O cantor Tom Zé fez show para os alunos neste sábado.

Próxima assembléia dos estudantes está marcada para terça-feira.

Os alunos que ocupam a reitoria da Universidade de São Paulo (USP)  desde o dia 3 de maio tiveram um final de semana de debates e festas. Segundo os estudantes, várias discussões foram promovidas nos dois dias. Não havia, até as 17h deste domingo (3), no entanto, uma decisão sobre a realização de uma passeata nesta segunda-feira (4), possibilidade levantada por eles na sexta-feira (1).

Os alunos aguardam uma reunião agendada para a segunda-feira com a reitora da universidade, Suely Vilela, para mais uma rodada de negociação. Está marcada para o dia seguinte, às 18h, uma assembléia geral dos estudantes.

Na noite dessa sexta-feira, os alunos decidiram continuar em greve e manter a ocupação que já dura um mês do prédio da reitoria, na Cidade Universitária, na Zona Oeste da capital paulista. Segundo a comissão de comunicação do movimento, cerca de mil estudantes participaram da votação. A assembléia, no entanto, mostrou que o movimento começa a se dividir.

Os universitários votaram duas propostas importantes: manter a ocupação por prazo indeterminado ou continuar o protesto até a próxima terça-feira (5), acenando com a possibilidade de desocupar o imóvel a fim de forçar a reitoria a ceder ainda mais nas reivindicações estudantis. 

Discussões acaloradas

Diferentemente das assembléias anteriores, em que os temas foram aprovados por unanimidade, desta vez as discussões longas e acaloradas marcaram a defesa das duas propostas por mais de uma hora. Houve, inclusive, bate-boca atrás de uma mesa que conduzia os debates.

Ao final, uma votação apertada mostrou a divisão dos alunos. Pouco mais da metade dos estudantes presentes votou por manter a ocupação por prazo indeterminado. Desde o início do movimento, as votações vinham sendo decididas por unanimidade.

A liderança dos universitários, porém, não concorda que a votação dessa sexta-feira tenha indicado um sinal enfraquecimento do movimento. “É uma assembléia democrática. Aqui, as pessoas refletem e votam os rumos do movimento somente depois de muitas discussões. O movimento permanece forte”, disse Carlos Gimenez, integrante da comissão de comunicão.

Show e festa junina

No sábado, o cantor Tom Zé realizou um show para os estudantes em frente ao prédio da reitoria, como parte da programação cultural do protesto.

O cantor disse que estava acompanhando com preocupação o manifesto dos estudantes e contou ter ficado feliz em saber que o ato teve repercussão nacional e inspirou ações em outros estados do país. “O movimento estudantil estava meio parado. Com isso, ele mostra que ainda está vivo. Isso reflete na vida da nação”, afirmou.  

Para este domingo, está programada a realização de uma festa junina em comemoração ao aniversário de um mês da ocupação.  

Ocupação da USP

Cerca de 300 estudantes ocuparam a reitoria no dia 3 de maio. Desde então, os universitários se revezam no complexo. Eles apresentaram uma pauta com 17 reivindicações, entre elas o posicionamento público da USP sobre cinco decretos assinados por Serra no início do ano que, segundo os alunos, ferem a autonomia das universidades.

Na última quinta-feira, foi publicado no Diário Oficial do Estado um decreto declaratório que dá nova interpretação aos decretos nº 51.636, de 9 de março de 2007, nº 51.471, de 2 de janeiro de 2007, nº 51.473, de 2 de janeiro de 2007, e nº 51.660, de 14 de março de 2007 e nova redação às disposições que especifica o Decreto nº 51.461, de 1º de janeiro de 2007, que organiza a Secretaria de Ensino Superior.

Com a publicação do novo decreto, houve uma migração do discurso para pedidos de mais recursos para a universidade. Os estudantes pretendem fazer um ofício – que deve ser entregue ao governador José Serra – em que pedirão mais verbas para a educação. Além disso, serão discutidas questões dos decretos e haverá uma proposta de abertura de negociação com o poder Executivo.