Painel mostra que a educação superior precisa ser mais inclusiva e promover a justiça e a igualdade social (Foto: Gustavo Peres)

“Código-fonte: acesso digital também é justiça social” foi o tema do painel 8 no segundo dia do 26º FNESP, que mostra que a educação superior precisa ser mais inclusiva e promover a justiça e a igualdade social, com as participações de Antônio Manuel de Almeida Dias, presidente da direção da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP), Cyntia Andretta, pró-reitora de Graduação da PUC-Campinas e na coordenação do debate Ruy Guérios, fundador do Eniac.

Antônio Manuel de Almeida Dias disse que “em Portugal a inclusão digital no ensino superior tem sido feita com outros mecanismos por meio de financiamentos e alojamentos. Nós temos feito um esforço de ir buscar alunos desde o estudo básico até chegar na universidade já preparando-os para a educação digital.Também conseguimos no país ter menos jovens nem, nem, que nem trabalham e nem estudam”.

Segundo Dias, “a educação em Portugal promove a inclusão no ensino superior por meio de Agenda até 2030 seguindo critérios da ONU e dos 17 ODS. Fundamentalmente nos países com maior desigualdades sociais, em primeiro lugar é preciso que a educação siga padrões internacionais porque o mundo hoje está muito compartimentado, muitos cidadãos mudam de país e têm dificuldades com o mercado de trabalho. Por isso focamos nossa educação seguindo padrões internacionais. Todos os nossos cursos são acreditados e isso é claramente inclusivo. Utilizamos modelos educativos disruptivos, porque encontramos realidades específicas em cada país do mundo. Temos de implementar ferramentas digitais que são fundamentais para a inclusão, e que conseguem levar conhecimento em determinados lugares onde não é possível a educação tradicional chegar”

Dias acrescentou que “é preciso otimizar os recursos existentes na educação e inovar. Nós temos uma experiência na África onde ter um sinal de internet não é algo fácil. Precisamos converter as salas de aula em espaços virtuais e juntar as melhores mentes com os alunos mais competentes, tanto presencialmente como à distância”.

A pró-reitora de Educação da PUC-Campinas, Cynthia Andretta, acrescentou pontos importantes da inclusão que a universidade iniciou desde 2018. “Nós criamos o Centro de Estudos Africano e Afro Brasileiro Dra. Nicéa Quintino Amauro que tem um propósito de tratar o racismo. Em 2018 começamos um diálogo sobre racismo em nossa instituição para sensibilizar a todos. Campinas foi a última cidade a abolir a escravidão, e nesse contexto achamos que era preciso fazer isso. Em 2022, criamos um programa permanente de igualdade racial, tivemos alguns protocolos de combate ao racismo dentro da universidade e fortalecemos alguns componentes curriculares e fizemos eventos de sensibilização. No ano passado, dia 23 de agosto, criamos esse Centro, com a ajuda da comunidade negra de Campinas. Temos hoje o maior acervo de peças da cultura africana do Brasil. E criamos dois grupos de estudo: Pacto da Branquitude e Povos de Matriz Africana, além de promover seminários, diálogos sobre o racismo, exposição de arte, feira negra e também teses e TCCs sobre questões ético raciais”. ,

Outro aspecto criado pela PUC-Campinas foi o espaço Manacás, “que visa criar experiências educativas de caráter inovador na formação humano-profissional  de estudantes e de professores por meio do desenvolvimento de tecnologias para realização de projetos e de objetos digitais  de aprendizagem que façam crescer, florescer a educação diferenciada para transformar o processo de ensino-aprendizagem”. Segundo Cynthia Andretta, “temos feito um laboratório dentro do Manacas que tem muita educação imersiva, realidade virtual, e os nossos professores precisam se reinventar nessa proposta para que esse processo educacional de ensino e aprendizagem ocorra”.

O último ponto abordado pela educadora foi a curricularização da extensão. “Colocamos a extensão transversalmente com a pesquisa e o ensino. Em todos os nossos programas de extensão temos levado os alunos para a curricularização da extensão e isso é feito com o acesso digital. E através do poder público conseguimos chegar, por meio da internet, a lugares mais longe, ou seja, há uma via de mão dupla, não vamos só ensinar os alunos que estão em locais mais distantes, mas também aprender com eles”.

O coordenador do debate, Ruy Guérios, fundador do Eniac, finalizou o painel dizendo que “temos o dever de fazer a extensão com a comunidade. No Eniac nós trabalhamos nas comunidades começando pela saúde, levantando os problemas que eles têm e criando projetos para atender essa comunidade. Não é um trabalho só para dar aula, mas precisamos ser soldados e ir até a comunidade fazer”.