Texto da presidente do Semesp, Lúcia Teixeira, para o jornal A Tribuna. Confira o texto na íntegra abaixo:

Novo ano e novo governo chegam trazendo dúvidas e esperança para todos ligados ao tema Educação. Dúvidas sobre as decisões e os caminhos que o novo ministro Camilo Santana e sua equipe vão seguir para enfrentar um dos maiores desafios do nosso País: o apagão de professores e a necessidade imediata de levar educação de qualidade para todos, capacitando nossos alunos para essa grande aventura que é a vida.

Nós, que representamos as instituições de Ensino Superior, sabemos bem o tamanho do desafio a ser enfrentado nos próximos anos. Não basta fornecer as habilidades profissionais, os conhecimentos e as ferramentas para os alunos conseguirem melhores empregos. Também é preciso formar cidadãos conscientes e comprometidos com o nosso País.

Claro que não vamos cruzar os braços e esperar que, sozinho, ele consiga mudar índices tão distantes dos números idealizados, agravados devido à pandemia. Continuamos fazendo a nossa parte, incentivando gestores e educadores a repensar estratégias, atualizar conhecimentos e levar para a sala de aula e demais ambientes experiências inovadoras para os jovens que ainda sonham em mudar o mundo.

Não nos faltam propostas e casos concretos para garantir maior eficácia e eficiência ao ensino superior brasileiro impedindo atrasos em matéria educacional. Reforçamos a necessidade de implantação de sistemas de financiamento do estudo com pagamentos vinculados à renda do aluno, para ampliar o acesso ao ensino superior com as restrições do orçamento público, assim como a ampliação do Programa Universidade para Todos (Prouni), abrindo oportunidades para tantos que não têm outra chance de estudar.

Como o novo governo vai garantir que a principal meta do Plano Nacional de Educação seja cumprida, elevando para 33% até o ano de 2024 a taxa de escolarização líquida do Ensino Superior, que está na faixa de 19,7%? Sem financiamento, esse retorno tão essencial e seguro para o País fica mais distante de ser alcançado.

Pesquisa Juventude e Democracia na América Latina, realizada neste ano, apontou bastante pessimismo por parte da faixa etária de 15 a 29 anos, principalmente os mais jovens. O número assusta: 76% querem deixar o País. Por que o nosso País não está conseguindo acolher essa geração tão importante para o nosso futuro, descrente com a política e políticos?

A escola deve ser um espaço amplo e aberto para todos de transformação digital, diálogo e compartilhamento de experiências, saberes e esperança. É nossa missão oferecer aos alunos caminhos diferentes e inovadores dentro da estrutura académica para que eles se tornem capazes de desenvolver habilidades e enfrentar esse mundo de tantas mudanças.

Nós, gestores da educação superior, em vários encontros destacamos a necessidade de expandir as experiências já desenvolvidas em nossas instituições como hubs que fornecem aprendizagem e criam oportunidades no mercado de trabalho. Entre nossas sugestões, está a criação de “centros de carreira” e uma rede de talentos que acompanhe a trajetória dos alunos, seus certificados, cursos e estágios. Seria um “passaporte educacional” compartilhado, com o qual os estudantes possam agregar seus treinamentos, atualizações e experiências relevantes que reflitam suas habilidades.

A nova gestão do MEC deverá contornar com rapidez o déficit de 235 mil educadores previsto para 2040, caso seja mantido o atual ritmo de formação docente. Os professores são a nossa força. Começamos um novo ano com esperança. Continuaremos a contribuir para que o novo MEC assegure a formação do capital humano fundamental para o desenvolvimento do País. Feliz ano novo para todos nós, com educação para todas e todos!

Confira artigo na íntegra 

Veículo: A Tribuna

Localidade: Santos

Data: 23/01/2023