A Polícia Federal já tem a identificação de um rapaz que teria comprado vaga no curso de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul. Conforme o delegado da Polícia Federal (PF) no Rio Lorenzo Martins Pompílio da Hora, a fraude teria sido praticada no vestibular passado e teria beneficiado um dos 46 aprovados no curso. A Operação Vaga Certa, que prendeu no Ceará e no Rio sete pessoas envolvidas no esquema de venda de vagas em universidades públicas e particulares do Brasil, já identificou mais de 30 suspeitos de comprar assento em um curso em Estados como Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul recentemente.

O delegado Pompílio da Hora pretende encaminhar o indiciamento dos participantes no esquema antes de fornecer os nomes dos alunos fraudadores às instituições de ensino. Além de perder a vaga, eles deverão ser enquadrados no artigo 29 do Código Penal por “concorrer para o crime”.

Universitários com desempenho acima da média eram contratados pela quadrilha para prestar vestibular, geralmente para Medicina, no lugar dos candidatos de fato. A Polícia Federal ainda investiga a identidade do estudante que teria prestado vestibular na UFPel no lugar do verdadeiro interessado.

– Reunimos uma grande quantidade de provas e documentos e agora faremos um trabalho de análise para identificar e localizar todos os envolvidos no esquema descoberto durante a investigação – explica o delegado da PF.
Conforme Pompílio da Hora, o suspeito de liderar a quadrilha, o cearense Olavo Vieira de Macedo, 29 anos, pode ter passado os últimos dias em viagem por Gramado, no Rio Grande do Sul. Essa informação, porém, não havia sido confirmada até ontem. Como a mãe de Macedo, Maria de Fátima Vieira de Macedo, 51 anos, também foi presa por supostamente comandar a contabilidade da quadrilha, o rapaz teria se comprometido a se entregar à Polícia Federalem Fortaleza – o que não havia ocorrido até o final da tarde de ontem.

Há indícios de pais que compraram vagas para os filhos

As sete pessoas presas na segunda-feira passada – duas no Rio e cinco no Ceará – já foram denunciadas à Justiça pelo procurador do Ministério Público Federal Marcelo Miller.

A Polícia Federal ainda aguarda o retorno de investigadores que foram ao Ceará para analisar o material apreendido e possivelmente chegar aos nomes de um maior número de envolvidos. Documentos falsos e movimentações bancárias integram a lista de papéis recolhidos. O trabalho de averiguação será feito com o Ministério Público e o Judiciário.

Em razão do volume de material apreendido pelos policiais, não há previsão de término dos trabalhos. Como as investigações indicam que, além das pessoas que ingressaram nas universidades de forma fraudulenta, há pais que contrataram a quadrilha para colocar o filho nas faculdades, o delegado da PF reiterou que a análise da documentação tem de ser a mais cuidadosa possível.