção é que, nas IES privadas, um em cada três alunos (32,8%) nunca abriu a câmera nas aulas remotas. Os motivos são diversos: vergonha, timidez, ambiente inadequado, compartilhado ou barulhento, se sentem desconfortáveis, consideram invasivo ou desnecessário, internet ruim, falta de obrigatoriedade, entre outros.

Apesar das dificuldades apontadas com as aulas remotas, mais da metade dos alunos afirmou que gostaria de continuar com os benefícios das aulas remotas após o fim da restrição devido à pandemia. Porém, apenas 19,8% dos alunos das IES privadas e 8,5% das IES públicas gostariam de manter a experiência com 100% de aulas remotas, evidenciando a necessidade de criação de novos modelos que combinem as várias experiências. Vale destacar que uma parcela significativa de alunos quer retornar 100% presencial: 47% na rede privada e 43,2% na rede pública.

Docentes

O estudo aponta que mais de 80% dos docentes de IES privadas e públicas avaliaram positivamente a experiência com as aulas remotas.

Os professores também apontaram melhora do conhecimento após mais de um ano de aplicação das aulas online: para 91,8% e 89,2% dos docentes de IES privadas e públicas, respectivamente, o conhecimento em ferramentas tecnológicas melhorou. Na pesquisa anterior, realizada em julho de 2020, apenas 59,4% dos professores da rede privada já tinham conhecimento das ferramentas.

No entanto, a maioria dos professores respondeu que está trabalhando mais tempo nas aulas online em comparação à modalidade presencial: 94,6% na rede privada e 93,8% na rede pública.

Também chama atenção o fato de os docentes expressarem maior desgaste, problemas de ansiedade, aumento de estresse, dores musculares, cansaço físico e mental.

Além disso, os professores também demonstraram preocupação com a qualidade do aprendizado dos estudantes. Apesar de a maior parte dos docentes considerar bom o nível de comprometimento dos alunos durante as aulas remotas, muitos relataram como fator negativo a baixa participação dos estudantes.

Por outro lado, após o fim das restrições por conta da pandemia, pela experiência que tiveram com as aulas remotas, 46,4% e 49,2% dos docentes de IES privadas e públicas, respectivamente, gostariam de continuar com um misto de aulas online. Na opinião dos docentes, muitas atividades podem ser realizadas na modalidade online, como aulas teóricas e apresentação de conteúdo, além de atividades complementares ao curso, etc. Já outras atividades, apontadas como mais complexas e que requerem mais participação dos estudantes, precisam ser presenciais, como provas, aulas práticas, debates, uso de laboratórios e estágio.

Para Rodrigo Capelato, “a pesquisa aponta uma melhoria de percepção dos alunos e dos docentes em relação ao levantamento anterior, quando o modelo remoto ainda estava sendo implementado de forma emergencial e sem planejamento”.

No entanto, Capelato ressaltou que “o grande desafio das IES é tentar entender o que o setor vai enfrentar após o fim da pandemia. Se de um lado temos que incorporar as experiências aprendidas durante esse período, por outro, é preciso entender que existe uma fadiga do modelo remoto. O setor precisa refletir sobre o que deve ou não ficar do modelo remoto, além de compreender que não existe um único caminho a seguir, já que o setor é composto por IES com diferentes perfis e que enfrentam realidades muito peculiares”.

Sobre o Instituto Semesp
O Instituto Semesp é um centro de inteligência analítica criado pelo Semesp. Integrado por especialistas com sólida experiência no levantamento e análise de dados sobre o ensino superior, o Instituto desenvolve estudos, pesquisas, indicadores e análises estatísticas referentes ao setor. Seu objetivo é disponibilizar para pesquisadores, educadores, gestores privados e públicos, jornalistas e para a sociedade em geral informações relevantes e confiáveis que lhes permitam tomar decisões, estabelecer estratégias ou formular políticas públicas, visando o desenvolvimento da educação superior.

O Instituto é responsável por estudos e pesquisas divulgados anualmente pelo Semesp, como o Mapa do Ensino Superior no Brasil, a Pesquisa de Empregabilidade, a Pesquisa de Inadimplência e a Pesquisa sobre Cursos de Especialização Lato Sensu no Brasil, entre outros diagnósticos considerados essenciais para a compreensão do setor.

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Fundado em 1979, o Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, tem como objetivos prestar serviços de excelência e orientação especializada aos seus associados, oferecer soluções para o desenvolvimento da educação acadêmica do país. Comprometida com a inovação, a entidade mantém uma estrutura técnica especializada que realiza periodicamente uma série de estudos e pesquisas sobre temas de grande relevância para o setor e promove a interação entre mantenedoras e profissionais de educação. Realiza também eventos como o FNESP, maior Fórum de ensino superior da América Latina, o Congresso Nacional de Iniciação Científica (Conic), o Congresso de Políticas Públicas para o Ensino Superior e as Jornadas Regionais pelo Interior de São Paulo, e ainda capacita os profissionais da educação superior por meio da Universidade Corporativa Semesp.

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Roseli Ramos
Assessora de Comunicação do Semesp
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