O INEP apresentou as propostas para os novos instrumentos de avaliação, que foram elaborados por comissões de especialistas. Eles resgatam o SINAES, ao valorizar a autoavaliação e as CPAs. Há também uma mudança da lógica de avaliação, que deixa de ser por curso e passa a ser por área.
Estávamos acostumados com a publicação dos instrumentos sem consulta e diálogo. O conceito mudou, já que o INEP abriu uma consulta pública, o que demonstra vontade política de diálogo e construção coletiva, o que é uma iniciativa louvável da DAES/INEP.
A publicação dos novos instrumentos é uma demanda da sociedade, uma vez que os vigentes são de 2017 e já não são capazes de avaliar a qualidade, de fato. Nos últimos anos, a dinâmica do sistema de ensino superior foi intensa e gerou transformações significativas na organização e funcionamento das IES. Os parâmetros de eficiência e eficácia institucional são outros e são necessários novos olhares sobre a qualidade.
Há evidências de que o sistema de avaliação vigente não mais se mostra adequado. Por exemplo, realizar 8 mil avaliações in loco por ano gera custos, retrabalho para as IES e um esforço gigantesco do INEP para operacionalizar as avaliações. Além disso, quase todas as IES possuem notas 4 ou 5, o que evidencia que o processo de avaliação já não consegue distinguir o joio do trigo. Podemos citar ainda o fato dos relatórios das CPAs serem um documento formal para ser entregue ao INEP no processo de avaliação. Não é um relatório acompanhado no processo de avaliação, gerando pouco impacto positivo na melhoria da qualidade das IES.
Em 2021, o Semesp criou uma rede temática com a finalidade de valorizar o SINAES, por meio da autoavaliação e do fortalecimento do papel estratégico da CPA. Para a Rede Semesp de Autoavaliação Institucional, a CPA é uma comissão capaz de induzir a melhoria contínua da qualidade. Durante a apresentação dos novos instrumentos a DAES/INEP, especialmente na fala de seu diretor, Ulysses Tavares Teixeira, ficou claro que um dos principais objetivos nos novos instrumentos é retomar os princípios do SINAES. Ouvimos durante as apresentações termos como “foco na vocação e na missão de cada IES”, “respeito à regionalidade”, “relevância estratégica e empoderamento das CPAs”, além de “mais preocupação com ganho efetivo de qualidade e menos preocupação com ranking” e da adoção de modelos como a “avaliação híbrida”, dentre outros.
Ficou evidente, ainda, que alguns “objetos de avaliação” passaram a ser compreendidos de forma mais articulada, partindo do planejamento institucional — como o alinhamento entre PDI e PPCs —, passando pela análise da execução dos processos acadêmicos e administrativos, até chegar a uma avaliação propositiva, com foco na geração de melhorias contínuas. Em outras palavras, consolida-se cada vez mais a compreensão de que a avaliação deve ser entendida como a principal propulsora da melhoria dos cursos e das instituições de ensino superior.
Foi realmente muito gratificante perceber, nas apresentações do INEP, tantos conceitos e reflexões que já fazem parte da nossa trajetória, construídos coletivamente no Instrumento de Autoavaliação da nossa Rede desde 2021, agregando indicadores de qualidade sintonizados com a demanda da sociedade. Agora, seguimos para o 3º Ciclo de Autoavaliação, mantendo firme nosso compromisso com uma avaliação que respeita e valoriza a missão, a vocação e a identidade regional de cada uma das nossas 51 Instituições de Ensino Superior, que contam com CPAs cada vez mais estratégicas, fortalecidas e protagonistas desse processo transformador.
E a boa notícia é que, muito em breve, pelo segundo ano consecutivo, novas instituições passarão pela Avaliação Interpares, um momento de troca, escuta e construção conjunta. Seguimos adotando o modelo de avaliação híbrida, semelhante ao que propõe o INEP, que combina olhares e experiências de quatro avaliadores — dois presenciais e dois remotos —, tornando o processo ainda mais rico, colaborativo e conectado com a realidade de cada IES.
Em cada uma das nossas reuniões e em diversas interações entre os representantes das CPAs, é comum ouvirmos sobre os ganhos qualitativos de cada uma das IES participantes da Rede SEMESP de Autoavaliação Institucional: “aqui cooperamos de verdade”; “aqui as IES se sentem à vontade para partilhar suas angústias e buscar soluções em conjunto”; “aqui o aprendizado é constante em função das oportunidades de troca de experiências”.
Os alicerces dos novos instrumentos de avaliação demonstram que a Rede SEMESP de Autoavaliação Institucional está no caminho certo. A rede que recém completou seus primeiros 4 anos tem como princípio o aperfeiçoamento contínuo. O nosso instrumento de avaliação será constantemente revisado e esperamos ser referência para a DAES/INEP, já que nascemos com o objetivo de fortalecer os princípios do SINAES.

Siomara Brandião Basto

Soanne Chyara Soares Lira

Paulo Sergio Macuchen Nogas























