“O Ensino Médio no Brasil, seus impactos no ensino superior e janelas de oportunidades” foi a palestra ministrada pelo diretor-executivo do SEMESP – Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior, Rodrigo Capelato, nessa segunda-feira (dia 5) na sede do Instituto Ayrton Senna (IAS), em São Paulo. Capelato revelou que, em 2014, dos 8,3 milhões de jovens dos 15 aos 17 anos que cursavam o ensino médio brasileiro, apenas 1,9 milhão conseguiu concluir os estudos. Em 2016, dos 4,7 milhões de concluintes do ensino médio com até 24 anos que prestaram o ENEM, apenas 1,7 milhão ingressou no ensino superior. “As estatísticas provam que quanto menor a renda do jovem, menos pontos ele consegue no ENEM, maiores as probabilidades dele zerar na redação e é ainda pior sua chance de entrar no ensino superior”, disse.

O evento teve como objetivo apresentar a representantes de instituições de ensino superior privadas do Brasil o projeto “Educação Integral” desenvolvido há quatro anos pelo IAS na escola pública CECA, no Rio de Janeiro. O projeto é baseado em quatro pilares da UNESCO, desenvolvidos por Jacques Delors, que são: aprender a conhecer, a fazer, a ser e a viver juntos. Ele não capta dinheiro público, só privado e tem como missão recuperar a motivação do jovem e do professor, melhorar o clima na escola e fazer o jovem a ter um salto na aprendizagem preparando-o melhor para a graduação.

O encontro também teve como finalidade propor parcerias com as IES privadas para ceder espaços ociosos para capacitar e estimular o aprendizado integral em alunos do ensino fundamental e médio de escolas públicas para que cheguem em melhores condições nos cursos de graduação, reduzindo a evasão e, ainda, atualizar docentes das IES públicas por meio de uma maior capacitação pela rede de professores de cursos de licenciaturas das IES privadas.

“O jovem hoje precisa se sentir acolhido dentro da escola, motivado e a formação tem de ser continuada. Se não mensurarmos o impacto do aprendizado desse aluno em sala de aula, como vamos medir a qualidade do professor”, questionou Mozart Neves Ramos, diretor de Inovação do IAS. Segundo ele, por ano, só no ensino médio 3,7 bilhões de alunos  abandonam os estudos e isso representa um gasto aos cofres públicos de R$ 22 bilhões. “Se todas as escolas no Brasil tivessem educação em tempo integral a taxa de desempenho dos alunos estaria maior do que a dos Estados Unidos e de Portugal e esse projeto mostra que temos tudo para melhorar, só precisamos nos unir para institucionalizar as políticas públicas.”

Questionado sobre qual o caminho para operacionalizar as parcerias, Mozart Neves Ramos foi categórico. “Se temos o FIES e sobram vagas por desinteresse dos alunos nas licenciaturas, se temos o PIBID com cerca de 80 mil bolsas e o Pré-PIBID com cerca de 40 mil bolsas, basta apenas juntarmos forças para mostrar que podemos alinhar projetos e parcerias bem sucedidas entre o ensino básico, médio e fundamental com o ensino superior”, concluiu Ramos.

Após apresentação das palestras, o vice-presidente do Semesp,Thiago Rodrigues Pêgas, e Mozart Neves Ramos assinaram termo de cooperação entre Semesp e IAS e acordaram que haverá uma próxima reunião com instituições de ensino superior para mais esclarecimentos e fechamentos de parcerias.