Apresentação dos resultados do Sistema de Avaliação da Sustentabilidade (SAS Semesp) (Foto: Semesp/Juliana Freitas e Luiz Kagiyama)

O destaque do Painel 3 no primeiro dia do 27º FNESP, que teve como tema As IES e o Futuro Sustentável, foi o lançamento pelo Semesp do Sistema de Avaliação da Sustentabilidade (SAS Semesp), uma proposta de avaliação inédita que apresenta indicadores sobre como as IES privadas e públicas do Brasil estão incorporando a sustentabilidade em suas políticas, estratégias e ações.

Durante a sessão, Francisco Elíseo Fernandes Sanches, diretor administrativo-financeiro do Centro Universitário da Fundação Hermínio Ometto (FHO), pesquisador da Faculdade de Ciências Aplicadas da UNICAMP e um dos maiores especialistas acadêmicos em sustentabilidade, apresentou um estudo que mostra a necessidade em termos globais de uma integração holística das questões que envolvem a educação para a sustentabilidade. Segundo Sanches, “além de não atenderem aos propósitos das ODS, nas iniciativas das instituições nessa área ainda há uma clara concentração das ações das IES na dimensão ambiental relacionada às operações do campus e na pesquisa. A falha mais preocupante, em nível mundial, é a baixíssima incorporação da sustentabilidade nas atividades de ensino, especialmente a ausência do tema nos currículos das instituições”.

Confira Pesquisa Presença de Sustentabilidade nas IES Brasileiras – Diagnóstico das políticas, estratégias e ações de sustentabilidade nas IES

Com base nessa realidade, Francisco Sanches coordenou o desenvolvimento de um instrumento de avaliação, no âmbito da Rede de Sustentabilidade do Semesp, que foi formulado e testado em um projeto piloto, com apoio da FHO, e que resultou em uma pesquisa sobre essas questões realizada pelo Instituto Semesp junto a 154 IES públicas e privadas.

“Não tenho dúvidas de que a criação desse novo conjunto de indicadores, voltados para a questão da sustentabilidade, significa uma verdadeira revolução promovida pelo Semesp”, disse Rodrigo Capelato durante a apresentação dos resultados. “Essa iniciativa nos permitirá desenvolver um olhar estratégico sobre como esse processo poderá impulsionar a transformação no ensino superior, para que as IES incorporem a sustentabilidade nas atividades que desenvolvem, e com isso contribuam de forma efetiva para a consecução das ODS”, afirmou o diretor executivo do Semesp.

“O objetivo desse instrumento é garantir uma visão holística da sustentabilidade, estimular reflexão e ação, ser acessível e de fácil aplicação e fornecer critérios de avaliação equilibrados e justos”, ressaltou Francisco Sanches durante a apresentação. “Trata-se da criação de um indutor para melhorar as ferramentas educacionais de forma construtiva, e premiar as IES mais bem-sucedidas nos quesitos que envolvem a sustentabilidade”, afirmou.

Segundo o diretor da FHO, diferentemente dos rankings internacionais, como o GreenMetric, que tendem a privilegiar operações de campus e pesquisa, beneficiando grandes universidades de países desenvolvidos, o Sistema de Avaliação da Sustentabilidade adota uma abordagem holística e mais justa e adequada ao contexto das instituições brasileiras e da maioria das IES do mundo. “O SAS Semesp avalia de que forma a sustentabilidade é incorporada às operações do campus, às atividades acadêmicas de ensino e pesquisa, ao relacionamento com a comunidade interna e externa e à gestão organizacional das instituições, e com ele o setor passa a contar com um referencial próprio e adequado ao contexto nacional para medir e orientar a sustentabilidade no ensino superior. A ferramenta incentiva cada IES a ir além de ações pontuais, planejando de forma estratégica e consolidando-se como protagonista de um futuro mais sustentável”, afirmou Sanches.

Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, apresenta o SAS Semesp

“Mais do que um diagnóstico, o objetivo é disponibilizar uma ferramenta mais justa, permitindo comparar práticas e avançar na integração da sustentabilidade como eixo estratégico do setor educacional”, complementou Rodrigo Capelato. Ele relatou que o SAS Semesp foi aplicado em 155 instituições mantidas e 138 mantenedoras, que reúnem 2,1 milhões de matrículas dos cursos de graduação no Brasil (21% do total). Entre as IES mantidas, 77% são privadas e 23% públicas, enquanto, entre as mantenedoras, 85% são privadas e 15% públicas. “A amostra garante um retrato robusto e representativo, permitindo traçar um diagnóstico confiável sobre a incorporação da sustentabilidade nas IES brasileiras”, observou Rodrigo Capelato.

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A amostra contemplou instituições de diferentes redes, portes e organizações acadêmicas, incluindo universidades, centros universitários, faculdades e institutos federais. Esse recorte garantiu diversidade e representatividade, refletindo também a heterogeneidade do sistema brasileiro.  

A média nacional de sustentabilidade nas instituições pesquisadas foi de 535 pontos no Índice Geral de Sustentabilidade, que vai até 1.000, o equivalente a 53,5%. “As instituições avaliadas superaram a marca de 500 pontos, evidenciando que já existem iniciativas relevantes de sustentabilidade em andamento. No entanto, ainda é necessário avançar em consistência e integração para que a sustentabilidade se consolide como eixo estratégico no ensino superior”, disse o diretor executivo do Semesp.

Os dados por rede mostram diferenças entre instituições privadas e públicas no Índice Geral de Sustentabilidade. As instituições privadas alcançaram em média 545 pontos, o que representa 54,5% da pontuação máxima possível (1000 pontos). Já as instituições públicas obtiveram 490 pontos em média, correspondendo a 49% do total. Esses números indicam que, embora ambas as redes estejam em patamares intermediários, as privadas apresentam desempenho ligeiramente superior em iniciativas de sustentabilidade.

Os resultados do SAS Semesp mostram que as instituições de ensino superior alcançaram, em média, 51% da pontuação máxima em Operações do Campus, 50% no eixo Acadêmico (ensino e pesquisa), 66% no relacionamento com a Comunidade e 52% no eixo Organizacional. O desempenho mais elevado foi observado no vínculo com a comunidade, onde as IES atingiram dois terços do potencial, refletindo maior atenção a iniciativas de desenvolvimento regional, inclusão e bem-estar. Em contrapartida, os eixos acadêmico e de operações do campus permaneceram próximos à metade do máximo possível, evidenciando a necessidade de fortalecer a integração da sustentabilidade nas práticas de ensino, pesquisa e gestão institucional.

Por rede, o desempenho médio das instituições privadas e públicas apresentou variações nos diferentes eixos avaliados. Entre as instituições privadas, os percentuais alcançados foram de 51,9% em Operações do Campus, 50,8% no eixo Acadêmico, 67,2% em Comunidade e 52,6% em Organizacional, destacando-se o maior resultado na dimensão comunitária. Já entre as instituições públicas, as médias ficaram em 47,4% em Operações do Campus, 43,9% no Acadêmico, 58,1% em Comunidade e 51,7% em Organizacional, com melhor desempenho também no relacionamento comunitário. “Os números revelam que tanto as redes privadas quanto as públicas apresentam avanços em ações voltadas à comunidade, mas ainda registram desempenhos intermediários nos demais eixos, especialmente no acadêmico”, explicou o diretor executivo do Semesp.