Veja como aproveitar melhor as diferentes aplicações tecnológicas para ter uma gestão mais eficiente e apropriada à estrutura da instituição

Por Filipe Jahn

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Ter uma boa estrutura de tecnologia da informação (TI) é atualmente um requisito básico e fundamental para que uma instituição de ensino superior possa prestar com eficiência o serviço educacional oferecido, desde o atendimento aos alunos, administrativa e academicamente, passando pelas condições de trabalho de professores e colaboradores, até o controle e planejamento da gestão institucional propriamente dita. De maneira geral, o setor de tecnologia é o principal responsável por permitir que um campus disponibilize equipamentos e programas, tanto para o acesso à internet como de comunicação em rede para todos os seus membros e departamentos.

Porém, mesmo que a tecnologia esteja obrigatoriamente presente em todo o ensino superior brasileiro, problemas de implantação ou atualização de recursos, equipamentos ou sistemas ainda persistem quando o assunto é informatização. Suporte não condizente com o tamanho do campus, descompasso entre estrutura tecnológica e projeto pedagógico, falta de treinamento ou inabilidade de uso são apenas alguns dos problemas que poderiam ser evitados com um bom planejamento de TI aliado à gestão e missão institucional.

O especialista em gestão tecnológica da educação Gley Xavier aponta que é comum encontrar tanto situações em que a implantação de um sistema não atende à demanda, quanto o contrário. “Sei de muitas entidades que foram atrás do que há de melhor no mercado, de última geração, e acabaram adquirindo algo que foi pouco utilizado”, comenta.

Mas seja pelo exagero ou pela carência, a consequência da aquisição impulsiva costuma gerar sempre, além de reclamações e um atendimento ineficiente, o dano financeiro. Por isso a importância da estruturação de um sistema de TI ser elaborada a partir de um planejamento de implantação. Através dele é possível estabelecer, além de prazos e custos, os objetivos desejados com a inovação.

Primeiros passos
Para produzir um bom planejamento, o ideal é começar levantando dados da organização, como a quantidade de departamentos, funcionários e alunos, além de uma avaliação das demandas que o sistema de TI deve atender. Sobre esse último ponto é importante observar também o perfil almejado.

Algumas instituições focam suas missões em questões que podem exigir mais ou menos recursos. Aquelas direcionadas para áreas como educação a distância, engenharia e que desenvolvem pesquisas no campo da tecnologia, por exemplo, precisam de equipamentos e programas mais avançados do que as com foco nas ciências humanas.

Apesar de a noção parecer óbvia, a falta desse entendimento formalizado em um plano bem estruturado é o que acaba contribuindo para a ocorrência de equívocos no momento da implantação e a enxurrada de prejuízos posteriores. Os gestores precisam saber quais as competências da instituição e pelo quê ela quer ser reconhecida, e fazer essas diretrizes chegarem também ao setor de TI. Assim é possível acompanhar melhor as oportunidades de investimento.

Para tanto, a área da pedagogia precisa auxiliar o departamento de TI, expondo necessidades, dificuldades e intenções de cada curso. Na opinião de Gley Xavier, ainda que essa aproximação possa enfrentar dificuldades no diálogo e conflitos de visões, ela é extremamente necessária para alinhar bem tecnologia e educação. “Muitas vezes, por falta de vontade das duas partes, as soluções tecnológicas não favorecem a razão de existir da entidade: educar”, complementa o especialista.

Todo profissional de TI dentro do ambiente acadêmico precisa entender que é um prestador de serviço a atender uma outra atividade-fim, portanto não deve priorizar o atendimento de suas próprias demandas. Já o corpo docente esse sim deve compreender que a demanda essencial é gerada por ele, assim, precisa acompanhar o projeto desde o planejamento até a efetiva implantação, além de ter um sensível conhecimento a respeito da tecnologia a ser disponibilizada.

O especialista em redes e professor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Glaidson Verzeletti, acredita que se cada profissional entender qual é o seu papel, reunir docentes e profissionais de TI para implantar um projeto, seja ele qual for, passa a ser algo natural. “A colaboração e o bom relacionamento são dois dos principais desafios para implantar uma estrutura de TI em uma     instituição de ensino superior”, completa. Um ponto a ser colocado no planejamento, que também pode ajudar a evitar as disputas e conflitos de interesses, é um organograma que formalize toda a estrutura do setor e as relações de subordinação.

Ambiente seguro
Um dos itens mais importantes do planejamento, que ajuda a evitar tanto danos financeiros quanto institucionais, é o que aborda as políticas de segurança – como a permissão de acesso a sites duvidosos, download de arquivos ilegais ou outros casos mais graves de vazamento de informações ou invasão do sistema (veja quadro na página 22). Os procedimentos a serem adotados para evitar quaisquer tipos de prejuízo variam de acordo com a situação.

Paralelamente, é importante oficializar um processo de conscientização e prever o que se pode e o que não se pode acessar nos computadores da instituição, promovendo a restrição de acesso a determinados tipos de arquivos e sites. Uma ação fundamental é manter uma solução corporativa de antivírus. Assim, o setor de TI pode trabalhar de forma proativa para evitar grandes contaminações, além de rastrear se a infecção ocorreu de forma propositada ou acidentalmente.

Todas essas situações exigem uma monitoração, feita apenas por usuários autenticados. O uso de computadores de acesso comum, como é o caso dos laboratórios de informática, deve ser controlado por um funcionário que exija a identificação dos usuários, e preferencialmente o local deve ser também equipado com câmeras de vigilância. “Com estas poucas medidas já é possível identificar e rastrear as pessoas que fazem mau uso da tecnologia”, atesta o especialista em segurança tecnológica da Symantec, Gustavo Leite.

Acompanhamento
Já quando o planejamento está implantado e a estrutura montada, o grande desafio para a instituição de ensino é a elaboração de indicadores históricos e, a partir daí, atualizar com frequência equipamentos e equipe profissional. O objetivo é obter um mapeamento de quais programas e equipamentos estão sendo mais ou menos utilizados, assim como por quais razões.

As novidades apresentadas pelo mercado também devem ser observadas e avaliadas de acordo com o feedback e os princípios estabelecidos pelo planejamento, o que pode ser alterado ou melhorado. E isso inclui a capacitação dos profissionais do setor de TI.

Nesse caso, a dificuldade costuma ser acompanhar o ritmo atual das inovações tecnológicas sem comprometer o orçamento ou entrar em modismos passageiros. Para Glaidson Verzeletti, uma boa opção é observar a tendência que grandes corporações estão seguindo, pois geralmente indicam algo que veio para ficar e que vai ser exigido do profissional em pouco tempo.

Por outro lado, para evitar o desperdício em gastos com o treinamento dos profissionais, sempre que possível, deve-se optar por uma solução que ofereça o treinamento já incluso. Outra boa prática para não ter despesas desnecessárias é treinar um profissional e utilizá-lo como replicador de conhecimento para os colegas de setor.

O especialista Gley Xavier afirma que, ao contrário do que possa parecer, saber quais tecnologias estão disponíveis e o que elas podem trazer de benefício é geralmente algo simples. Na opinião do especialista, o melhor negócio é oferecer uma estrutura que seja sempre uma aliada da educação “A tecnologia melhora e agiliza tudo, mas a educação, se não planejada, pode aumentar expectativas e frustrações, agilizando a bagunça para o caos”, conclui.

 

Na mira da pirataria
 Com o desenvolvimento do Brasil nos últimos anos, o país se tornou a quarta nação do mundo com o maior número de ameaças virtuais. Só no ano passado foram 5,5 bilhões de ataques, indicou um relatório da empresa de segurança na internet Symantec. Além disso, o setor educacional tem se tornado um dos principais alvos. A pesquisa indica que se um documento a cada 211 que trafegam na internet é vírus, essa proporção vai para um a cada 165 quando se analisa apenas o que pertence a empresas de educação.  Segundo o especialista da Symantec Gustavo Leite, as instituições superiores precisam estar atentas também às ações indevidas que acontecem nos próprios laboratórios e equipamentos. “Hoje a empresa costuma ser corresponsabilizadas por qualquer ação. Ela precisa estar de olho para não ser penalizada”, explica.

 

Ambiente virtual
 Com o avanço da educação a distância no ensino superior do Brasil (já são 992 mil alunos matriculados, segundo dados do Censo de 2012), especialmente por causa das inovações tecnológicas, as discussões sobre as melhores formas de oferecer uma estrutura e ensino de qualidade estão ganhando cada vez mais espaço.Nesse sentido, além de uma equipe de qualidade, uma das escolhas mais importantes se refere ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) que será utilizado. É através desse software que o aluno pode recolher e enviar arquivos, entrar em contato em tempo real com colegas e professor e conseguir ser avaliado.Já existem diversos exemplos no mercado, gratuitos e pagos, e a escolha deles depende do tamanho do serviço desejado. Enquanto alguns oferecem somente o espaço, há empresas que apresentam uma série de ferramentas relacionadas, como aplicativos para celulares e tablets. “O ideal é envolver profissionais de TI, professores e gestores na decisão, e também colocar as intenções no planejamento de implantação”, comenta o especialista em gestão tecnológica da educação Gley Xavier.