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O painel “Valor da Educação: o setor mais importante do mundo vai muito além de hard skills”, contou com Lee Gardner, escritor do The Chronicle of Higher Education, e Andreas Schleicher, diretor de Educação e Skills da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE (Foto: Semesp/ Guilherme Veloso)

À tarde, dando continuidade ao primeiro dia do 23º FNESP, no painel “Valor da Educação: o setor mais importante do mundo vai muito além de hard skills”, Lee Gardner, escritor do The Chronicle of Higher Education, abordou as  estratégias para ir além da crise e os fatores essenciais para levar as IES a repensarem seus modelos de negócios, tanto administrativo como acadêmico.

“Estávamos convencidos de que a pandemia de Covid-19 seria a ruína das instituições de ensino superior. No entanto, as estimativas não se concretizaram. Algumas IES fecharam, mas no ritmo normal e não pelo impacto da pandemia. Nos EUA, por exemplo, as IES receberam um grande aporte do governo norte-americano, o que salvou o setor”, falou Lee Gardner.

Gardner defendeu que não existe uma fórmula para todas as instituições. As soluções e o modelo acadêmico-administrativo devem ser diferentes para cada IES, a depender do porte, da localização, do perfil, etc. No entanto, Gardner afirmou que é possível apontar algumas tendências para as IES se fortalecerem e saírem do ambiente atual de crise. Primeiro, é preciso planejar e rever o orçamento, cortar custos para se manter e sobreviver à crise, lembrando que as IES precisam fugir da tentação de começar o corte por um programa acadêmico pequeno, com poucos alunos, de baixo custo para a instituição. Esse não é o caminho para a sustentabilidade da instituição.

Segundo o escritor, não existe a possibilidade de uma onda de fechamento recorrente das instituições. Para ele, com líderes inteligentes, otimização dos recursos e planejamento, as IES não terão dificuldades. Já as instituições que estão na contramão, muito provavelmente vão enfrentar obstáculos para superar a crise.

“Embora não exista um remédio, uma receita para todos, outro ponto é que somente cortar e almejar um futuro brilhante não existe. Pode cortar para sobreviver, mas não terá um futuro brilhante. É imprescindível escolher programas para as próximas décadas”, reforçou Gardner.

De acordo com Lee Gardner, todos esses pontos têm muito a ver com a missão e os valores de cada instituição. Recorrer a dados de mercado também pode ajudar no planejamento. “Qualquer outra coisa, é mérito palpite, reforçou o escritor.

Gardner também comentou sobre os processos de fusão nas redes pública e privada dos EUA. Nas IES públicas isso é mais complicado. Na prática, as fusões de instituições nos estados da Pensilvânia e Geórgia, por exemplo, não geraram nem 1% de economia, pois cortaram alguns cargos, mas ficaram com todos os campi, cursos, etc. “Acredito mais na eficiência de compartilhar recursos acadêmicos”, defendeu.

Lee Gardner concluiu que o declínio de jovens no ensino superior, que ameaça o Brasil e os EUA,  deve piorar ainda mais ao longo dos anos. “Os alunos mais jovens têm poucas ofertas, o calendário dos cursos não ajuda, muitos coincidem com o horário de trabalho. O modelo precisa ser mais flexível para atender esse público. Tem de pensar no que funciona ao invés de tentar inventar um novo paradigma da educação. Não vejo outro caminho para transformação da sociedade que não seja pela educação”, finalizou.

Após a apresentação de Gardner, Andreas Schleicher, diretor de Educação e Skills da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, falou sobre os dados do relatório Education at a Glance 2021, elaborado pela OCDE, que demonstram que os países que mantiveram o acesso às aulas e aumentaram os investimos em educação não tiveram defasagem de aprendizagem.

De acordo com o relatório, dos 35 países pesquisados, dois em cada três registraram aumento no investimento em educação após o começo da pandemia. “A maioria dos países aumentou o orçamento durante a pandemia, mas essa não é uma realidade de todos. São vários cenários e e diferentes realidades para lidar com a pandemia. Alguns países foram fortemente impactados, outros nem tanto. Países que fecharam as instituições e não conseguiram manter as aulas remotas, sofreram impacto na aprendizagem do aluno, lamentou Andreas Schleicher.

Segundo Schleicher, grande parte dos investimentos foi para contratar mais professores para atuar durante a pandemia, substituindo os profissionais com mais vulnerabilidade à Covid-19.

O diretor da OCDE também comentou que o modelo adotado na pandemia não é atraente para o aluno. “Somente transpor a metodologia do presencial para o online é muito pouco e não atrai o jovem. O modelo precisa ser mais adaptável e flexível, afirmou.

“Temos um enorme potencial, mas ainda não vimos sê-lo atingido. Talvez os ciclos fundamental e médio tenham sido mais inovador. O ensino superior, com algumas exceções, não foi tão bem, disse Schleicher.

Há um retorno incrível do ensino superior. Assim como fizemos com o fundamental, a alfabetização, o objetivo dos países deveria ser para que mais de 60% da população tivesse um diploma de terceiro grau, não só pelo diploma, mas pela habilidade e qualificação que ele representa para o aluno e para a economia dos país.

Existe uma demanda represada, na maioria dos países a procura é maior que a oferta de pessoas preparadas. O gargalo está nas escolas. Vejo a universidade como a base da sociedade e da economia de amanhã. O desenvolvimento econômico e social cada vez mais vai depender de talentos bem formados, ponderou Andreas Schleicher.


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