Os alunos da USP (Universidade de São Paulo) que ocuparam o prédio da reitoria no dia 3 de maio permanecem nesta sexta-feira no local. Eles trouxeram de volta para a reitoria os colchões, mantas, cobertores e travesseiros que haviam levado de volta às moradias estudantis e às suas casas na quinta-feira (24). Uma vigília foi realizada na madrugada de hoje.

Segundo a comissão de imprensa dos alunos, nesta sexta-feira eles fazem uma reunião geral para discutir vários assuntos, entre eles a reunião realizada na noite de ontem com o secretário da Justiça de São Paulo Luiz Antonio Guimarães Marrey.

Ontem à noite, Marrey se reuniu com uma comissão de alunos e, segundo a comissão de imprensa, informou a eles que não poderia anular os decretos do governador José Serra, entre eles o que cria a Secretaria de Ensino Superior.

Marrey se dispôs a aperfeiçoar os decretos e disse, segundo os alunos, que não pode intervir em uma eventual ação da Polícia Militar no campus.

Bruno Bicalho, 21, estudante da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) do campus da USP da zona leste de São Paulo, e integrante da comissão de imprensa dos alunos, afirmou que considera um “jogo de empurra-empurra” o posicionamento do governo estadual a respeito da questão. “Embora divulguem que tenham conversado com os alunos e estejam abertos ao diálogo, tanto a reitoria da USP quanto o governo do Estado estão fazendo apenas pressão contra os estudantes”, afirmou.

Na quinta-feira, a Justiça de São Paulo negou o adiamento do prazo da reintegração de posse expedido no dia 16 deste mês, e também impediu que piquetes fossem realizados no campus, sob pena de multa diária de R$ 1.000 para cada unidade onde o ato acontecesse.

As decisões são do juiz Edson Ferreira da Silva, da 13ª Vara da Fazenda Pública. Apesar de alguns piquetes terem sido realizados pelos alunos, a decisão temporária foi concedida contra o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), que apóia os alunos na ocupação.

Mesmo com a ameaça da tropa de choque de realizar uma ação para a reintegração de posse no campus da USP, o clima é de aparente tranqüilidade entre os alunos dentro do prédio da reitoria, segundo os alunos que estão do lado de fora. Até o início da manhã de hoje eles faziam uma roda de violão em torno de uma fogueira, e ganharam o apoio de um vendedor de lanches que estacionou o seu trailer em frente à reitoria.

Ocupação

Os universitários ocuparam a reitoria por não terem sido recebidos pela direção da universidade para entregar uma carta com várias reivindicações, entre elas mais moradias estudantis, reformas em prédios da universidade e um posicionamento oficial da reitoria a respeito dos decretos do governador José Serra (PSDB).

A reitoria já realizou reuniões com os alunos e, depois de se comprometer a atender alguns pontos de suas reivindicações, e ante a negativa dos alunos em aceitá-las, a reitora Suely Vilela disse na terça-feira (22) terem chegado ao limite as negociações, alegando que não iria mais se reunir com eles.