Pesquisa mostra aumento na participação das instituições particulares de ensino superior para a formação dos trabalhadores com graduação em São Paulo

Antonio Carlos Santomauro

Os 73% de participação das instituições particulares nas matrículas de ensino superior ante o percentual de 27% de alunos presentes na rede pública universitária se refletem no mercado de trabalho numa proporção ainda maior, com 93% dos colaboradores de nível superior empregados em empresas de São Paulo sendo provenientes de uma faculdade privada. O índice é destaque da quarta edição da pesquisa Formação Acadêmica dos Profissionais, realizada pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp).

A pesquisa, publicada recentemente em encarte especial produzido pelo Semesp, foi realizada entre agosto e setembro de 2012, com 1.422 entrevistas envolvendo profissionais de nível superior de 406 grandes, médias e pequenas empresas sediadas em São Paulo e representativas das 15 regiões administrativas do estado, totalizando 80 cidades nas quais há instituições de ensino superior privadas ou públicas. Ao se confrontar os novos dados com os resultados da primeira edição do levantamento, realizado em 2001, percebe-se ainda um significativo aumento dos percentuais de egressos do segmento privado alçados aos postos mais elevados das empresas, como gerência, diretoria e principalmente presidência (veja tabela abaixo).

Na análise de Luiz Edmundo Rosa, diretor de Educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), o elevado índice de empregabilidade dos egressos de instituições privadas se deve ao fato de essas instituições geralmente estarem mais abertas ao relacionamento com empresas. O setor privado de educação acaba assim mais apto a estabelecer ambientes de aprendizado ricos, capazes de fortalecer em seus alunos outras competências importantes, como empreendedorismo e capacidade de se relacionar, inovar e realizar. “Muitas escolas públicas resistem à aproximação das empresas, empobrecendo o desenvolvimento dos estudantes: isso vai prejudicá-los quando se candidatarem a empregos sem estarem prontos”, compara Rosa.

Um exemplo disso é o aconselhamento da multinacional de recrutamento de talentos Michael Page. Quando a empresa instrui jovens no processo de escolha do local onde cursarão seu ensino superior, enfatiza a importância da aproximação com as empresas e não coloca nenhuma informação sobre a preferência por um curso público ou pago. Para Rosa, atualmente, qualidade de ensino não é prerrogativa do ensino público. “Houve melhoria do ensino privado no Brasil nos últimos anos”, salienta o diretor da ABRH.

Os números da pesquisa comprovam a preocupação das instituições privadas com a qualidade do ensino e com a empregabilidade dos estudantes. Para Denise Sawaia Tofik, consultora educacional da Humus, a empregabilidade dos egressos é de grande interesse das instituições porque constitui um diferencial relevante no concorrido mercado do ensino superior brasileiro. “Além disso, as avaliações institucionais do Ministério da Educação hoje começam a considerar também a empregabilidade dos egressos”, complementa.

Avaliações múltiplas
A pesquisa revela ainda a elevada participação de colaboradores oriun­dos do ensino superior particular nos escalões compostos por profissionais com menos tempo de formados: 99% dos estagiários e trainees e 96% dos profissionais em nível de analistas são egressos das instituições privadas.

Na faixa de profissionais com idade entre 20 e 24 anos, por exemplo, 98% dos colaboradores provêm do ensino privado, enquanto que, segundo o Censo da Educação Superior de 2011, 84% dos alunos com até 24 anos das instituições de ensino superior do Estado de São Paulo concluíram o curso na rede privada.

Para Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, números como esses reafirmam a qualidade do ensino superior brasileiro. Ou melhor: “Mostram que essa qualidade segue evoluindo”, ressalta Capelato.

A pesquisa aponta que 82% dos egressos de instituições privadas de ensino superior avaliam que o curso realizado superou ou igualou suas perspectivas no mercado profissional. O estudo mostrou ainda as principais razões de escolha pelo curso superior e que o preço tem pouca influência na decisão. Nota-se um amadurecimento nesse processo pelo privilégio concedido a critérios como vocação pessoal e abertura de oportunidades profissionais.

Para 82% dos entrevistados – independentemente de serem egressos do ensino privado ou do público –, o curso superior abriu mais oportunidades, ou ao menos tantas oportunidades quanto eles imaginavam. Esse índice sobe entre os profissionais que ocupam os níveis de presidência e diretoria, e cai ligeiramente entre os profissionais mais jovens e entre aqueles alocados em funções de execução e análise.

Diz a pesquisa que uma parcela expressiva dos entrevistados já fez (15%), está fazendo (24%) ou tem interesse em fazer (24%) algum curso depois da graduação. Entre os profissionais que fizeram ou estão fazendo outro curso, a maior parte optou por cursos de pós-graduação (61%) e MBA (13%), e quase todos (97%) recorreram a cursos oferecidos por instituições privadas. Já entre os profissionais que pretendem fazer pós-graduação ou MBA, a intenção de realizar tais cursos em instituições privadas atinge 92%.

182_42-a

182_42-b