O presidente do Semesp – Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior, Prof. Hermes Ferreira Figueiredo, defendeu nesta quinta-feira (28), na abertura do 19º FNESP – Fórum do Ensino Superior Particular, a adoção de uma política pública que apresente soluções para os principais desafios do sistema de ensino superior “para que o país possa atender à necessidade de expansão da educação superior e formar e capacitar pessoas com perfis socioeconômicos e educacionais distintos para um mercado de trabalho também diferenciado”.

Ao discursar para os cerca de 700 participantes do evento, realizado pelo Semesp em São Paulo, o dirigente destacou a necessidade de outra realidade para o sistema de educação superior do Brasil, que não desperdice recursos por causa de concepções equivocadas, a começar pela utopia de que o Brasil tem condições de oferecer ensino superior gratuito para todos”.

O presidente do Semesp lembrou que o gasto com educação em relação ao PIB no Brasil é equivalente ao dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico: 4,9% do PIB no Brasil, contra 5,2% na média de todos países. “No entanto, o Brasil ocupa a penúltima posição no ranking de patentes válidas da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, possui apenas uma universidade entre as 200 melhores do mundo, segundo o Ranking Acadêmico das Universidades Mundiais de Shangai, e não oferece acesso ao ensino superior para mais de 80% dos seus jovens”, afirmou. Para Hermes Figueiredo, “esses números revelam que o sistema público de educação superior é perdulário e não mostra eficiência no investimento dos recursos”..

Segundo o presidente do Semesp, uma parte do problema vem da quantidade de universidades de pesquisa na rede pública, em relação ao setor privado, que concentra a maior parte das instituições focadas na atividade de ensino. “Mas se identificarmos no orçamento das instituições públicas o montante de recursos destinados à pesquisa, e considerarmos o número de patentes registradas como resultado dessa produção científica, a constatação, uma vez mais, será de que não estamos alocando os recursos públicos de forma eficiente”, afirmou. “Há uma distorção evidente, que revela que o sistema de educação superior brasileiro é muito caro e pouco eficiente”.

A proposta do Semesp para um novo sistema de financiamento é a inclusão da cobrança de mensalidades por universidades e demais institutos de educação superior públicos para os alunos que podem pagar, e a criação de um mecanismo de crédito educativo, subsidiado pelo Tesouro Nacional, com o pagamento condicionado a um limite de anos para amortização da dívida e ao desempenho do estudante no mercado de trabalho.

A adoção do novo sistema de financiamento, tanto para o setor público quanto para o setor privado, segundo o presidente da entidade teria como objetivo “eliminarmos a injusta situação atual, em que os filhos dos ricos estudam em escolas privadas no ensino médio para conseguirem passar

nos concorridos concursos vestibulares das instituições de ensino superior públicas gratuitas”, afirmou.

Hermes Figueiredo citou um estudo realizado pelo Semesp que estimou quanto o Estado brasileiro poderia arrecadar caso fossem cobradas mensalidades dos alunos ingressantes nas IES públicas, considerando os mesmos critérios de elegibilidade do aluno no FIES. “Esse estudo revelou um potencial de arrecadação de aproximadamente R$ 10 bilhões por ano, o que poderia financiar cerca de 1 milhão de alunos a mais no ensino superior, o que não é pouca coisa”, concluiu.

O 19º FNESP teve início nessa quinta-feira (28) e irá até amanhã, sexta-feira (29), apresentando uma série de palestras e debates com o objetivo de inspirar um sistema educacional transformador no país por meio de exemplos reais que  trouxeram resultados em todo o mundo. Promovido pelo Semesp – Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior, o evento contará com especialistas do Canadá, Dinamarca, Finlândia e de países da América Latina, além de mantenedores e gestores de ensino superior do Brasil.