Plano do governo federal prevê piso salarial nacional

Mesmo com déficit de professores, especialmente de ciências (física, química e biologia) no ensino médio, e conseqüente excesso de vagas, são poucos os profissionais que decidem atuar no magistério. A procura escassa se deve a baixos salários, longas jornadas e salas de aula abarrotadas.

Na tentativa de melhorar esse cenário, o governo federal aposta no PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação), lançado há duas semanas. Entre as medidas, estão a adoção de um piso salarial nacional de R$ 850 e a formação a distância de professores pela Universidade Aberta do Brasil.

“Para o graduado, muitas vezes, é mais atraente seguir carreira acadêmica e fazer mestrado ou doutorado com bolsa do que trabalhar como professor”, avalia Ronaldo Mota, secretário de Educação Superior do Ministério da Educação.

A questão do piso salarial também dificulta uma maior adesão de profissionais. “Além de insuficiente, há um problema de concepção do piso, que inclui custos com transporte e refeição, e não diferencia se a formação do professor incluiu mestrado ou doutorado”, diz Juçara Dutra Vieira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

Cláudio Fonseca, 51, que ensina em escolas públicas há 27 anos, afirma que a principal dificuldade no início da carreira é a falta de treinamento. “Você chega, recebe giz e apagador e tem que começar a trabalhar.”

Os obstáculos, porém, não desestimularam Fernanda Assis Lopes, 27. Professora do Colégio Rio Branco, em São Paulo, há quatro anos, ela realizou um sonho de infância. “A sala de aula sempre me fascinou.”