Resultado do Enade demonstra que o ensino superior na região necessita de um choque de gestão

Desde que o primeiro sistema de avaliação do ensino superior foi criado pelo Ministério da Educação, em 1995, o país constata, ano após ano, que a qualidade de suas faculdades deixa muito a desejar. O antigo Provão foi substituído pelo Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), mas pouca coisa mudou na realidade da maioria dos cursos universitários do país.

No Vale do Paraíba, dos alunos de 59 cursos avaliados na última edição do Enade, menos de 15% acertaram mais da metade da prova. Além disso, nenhuma instituição de ensino atingiu o conceito 5, a nota máxima estipulada pelo exame nacional.

Os resultados do Vale não diferem muito dos verificados em todo o país, onde apenas 45 cursos atingiram a nota máxima no Enade, a maioria deles vinculados a universidades públicas. Nas 15 áreas avaliadas no último exame nacional, a nota média nas provas de conhecimento específico foi de 36,4, em uma escala de 0 a 100 –o que dá bem uma idéia do tipo de profissional que as faculdades colocam no mercado de trabalho.

A qualidade de ensino precária muitas vezes obriga as empresas a criarem programas específicos de treinamento para poder absorver a mão-de-obra formada pelas faculdades. Esse tipo de procedimento seria desnecessário, no entanto, se os casos mais graves de falta de compromisso com a educação fossem objetos de algum tipo de punição e o governo criasse novos mecanismos para forçar as instituições reprovadas no Enade a melhorar a estrutura de seus cursos.

É bem verdade que o resultado do Enade no Vale sofreu algumas distorções com a exclusão de alguns centros de excelência no ensino, como o ITA, cujos cursos não foram avaliados em 2006. Mas entre as áreas avaliadas no ano passado estão profissões com enorme responsabilidade social, como direito, jornalismo e administração.

No caso das faculdades particulares, é preciso acrescentar que o sacrifício de muitos pais e dos próprios alunos para pagar mensalidades que não custam menos que um salário mínimo deveria ser minimamente recompensado com uma formação razoável.

Em vez de questionar ou subestimar o Enade, as direções das faculdades e universidades da região deveriam utilizar o exame do MEC de maneira mais afirmativa, quem sabe, minimamente, para estabelecer metas de melhoria de ensino nos cursos.