Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, durante o 27º FNESP (Foto: Semesp/Juliana Freitas e Luiz Kagiyama)

Única brasileira a integrar a lista de Líderes de Sustentabilidade 2025 da revista Forbes, a ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, participou do segundo dia do 27º FNESP, nesta sexta (26), falando sobre a papel do Brasil perante os desafios globais. Divulgado agora em setembro, o ranking destaca líderes globais – empreendedores, investidores, ativistas e cientistas – à frente de iniciativas para combater a crise climática.

Marina Silva abriu sua fala afirmando ser uma grande satisfação estar no FNESP discutindo com professores e educadores sobre como a sociedade pode construir um mundo mais sustentável e enfrentar os desequilíbrios que já estão em curso. Segundo a ministra, já estamos enfrentando uma série de desafios, de extremos climáticos e ambientais a guerras e conflitos, desigualdades sociais e disrupções tecnológicas que podem agravar tensões já existentes. “Essas crises se entrelaçam e formam uma ‘crise das crises’, exigindo respostas éticas e políticas”, afirmou ela.

A ministra prosseguiu sua fala discorrendo sobre três formas de éticas que podem orientar nossas decisões diante desses desafios. “Primeiro, a ética imutável, a ética de Deus, que muitas vezes não dialoga com a realidade humana em transformação”, decretou. “Há também a ética das circunstâncias que muda conforme o público e o interesse. Ela pode levar ao negacionismo e à indiferença diante da crise climática”, continuou. “E, por último, a ética dos valores, baseadas em princípios permanentes como justiça, compaixão, solidariedade e amor, presentes em todas as culturas e religiões”.

Marina Silva defende a escolha de uma ética de valores para enfrentarmos os desafios climáticos (Foto: Semesp/Juliana Freitas e Luiz Kagiyama)

“Nosso desafio é escolher uma ética dos valores, que nos permita enfrentar a desigualdade, a fome e a emergência climática de forma consistente”, decretou Marina Silva antes de apontar que o Brasil tem condições singulares de liderar essa transformação. “Mas essa luta não é apenas de um governo, mas de toda a sociedade, do povo, empresários, cientistas, consumidores e comunidades”, defendeu ela citando a realização, em novembro, em Belém, da COP30. “A COP30 não pode ser apenas mais um fórum de discursos. Queremos que seja a COP da implementação, baseada no conhecimento científico e em compromissos que quebrem a inércia dos últimos 30 anos de negociações”.

Para Marina Silva, a humanidade precisa trocar a lógica da competição pela lógica da colaboração. “Não há limites para o ‘ser’, mas há limites para o ‘ter'”, pontuou. “E ser próspero é diferente de ser apenas rico: prosperidade deve incluir preservação, restauração e justiça social. Precisamos ser desenvolvimentistas e sustentabilistas, nunca negacionistas. O planeta está nos cobrando escolhas éticas, e cabe a nós optar pela ética dos valores, que preserva a vida e garante futuro às próximas gerações”, finalizou.