Justo Hidalgo abriu o segundo dia de sessões do 24º FNESP
A experiência do estudante foi foco das primeiras discussões do segundo dia do 24º FNESP, nesta sexta (30). O gerente de Produto Digital com foco em Dados e Psicologia Comportamental na Universia, Justo Hidalgo, e a consultora em Customer Experience, Cultura Centrada no Cliente e Employee Experience na Flwow, Claudia Vale, apresentaram algumas novidades sobre o tema, como avanços tecnológicos e mudanças culturais necessárias para colocar a experiência do aluno, por meio da UX [user experience] no centro das preocupações das instituições de ensino superior.
Justo Hidalgo começou afirmando que dificultar a vida dos alunos não é um erro, mas sim um recurso, uma funcionalidade. Para ele, projetar dificuldades desejáveis é fundamental como forma de melhorar o desempenho dos estudantes a longo prazo. “A ideia de UX é baseada em três pilares, desejabilidade, viabilidade e praticidade da ferramenta. No caso da educação, uma outra variável entra no jogo, a eficácia da ferramenta”, disse. “É aí que entram as dificuldades desejadas, que introduzem de forma artificial uma dificuldades no processo de aprendizagem para que ele seja mais efetivo, por meio de técnicas específicas como repetição espaçada, condições variadas de práticas de intercalação”, exemplificou.
Segundo Hidalgo, o conceito de UX tem em mente a proposta de reduzir os esforços dos alunos, mas o que os estudantes querem não necessariamente está em acordo com o que a ciência afirma ser o melhor para a aprendizagem. “Os estudantes querem rever leituras, estudar tudo de uma vez um dia antes da prova, aprender com base em seu estilo de aprendizagem. Mas a ciência aponta que o melhor é o estudo por meio de flashcards que consolidam o aprendizado, que deve ser espaçado e intercalado. O importante são as estratégias de aprendizagem, não um estilo de aprendizagem”, explicou. “As IES, por meio das melhores práticas de UX, devem empurrar os estudantes para que estes realizem ações desejadas. Para isso, é preciso ter em mente questões como motivação e habilidade para aplicar essas técnicas em produtos educacionais e criar no estudante a vontade de fazer o que nós queremos que ele faça”, declarou.
“As IES precisam aumentar a conexão emocional com os estudantes”, afirmou Claudia Vale, da Fwlow
Claudia Vale decretou que, atualmente, as empresas e, claro, as instituições de ensino superior, não concorrem mais com outras empresas e IES, mas sim com as transições de mercado que estão acontecendo em uma velocidade que muitas delas não conseguem acompanhar. “Essas mudanças estão forçando as empresas e IES a mudarem a forma como olham para seus alunos, seus clientes e usuários”, afirmou. “Há uma infinidade de novas tecnologias disruptivas já implantadas ou em projeção, então não existe alternativa à tecnologia”, defendeu ela.
“As IES precisam aumentar a conexão emocional com os estudantes, eliminando sentimentos negativos. Isso está relacionado à jornada do aluno”, continuou. “Nesse caso, a ideia de UX precisa ser pensada sob a perspectiva do aluno, por meio de uma mentalidade orientada ao estudante. Não adianta querer fazer projetos de UX se a mentalidade da IES não é orientada ao aluno em todas as frentes, não apenas em relação à sua trajetória acadêmica. Os estudantes vivem muitas experiências dentro da IES, não apenas na sala de aula”, reforçou.
De acordo com Claudia Vale, as IES precisam desenvolver uma mentalidade de ecossistema, em que enxergam o aluno além da vida acadêmica e fora da universidade. “Essa abordagem proporciona uma visão única em relação aos concorrentes ao levar em consideração que o estudante possui três tipos de experiência dentro de uma IES, a institucional, a de aprendizagem e a operacional”, finalizou. “A experiência do aluno se torna mais ampla quando as IES enxergam essas três experiências”.
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