“Não estamos aqui para retroalimentar esse ecocídio. Sabemos o que fazer e temos que fazer agora”, defendeu André Trigueiro no encerramento do 27º FNESP. (Foto: Semesp/Juliana Freitas e Luiz Kagiyama)

Especialista em Jornalismo Ambienta, o jornalista da GloboNews André Trigueiro encerrou as discussões do 27º FNESP, nesta sexta (26), no Distrito Anhembi, em São Paulo.  Na palestra “O poder da educação para um planeta vivo”, Trigueiro iniciou sua fala agradecendo ao Semesp por inserir a questão do clima e do meio ambiente na prateleira de cima. “Essas discussões são algo necessário e urgente”, decretou. “É inacreditável que no Brasil instituições que atendem diferentes estudantes de níveis de formação não trabalhem a educação ambiental, com seus alunos se formando na condição de analfabetos ambientais”, lamentou ele.

Trigueiro alertou sobre a necessidade da urgência de uma mudança cultural que leve em consideração a emergência ambiental. “Isso não se faz por decreto ou medida provisória. Essa mudança precisa acontecer em todo lugar, nas escolas, universidades, ambiente de trabalho, na sociedade, e para ontem”, destacou ele apontando a questão da diversidade ambiental brasileira. Segundo ele, é lamentável, no entanto, que diante dessa diversidade, nossa sociedade apenas testemunhe silenciosamente a voracidade da destruição e devastação que aniquilam o futuro do país e do mundo.

O jornalista prosseguiu lembrando que o Brasil possui cerca de 80% de brasileiros vivendo em cidades, com uma alta taxa de urbanização. “As cidades são ecossistemas artificiais, com pessoas vivendo em uma bolha sem perceber questões ambientais importantes. Produzimos lixo e não sabemos para onde ele vai. Abrimos a torneira, mas não nos interessamos em saber de onde a água vem. Não temos informação para onde vão os resíduos dos esgotos”, citou alertando que é preciso tangibilizar a educação ambiental.

Trigueiro citou em seguida uma série de ecodicas, problemas e soluções para questões relacionadas à água, esgoto, resíduos etc. “Não temos domínio básico dos fatos elementares da vida. A água não vem da torneira, ela vem dos rio. Nós nos viramos bem sem um monte de coisas, menos sem água. O aprendizado sobre a água precisa estar em todo lugar. Assim como temas como esgoto e destinação de resíduos precisam estar no radar da educação”, continuou. “Eu valorizo o que está em escassez. No caso do lixo, pobres e ricos geram lixo e não sabemos como destiná-los. A questão da reciclagem não resolve todos os problemas, mas gera emprego e renda para quem precisa. E precisamos saber que tipo de resíduos podemos gerar”, defendeu.

“Essa questão dos resíduos é a base da educação ambiental e é fácil e didático ensiná-la”, disse o jornalista que defendeu a criminalização do uso de plástico descartável de uso único. “O plástico é uma praga ambiental e de saúde pública. Se não sabemos como descartá-lo, não devemos consumi-lo”, afirmou reforçando que a questão ambiental começa no meio da gente. “Precisamos ter moral e consciência para praticar aquilo que sabemos que é certo e promover as mudanças necessárias e urgentes”, finalizou. “Estamos testemunhando um ecocídio por falta de atitude. Precisamos de força e coragem para fazer mais e melhor. O ataque em massa ao meio ambiente é uma marcha da insensatez e a senha para o desastre. Não estamos aqui para retroalimentar esse ecocídio. Sabemos o que fazer e temos que fazer agora”.