Os professores da Universidade de São Paulo (USP) decidiram ontem encerrar a greve que haviam começado no dia 23 de maio. O fim da paralisação pode enfraquecer o movimento dos alunos, que estão parados desde o dia 16 e tomaram a reitoria da instituição há 40 dias. A assembléia que aprovou a suspensão da paralisação dos docentes foi marcada por tumulto envolvendo estudantes contrários à decisão.

Segundo o vice-presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Francisco Miraglia, a paralisação foi suspensa porque parte das reivindicações foi atendida, como o reajuste salarial e garantia da autonomia dada pelo decreto declaratório do governador Serra. Miraglia não acredita que o fim da greve dos professores vá prejudicar o movimento dos alunos.

A suspensão da greve pelos professores era desenhada desde a semana passada, quando a categoria aprovou o indicativo para finalizar a paralisação.
Eles ficaram satisfeitos com decreto do governador José Serra, que afirma garantir a autonomia das universidades públicas, e, ainda, com a proposta de reajuste salarial de 3,37%.

“Acho que esse movimento teve ganhos concretos, objetivos, palpáveis e, agora, você precisa medir: é possível ir além com a força que nós temos? A avaliação foi que, neste momento, não”, afirmou o vice-presidente da Adusp (associação dos docentes da USP), Francisco Miraglia.

Na reunião de ontem, a maioria dos 171 professores levantou a mão pelo encerramento da greve e, assim, a categoria volta às aulas a partir de amanhã. Nesse tipo de votação, não existe contagem de votos quando há uma indiscutível vantagem de uma das propostas votadas -como foi. A USP tem 5.222 professores.

Sobre a ação dos alunos, ele disse considerar “um incidente absolutamente isolado que não representa a posição de nenhuma universidade brasileira”. “Achei inapropriado”, disse. Os alunos que protestaram ontem não quiseram falar com os jornalistas. Uma assembléia deve ser realizada amanhã para decidir os rumos do movimento.

apelo. As vaias aos professores ocorreram logo após a votação -às 12h50 no anfiteatro da faculdade de geografia- que decretava o fim do movimento e ignorava o apelo dos alunos (parte que invadiu a reitoria da USP há 40 dias) pela manutenção do protesto.

Um estudante chegou a empunhar uma nota de R$ 1 e dizer que os docentes queriam seu dinheiro, insinuando que o motivo do fim da greve foi a obtenção do reajuste salarial.

O repórter-fotográfico Rodrigo Paiva foi chutado por um aluno (identificado com Yuri) após tirar a foto dos manifestantes. Outro estudante, identificado como Fábio Brant, ameaçou quebrar o equipamento do profissional caso ele não deletasse as fotos.

No blog da invasão, na internet, os estudantes publicaram uma Declaração à Sociedade sobre o decreto declaratório de Serra. Eles dizem que o documento foi “fruto direto da força de nossa mobilização”. Os funcionários também fazem assembléia hoje e dizem que não vão abandonar os estudantes “sozinhos na luta”.